Interdição da BR-356 causa transtornos

Brasília e São Paulo – A Rodovia BR-356, que dá acesso a Itabirito, Ouro Preto e Mariana, na região Central, foi interditada em função do risco do rompimento de barragens da Vale.
De acordo com a Polícia Militar Rodoviária, a liberação do trecho – que vai do km 35, altura da Lagoa das Codornas, ao km 50, em Nova Lima – depende de um laudo técnico sobre a situação da barragem Vargem Grande.
O risco de rompimento da barragem mantida pela mineradora Vale, que fica em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foi registrado na tarde de quarta-feira (20). Quando as sirenes tocaram a rodovia foi interditada e moradores da região retirados de suas casas.
Os motoristas que seguem de Belo Horizonte para as três cidades afetadas estão usando rotas alternativas. Uma delas, segundo agentes rodoviários, é uma estrada de terra.
Com as chuvas na região, motoristas têm enfrentado dificuldades e os veículos mais pesados, como caminhões, estão sendo desviados para outros trechos levando mais tempo para chegar ao destino. Um dos acessos alternativos é a Estrada Real, mais estreita e com pouco acostamento.
Na última quarta-feira, 75 moradores de áreas próximas a cinco barragens construídas pelo método a montante nas cidades de Ouro Preto e Nova Lima foram retirados da região para a desativação de empreendimentos “a montante”, determinada pela Agência Nacional de Mineração (ANM)
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Suspensão – A Vale informou que a regional da ANM determinou a suspensão imediata das atividades dos complexos de Fábrica e de Vargem Grande para evitar “eventuais gatilhos para modos de falha por liquefação” das barragens Forquilha I, Forquilha II, Forquilha III, Grupo e Vargem Grande.
Em comunicado na noite de quarta-feira, a mineradora destacou que atendeu imediatamente à determinação, mas irá entrar com recurso junto à Diretoria Colegiada da ANM para realizar desmonte mecânico via trator e manter as operações das usinas de concentração e pelotização, “o que levará a impactos limitados nos volumes de produção, cujos valores serão informados assim que estimados”.
“Cabe ressaltar que a interrupção das operações de desmonte por explosivo e a introdução de desmonte mecânico via trator nas minas próximas já faziam parte dos planos de descomissionamento das barragens a montante e serão desta forma antecipadas.”
Na véspera, a Vale já havia anunciado a realocação de mais de 100 pessoas que vivem no entorno dessas cinco barragens. No caso da mina de Fábrica, contudo, esperava manter a produção através do processamento a seco, com uma perda de produção estimada em 3 milhões de toneladas em 2019.
Ainda em janeiro, a mineradora aprovou investimentos de R$ 5 bilhões para acabar com suas barragens a montante, o mesmo sistema utilizado na estrutura que se rompeu em Brumadinho e deixou centenas de mortos.
Para a desmontagem das barragens em Minas Gerais, a Vale estimou uma redução de 40 milhões de toneladas/ano na capacidade de produção de minério de ferro, mas disse que compensaria parte dessas perdas com aumento da produção em outros sistemas produtivos.
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