Economia

Produção mineira caiu em dezembro

A produção industrial em Minas Gerais mostrou acentuado recuo em dezembro, sentindo o efeito sazonal do mês, quando ocorre desaceleração das encomendas para o Natal. Segundo a Sondagem Industrial divulgada ontem Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em dezembro o índice de produção chegou a 39 pontos, com retração de 8,9 pontos na comparação com novembro, quando foi de 47,9. O índice varia de 50 a 100, com valores abaixo de 50 mostrando queda. Por outro lado, a sondagem apontou uma elevação da expectativa para os próximos seis meses, com todos os indicadores referentes a essa avaliação ficando acima dos 50 pontos.

A gerente de economia da Fiemg, Daniela Britto, analisa que a situação atual da indústria ainda reflete o fraco desempenho da economia em 2018, enquanto a elevação da expectativa para os próximos meses está atrelada à agenda econômica do atual governo.

Quanto à situação atual, a sondagem apontou queda de 2,4 pontos na evolução no número de empregados: em novembro, o indicador estava em 48,8, passando para 46,4 em dezembro, apontando queda no emprego. A utilização da capacidade instalada em relação à usual mostrou certa estabilidade, ficando em 41,3 pontos em dezembro, contra 41,5 no mês anterior. Mas, como permanece abaixo da linha de 50 pontos, mostra ociosidade no parque industrial.

Em dezembro, o indicador de estoques de produtos finais ficou em 48 pontos, com queda de 1,1 frente a novembro (49,1). Mesmo com a queda, houve acúmulo indesejado de estoque, mostrando descompasso entre demanda esperada e realizada. Mas o índice de estoque efetivo em relação ao planejado caiu 0,9 ponto na passagem de novembro (51,4) para dezembro (50,5).

Sazonalidade – Daniela Britto explica que dezembro é um mês de forte sazonalidade, marcado pela queda das demandas de Natal. Essa desaceleração repercute no nível de produção e nos estoques. Além disso, os indicadores refletem as dificuldades enfrentadas em 2018. “Não temos alterações no quadro atual da indústria. Os indicadores ainda são ruins e refletem a dificuldade de recuperação vivenciada durante todo o ano de 2018”, diz.

Por outro lado, segundo Daniela Britto, a sondagem e outras pesquisas da Fiemg mostram um salto na perspectiva dos empresários da indústria para os próximos seis meses.

Segundo a sondagem, os empresários esperam avanço da demanda por seus produtos, com esse índice atingido 59,1 pontos em janeiro, mostrando aumento de 1,4 no comparativo com dezembro (57,7). Esse é o terceiro aumento seguido. Com isso, o índice de expectativa de compras de matéria-prima nos próximos meses chegou a 56,8 pontos em janeiro, tendo alta de 1,5 ponto frente a dezembro (55,3). O indicador de expectativa de evolução no número de empregados apontou avanço de 1,6, chegando a 53,2 pontos em janeiro.

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Investimentos – Por outro lado, o índice de intenção de investimento ficou em 55,1, mostrando queda de 2,2 pontos. Ainda assim, segundo a Fiemg, o índice está acima da média histórica de 46 pontos.

A gerente de economia da Fiemg considera que a alta na variável sobre a decisão de contratar é especialmente importante, porque mostra uma confiança maior por parte do empresariado, que está disposto a assumir uma despesa com folha de pagamento.

Ela explica que há previsão de crescimento de 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB) e, caso a agenda econômica do governo de Jair Bolsonaro (PSL) for colocada em prática, esse número pode aumentar. A principal proposta, segundo Daniela Britto, é a reforma da Previdência, medida que pode ampliar a confiança e atrair investidores. “O ritmo acelerado de crescimento da dívida pública em função do déficit fiscal crescente afugenta investidores, pois gera desconfiança da capacidade do governo brasileiro honrar seus compromissos”, explica.

Também fazem parte dessa agenda simplificação tributária, o que pode melhorar a competitividade da indústria; melhoria no ambiente de negócios; investimentos em infraestrutura e educação.

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