Economia

Produção industrial despencou 10,9% no País, após alta de 0,8%

Rio de Janeiro e São Paulo – A produção da indústria brasileira encolheu em maio pelo ritmo mais forte em quase uma década e desde a crise financeira mundial, interrompendo o ímpeto recente em consequência da greve dos caminhoneiros que prejudicou a economia do País no segundo trimestre. Em maio, a produção da indústria despencou 10,9%, depois de alta de 0,8% em abril, estabilidade em março e avanço de 0,1% em fevereiro. O resultado divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o pior desde a queda de 11,2% vista em dezembro de 2008, ápice da crise financeira internacional. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a produção apresentou queda de 6,6%, contra projeção de recuo de 11,5%, resultado mais fraco desde outubro de 2016 (-7,3%) e que interrompeu doze meses consecutivos de taxas positivas. “Em maio, a greve causou efeito disseminado em quase todos os ramos. O que vimos foram problemas de abastecimento de matéria-prima, escoamento da produção e muitas empresas que não conseguiram ter a mão de obra disponível”, explicou o gerente da pesquisa, André Macedo. “Com essa queda de maio e possível efeito de junho, joga-se o segundo trimestre para o fundo e, consequentemente, o semestre também”, completou Macedo, lembrando ainda que junho sofrerá os efeitos da Copa do Mundo, que reduz as horas trabalhadas. A pressão em maio partiu principalmente da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, com queda 29,8%, de produtos alimentícios, com perdas de 17,1%. Entre as categorias econômicas, a produção de bens de consumo duráveis despencou 27,4% em maio e a de semiduráveis e não duráveis caiu 12,2%, ambas registrando o pior resultado da série iniciada em 2002. “O setor mais afetado foi o de duráveis, especialmente de automóveis, que ficou sem matéria-prima e teve problemas para escoar a produção, que ficou parada em estoque, reduzindo o nível de atividade”, disse Macedo. Quanto aos bens de capital, que são uma medida de investimento, houve redução de 18,3%, enquanto os bens intermediários registraram queda de 5,2% no mês. Confiança – A greve dos caminhoneiros no final de maio paralisou o abastecimento de combustíveis, alimentos e outros insumos no País, prejudicando a atividade econômica e abalando ainda mais a confiança tanto do empresariado e quanto dos consumidores em um momento de incertezas relacionadas à eleição presidencial de outubro. Em junho, a confiança da indústria apurada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) caiu para o menor nível desde o início do ano, com as avaliações sobre a situação atual mostrando forte deterioração devido aos efeitos da greve dos caminhoneiros. As expectativas para o crescimento da economia neste ano foram reduzidas e já chegam a 1,55%, ante 3% há poucos meses. O próprio Banco Central cortou com força sua projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano a 1,6%, sobre 2,6%, citando, entre outros, os efeitos da paralisação dos caminhoneiros. Setores – A queda registrada pela atividade de veículos em maio ante abril foi a mais acentuada desde janeiro de 2012, quando encolheu 32,7%. A perda foi recorde, porém, nos setores de alimentos e bebidas (-17,1%), que registraram os recuos mais acentuados da série histórica iniciada em 2002. Outras quedas relevantes foram de celulose, papel e produtos de papel (-13,0%), produtos de minerais não metálicos (-14,3%), produtos de borracha e de material plástico (-10,5%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-15,4%), outros produtos químicos (-5,6%), produtos de metal (-10,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-11,7%), metalurgia (-4,2%), máquinas e equipamentos (-5,3%), produtos de madeira (-15,1%), outros equipamentos de transporte (-13,8%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-10,8%) e couro, artigos para viagem e calçados (-9,8%). Apenas os ramos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (com aumento de 6,3%, impulsionado pelo óleo diesel) e de indústrias extrativas (com alta de 2,3%, puxada pelo minério de ferro) registraram avanços na produção em maio ante abril.

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