Negócios

Itaú entra na disputa no micronegócio

São Paulo – O Itaú Unibanco lançou ontem a POP Credicard, adquirente de cartões de crédito com ênfase em microempreendedores e pequenas empresas, em um contra-ataque a rivais como o PagSeguro, que cresceram rapidamente com ofertas como isenção de mensalidade e taxas menores a lojistas. O serviço, mais simplificado do que o oferecido pela marca master do Itaú Unibanco, a Rede, será vendido por 12 parcelas de R$ 29,90. Isento de mensalidade, o serviço cobrará taxa por operação de 1,99% nas compras pagas com cartão de débito e de 3,98% no crédito. A iniciativa ocorre em meio à efervescência do mercado brasileiro de meios de pagamento, em que a gradual abertura liderada pelo Banco Central (BC) tem levado à entrada de dezenas de novos players, quebrando o outrora duopólio da Rede (ex-Redecard) e da Cielo (ex-Visanet), controlada por Bradesco e Banco do Brasil (BB). Concorrência agressiva – Para ganhar mercado, concorrentes de menor porte têm baixado agressivamente os preços que cobram dos lojistas, muitas vezes isentando-os do aluguel dos terminais de pagamento e reduzindo o MDR (taxa por operação). Com estruturas mais desenhadas para atender grandes varejistas, as líderes Cielo e Rede têm enfrentando, nos últimos anos, uma combinação de perda de participação de mercado e declínio das margens de lucro, especialmente no chamado baixo varejo, que tem o maior potencial de crescimento no País. Com o POP Credicard, o Itaú Unibanco tenta, ao mesmo tempo, ser competitivo nas taxas e garantir uma lucratividade adequada. Para isso, os clientes receberão obrigatoriamente os recursos da venda em D+1 no caso de compras pagas com cartão de débito e em D+2 nas pagas com cartão de crédito, o que garante ao banco uma receita financeira com antecipação dos recebíveis. “O produto foi pensado para, ao mesmo tempo, atender à necessidade específica de um público que precisa ter os recursos da venda de forma mais imediata, mas também dar uma rentabilidade condizente com o banco”, disse a jornalistas o presidente da Rede, Marcos Magalhães. Expectativa de venda – As vendas do produto começam na próxima sexta-feira (20), em uma campanha publicitária estrelada pela cantora Ivete Sangalo. A expectativa do banco é vender de 100 mil a 150 mil terminais de pagamento Pop Credicard a lojistas ainda neste ano. O processamento dos pagamentos será feito pela First Data, que também é adquirente de cartões e especializada no segmento de pequenas empresas, mas, nesse caso, atuará apenas como prestadora de serviços. Pelos cálculos do Itaú Unibanco, só cerca de 20% do segmento de microempreendedores e pequenas empresas aceita receber pagamentos com cartões, o que o torna bastante atrativo para planos de expansão. Esse mercado, segundo Magalhães, movimenta cerca de R$ 350 bilhões por ano. A iniciativa do Itaú Unibanco de criar uma empresa específica para atender microempresários difere da usada por Bradesco e BB para a Cielo, que preferiram vender em suas agências bancárias terminais de pagamentos com marca dos próprios bancos. Com o POP Credicard, o Itaú Unibanco também se antecipa a discussões em andamento no BC, que quer reduzir de D+30 para D+2 o prazo padrão que os adquirentes levam para repassar os valores das vendas aos lojistas. A autoridade monetária também definiu um teto para taxas cobradas sobre compras pagas com cartões de débito e planeja fazer o mesmo no cartão de crédito.

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