Dólar avança e se reaproxima dos R$ 3,90
São Paulo – O dólar fechou ontem com alta firme e terminou no maior nível em mais de um mês, perto dos R$ 3,90, com a situação da Turquia mantendo a aversão ao risco nos mercados globais, em especial nos de países emergentes. O dólar avançou 0,86%, a R$ 3,8973 na venda, maior preço desde os R$ 3,9344 de 5 de julho. Na sexta-feira, a moeda já havia subido 1,59%. Na máxima de ontem, foi a R$ 3,9297 e, na mínima, a R$ 3,8782. O dólar futuro avançava cerca de 1,1%. “A preocupação se refere à exposição de bancos da zona do euro aos títulos turcos. Isso mesmo com o banco central turco estabelecendo medidas emergenciais”, afirmou, em relatório, o economista-chefe do Home Broker ModalMais, Alvaro Bandeira. A lira turca registrou novamente forte baixa frente ao dólar no pregão, já tendo recuado mais de 40% neste ano, devido às preocupações com a influência do presidente turco, Tayyip Erdogan, sobre a economia, suas repetidas solicitações por taxas de juros mais baixas e o agravamento dos laços com os Estados Unidos. Ontem, o banco central turco diminuiu as taxas de depósitos compulsórios para os bancos e se comprometeu em fornecer liquidez necessária para os bancos e tomar todas as medidas necessárias para manter a estabilidade financeira, mas o mercado seguia nervoso. “Os investidores se preocupam com o eventual risco sistêmico, que pode deflagrar o contágio e uma consequente crise financeira”, escreveu o Banco Confidence, em relatório. Leia também: Com alta de 1,28%, Ibovespa inicia semana em recuperação Governo se diz pronto para volatilidade Mercados emergentes – O temor de que a crise turca pudesse se espalhar pelos países emergentes fez com que o dólar subisse frente às moedas desses países, com destaque para o rand sul-africano e o peso mexicano. O peso argentino também despencou ante o dólar, influenciado não só pela situação da Turquia, como também por denúncias de corrupção envolvendo políticos e empresários, o que obrigou o Banco Central do país a elevar os juros a 45% na sessão, de 40% antes. “Não esperamos que a alta dos juros da Argentina seja o começo de uma série de aumentos de taxas dos bancos centrais de emergentes. A Argentina é um dos poucos emergentes que compartilham vulnerabilidades semelhantes à Turquia”, escreveu o economista para mercados emergentes da empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics, Edward Glossop, em relatório. Em relação ao real, houve ajuste de posições depois que a moeda norte-americana bateu a máxima do dia, com alguns investidores vendendo e levando a divisa para a mínima, mas o movimento foi curto e logo ganhou tração novamente com a notícia da alta dos juros na Argentina. Com a agenda doméstica esvaziada, os investidores mantiveram o foco na cena eleitoral interna, nesta semana em que os candidatos à Presidência têm de registrar suas candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 2,16 bilhões do total de US$ 5,255 bilhões que vence em setembro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral. “Não acredito que o Banco Central vá intervir no câmbio por meio de novos leilões de swap. Trata-se de um movimento global, não uma ação isolada e sem volume”, justificou o diretor de operações da Mirae, Pablo Spyer, ao comentar a alta do dólar de R$ 3,75 no começo de agosto, para R$ 3,91 na sessão de ontem.
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