Opinião

A Mecânica da Inovação Corporativa (Parte 2): Inovação 360© e a Segunda Lei de Newton

LUIZ CASTANHEIRA POLIGNANO*

A “inovação corporativa” gradativamente tem sido incorporada ao dicionário estratégico das empresas. Em momento anterior tratamos de sua semântica, conceituando a INOVAÇÃO 360© como o somatório de todas as inovações empreendidas por uma organização, assim como a força resultante de Newton é o somatório das forças vetoriais aplicadas a um corpo. O entendimento do significado da inovação é o primeiro passo para implementá-la, o segundo é compreender os fatores que potencializam sua adoção. Esse ensaio trata desse passo, fazendo analogia à Segunda Lei de Newton.

O ecossistema de inovação no Brasil vem amadurecendo. Não são poucas as empresas criadas a partir de novos conhecimentos e de tecnologias emergentes. Também se nota a inquietude de empresas tradicionais na corrida pela transformação de seus negócios. A ebulição vivenciada se deve a uma convergência de fatores, dentre os quais destacam-se:

A transformação tecnológica, que viabiliza a entrega de novas soluções;
A mudança do perfil do cliente, que estimula o surgimento de novos modelos de negócios;
A retração da demanda interna, que obriga empreendedores a serem criativos; e
A mudança no perfil dos investidores brasileiros, que buscam negócios rentáveis.

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Empresas, empreendedores e a nova geração de profissionais estão em busca de alternativas que facilitem sua (re) inserção nesse novo ambiente de negócios, potencializando o êxito e reduzindo os riscos da jornada da inovação empreendedora.Os ganhos com a inovação corporativa serão potencializados, e seus riscos mitigados, se compreendermos os fatores que influenciam a qualidade do ambiente interno inovativo e os elementos que compõem o ambiente de inovação além das fronteiras organizacionais.

De um lado, é necessário preparar a empresa para inovar. Os fatores determinantes da inovação, tanto os organizacionais (estratégia, competência, cultura, métricas e recursos), quanto os processuais (processo de inovação, portfólio, informação, gestão de equipe e gestão de projetos) são a massa organizacional que torna a empresa robusta e pronta para inovar.

Por outro lado, além de preparada, a empresa precisa ser estimulada. As conexões dos projetos com os diferentes atores do ecossistema (atores políticos e reguladores, da sociedade, fornecedores e clientes, etc) aceleram o ciclo de desenvolvimento, potencializando o êxito e reduzindo possíveis equívocos do empreendimento.

A analogia da inovação 360© com a Segunda Lei de Newton pode ser visualizado na figura ao lado.Na física Mecânica, força é descrita como sendo uma grandeza capaz de modificar o estado ou direção de movimento de um determinado corpo. Isaac Newton, com a Segunda Lei de Newton, demonstrou que a intensidade de uma força é o produto da massa de um corpo pela aceleração a que está submetido.

De maneira análoga, a inovação corporativa é uma grandeza capaz de modificar o estado ou a direção de movimento de uma determinada organização. Assim, abusando da licença poética, a intensidade da inovação 360© é o produto da massa organizacional (fatores determinantes que sustentam a capacidade de uma organização construir a inovação) pela aceleração de relações positivas com o ambiente externo (conexões com os diversos atores do ecossistema).

O sucesso da inovação corporativa depende da estruturação dos dois ambientes (intra e interorganizacional). Tornar o ambiente intraorganizacional robusto e não conectar com o ecossistema é o mesmo que trabalhar a inovação fechada, dificultando a relação com o mercado e obstaculizando a conquista de aliados externos. Do contrário, acelerar a construção do ambiente interorganizacional e não estar preparado para inovar é o mesmo que colaborar com a inovação aberta de terceiros, dificultando a conversão de relações positivas em ganhos inovativos para si próprio.

Diz o ditado que “em terra de cego, que tem um olho é rei”. No ambiente de negócios inovadores, contrariando o dito popular, para ser rei é necessário ter os dois olhos bem abertos.

*Sócio-diretor da DMEP

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