Opinião

Olavistas versus militares

Olavistas versus militares
Crédito: Reprodução

José Eloy dos Santos Cardoso *

Olavistas versus militares que estão no governo. Eis a questão. Se Olavo de Carvalho ajudou mesmo de fora do Brasil com seus artigos e entrevistas publicadas nos jornais e emissoras de TV a eleger Jair Bolsonaro em outubro de 2018, palmas para ele como estrategista eleitoral.

No entanto, passadas as eleições e não fazendo parte do governo, ficar criticando os militares que estão no poder não ajuda nada o País. Se não tem condições de ajudar, não deveria continuar a fazer uma guerra que não interessa a ninguém.

O que existe no momento é uma perplexidade enorme entre a população brasileira, políticos, analistas, jornalistas e outros mais quando começam a ver que uma pessoa que se diz “amiga” do presidente e de um de seus filhos está mesmo é prestando um grande desserviço ao Brasil ao colocar o que comumente chamamos de “gasolina onde já existe fogo” ou “mais lenha na fogueira”. Todas as pessoas, sem exceção, merecem críticas ou elogios. Depende da hora de criticar ou de elogiar.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Recentemente, o ex-comandante do Exército Brasileiro general Eduardo Vilas Bôas escreveu e publicou nos jornais uma contundente crítica a Olavo de Carvalho. Escreveu e assinou o seguinte manifesto:

“Mais uma vez, o senhor Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às Forças Armadas, demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e de um mínimo de humildade e modéstia”.

Acontece que um escritor que vive nos Estados Unidos, embora seja “amigo” de um dos filhos do presidente, não deveria, salvo melhor juízo, colocar mais gasolina e materiais combustíveis onde já existe fogo. Se a fogueira pegar para valer no Brasil, com certeza, não se sentirá culpado da situação. Bolsonaro já está cansado de dizer “o Brasil acima de tudo, e Deus acima de todos”.

O presidente acaba de ser um ganhador em uma pesquisa BTG Pactual que alcançou pelas apurações 20% de ótimo, 39% bom e 27% regular. Estatísticas são estatísticas, mas o presidente vai aos trancos e barrancos tentando fazer algo pelo Brasil. Como só tem 4 meses de governo, é preciso se esperar mais, pelo menos um ano, para fazermos uma avaliação daquilo que está bom e daquilo que está ruim.

É necessário que a imprensa ajude o Brasil não dando tanta atenção aos ataques feitos por Olavo de Carvalho a algumas pessoas que estão no poder. Querendo ou não, estamos todos navegando no mesmo barco. Suportar tempestades é obrigação de qualquer bom marinheiro navegador. O barco joga para lá, joga para cá, joga para frente, joga para trás. Só não pode ir a pique porque, dentro dele, estará a totalidade da população brasileira. Segundo Bolsonaro, tanto militares quanto olavistas pertencem a um mesmo time que está jogando uma importantíssima partida e sem a ajuda do VAR.

Jogando essa partida difícil, por enquanto, o marcador está em zero a zero. Nenhum jogador é um Pelé nos seus bons tempos. Temos coisas mais importantes para discutir no Brasil. Os jogadores não têm tanto tato político ou prestígio junto à mídia. Estão pagando um preço alto por isso e, qualquer penalidade máxima mal batida, já é motivo para uma pequena parte da torcida que sempre torce contra vaiar o juiz. No presente caso, o juiz é o presidente Jair Bolsonaro, que, apesar de estar conduzindo a partida com competência, sempre terá que ser protegido para não levar pedradas de uma pequena parte da torcida. Ninguém deve torcer para o juiz terminar a partida por motivo de indisciplina ou falta de energia elétrica aos 45 minutos do primeiro tempo.

*Professor e jornalista

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas