Embrapa desenvolve projeto em Abaeté
A transferência de tecnologias entre as empresas pesquisadoras e os produtores rurais tem proporcionado resultados positivos no campo. Em Minas Gerais, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Milho e Sorgo (Embrapa Milho e Sorgo), com sede em Sete Lagoas, desenvolveu um projeto para implantação do sistema Integração Lavoura e Pecuária (ILP) em uma fazenda de Abaeté, também na região Central. Com a aplicação da tecnologia, o resultado foi o ganho em produtividade e a redução dos custos. A expectativa é que mais produtores se interessem pelo sistema e invistam na implantação. O sistema de Integração Lavoura e Pecuária (ILP) é uma estratégia sustentável de produção que combina a produção agrícola com a pecuária. O sistema permite a exploração do solo durante o ano todo, alternando na mesma área lavouras e pastagem. Como resultado haverá a produção de grãos, de forragens conservadas e de pastagens de boa qualidade. O projeto desenvolvido na Fazenda Granja Santana, em Abaeté, foi viabilizado por meio de parceria entre a Embrapa, a Cooperativa dos Produtores Rurais de Abaeté e Região (Cooperabaeté) e o Sicoob Credioeste. O analista e coordenador do projeto na Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa, escritório de Sete Lagoas, Sinval Resende Lopes, destaca que os produtores e técnicos da região passaram por diversas capacitações antes do início do projeto, incluindo dias de campo, palestras e cursos. Nestes eventos, foram abordados temas fundamentais para que os produtores e técnicos se capacitassem e conseguissem aplicar no campo os conhecimentos. Entre os temas tratados estavam: o controle biológico, ILP, diagnóstico ambiental e climatológico de Abaeté, a importância da escolha das espécies e cultivares na sucessão para diversificação de renda, controle integrado de parasitas em bovinos de leite, manejo e conservação do solo, captação de águas superficiais de chuvas através do sistema de barraginhas, entre outros. Na unidade acompanhada pelos profissionais da Embrapa, foram implantados em uma área de pastagem degradada cultivares do sorgo forrageiro BRS 658 e a Brachiaria brizantha BRS Paiaguás, ambas cultivares desenvolvidas pela Embrapa. Logo na colheita da primeira safra, os resultados do plantio consorciado foram positivos. De acordo com o levantamento da Embrapa, a produtividade de silagem de sorgo alcançou 48 toneladas de massa verde por hectare. Em relação à Brachiaria, em plena seca, no mês de maio, o capim ainda estava em condições de pastejo e apresentava bom porte, na faixa de 40 centímetros, garantindo o pasto por maior tempo para o rebanho bovino. Renovação – “O sistema ILP é muito eficiente. Além de produzir uma maior quantidade de silagem para a entressafra, o sistema contribui para a renovação da pastagem que estava degradada. Isso é importante por ampliar a oferta de pasto no período mais seco, demandando os mesmos recursos para a suplementação do rebanho com ração”, explicou Lopes. Na pecuária de leite, foi verificado aumento de 10% na captação diária de leite. “Notamos que a área em que foi implantado o sistema de integração forneceu pasto de alta qualidade durante o outono e parte do inverno, período que normalmente os bovinos são alimentados em coxo e ocorre aumento dos custos”, disse Lopes. Parcerias – Com os resultados positivos, a expectativa é de que mais produtores se interessem pela produção consorciada. A Embrapa já está em negociação com o Sindicato Rural de Pompéu, na região Central, e o Sicoob CrediLuz para implantar o sistema. Lopes explica que a formação de parcerias entre a Embrapa e as entidades ligadas ao produtor rural são importantes por permitir que as pesquisas desenvolvidas pela empresa cheguem ao campo. “Esta aproximação permite que os conhecimentos gerados pela Embrapa possam ser plantados pelos agricultores em forma de tecnologia e informação a cada ano, buscando resolver os problemas do campo e tornando o produtor mais eficiente. O cenário futuro pede a construção de um agronegócio mais eficiente, mais resiliente e multifuncional. O desafio de ampliar a oferta de alimentos, sem dúvida alguma, precisará de uma agricultura e de uma pecuária acompanhada de ciência”.
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