Minas do Ouro, Minas do Brasil
Marcos Mandacaru*
Chegou a hora do pacto do Brasil por Minas. Chegou a hora de o Brasil entender e reconhecer o papel histórico de Minas na formação política e econômica do nosso País.
O ouro das Minas fez o Brasil maior que sua metrópole Portugal, antes mesmo da independência. Caso único no mundo. O ouro e o diamante mudaram a capital do Brasil, do Nordeste para o Sudeste, conectando a Coroa Portuguesa a Vila Rica (Ouro Preto) e ao Arraial Tijuco (Diamantina), pela Estrada Real. Nossa riqueza financiou a revolução industrial na Inglaterra, criou a primeira classe média intelectualizada do Brasil, em Ouro Preto, maior cidade das Américas no século XVIII, e abriu o Brasil para o pensamento iluminista por meio dos inconfidentes.
Após o ciclo do Ouro, Minas precisou se reinventar no século XIX. O minério de ferro foi a alternativa principal, com ajuda técnica dos ingleses, aliada ao primeiro surto de industrialização, puxada pela primeira indústria têxtil do Brasil, a Cedro Cachoeira, fundada em 1872 – ainda em operação. Foi o minério de ferro responsável pela revolução (tardia) industrial do Brasil. Se Vargas pôde negociar com os EUA a instalação de uma siderúrgica no Rio de Janeiro, não foi pela beleza das praias fluminenses, mas sim pela abundância da matéria-prima nas Minas Gerais. Hoje, Minas Gerais produz quase metade do aço do Brasil, sendo o único estado produtor de aço inoxidável da América do Sul.
Chegou a hora do novo salto. Toda a riqueza mineral moldou nossa economia e sociedade, deixando legados importantes, mas muita dor e sofrimento também. A economia do Estado não pode mais depender da mineração, mas pode usá-la para o salto de qualidade essencial para a diversificação econômica necessária para o desenvolvimento de Minas e do Brasil.
Minas, hoje, tem a faca e o queijo na mão para ser o estado Gourmet, da Inovação e da Cultura. Sem concorrer ou tirar nada de outro estado. Temos aqui a maior rede de universidades federais, inclusive a melhor delas, a UFMG, que é líder no quesito inovação e geração de patentes. Não é por acaso que Belo Horizonte tem atraído grandes centros de pesquisa e desenvolvimento, como Google, Embraer e Csem, além de ter o melhor ecossistema de startups do Brasil. Não só BH, o interior está rico em preciosidades inovadoras: Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Uberlândia, Juiz de Fora, etc. Somos o segundo estado mais industrializado, mas é hora de agregar valor e inovar em escala global.
Se os brasileiros redescobrirem Minas, suas potencialidades e sua capacidade de integrar o País, em torno de uma causa maior, que é o desenvolvimento de todas as regiões do Brasil, poderemos iniciar um novo ciclo de prosperidade.
- Especialista em atração de investimentos e negócios internacionais
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