Ritmo lento da economia trava a expansão do comércio em MG

Mesmo em ritmo mais lento, o comércio de Minas Gerais inaugurou 524 lojas entre janeiro e julho de 2019, frente às 565 abertas em igual intervalo de 2018. Segundo o levantamento sobre varejo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a estimativa é fechar o ano com pouco mais de 1.000 estabelecimentos abertos 2019.
A projeção, apesar de menor que a registrada em 2018, é considerada positiva e vem contribuindo para a geração de empregos no Estado. A recuperação lenta da economia é um dos fatores que tem travado a expansão. A expectativa é que o ritmo de abertura em 2020 seja maior.
De acordo com o estudo, no primeiro semestre de 2019, a abertura líquida de lojas com vínculos empregatícios somou 524 unidades em Minas Gerais, o que representou uma queda de 7,25% frente às 565 abertas no primeiro semestre de 2018. Já na comparação com o segundo semestre de 2018, quando foram inaugurados 544 estabelecimentos, a retração ficou em 3,67%.
Segundo o economista da CNC, Fábio Bentes, com base nos dados da série histórica, que começou no segundo semestre de 2014, este foi o quarto saldo positivo registrado em Minas Gerais. No período entre o segundo semestre de 2014 e o primeiro semestre de 2017, o fechamento de lojas estava maior que a abertura. A partir do segundo semestre de 2017, com a melhoria da economia, o Estado inverteu o resultado.
“No segundo semestre de 2015, período mais crítico da crise econômica, foram fechadas, em Minas Gerais, 8.792 lojas. A partir daí, o número começou a ficar menos negativo e no segundo semestre de 2017, com o processo de recuperação da economia e do consumo, a abertura somou 563 unidades. No Estado, temos registrado uma média de 500 a 600 novas lojas por semestre desde então. Embora tenhamos, em Minas, um número maior de aberturas do que de fechamento, o saldo gerado nos últimos dois anos, foi de apenas 2,2 mil lojas abertas. Olhando o período mais severo da crise, 2014 a 2017, foram fechadas cerca de 25 mil lojas, ou seja, o Estado ainda não recuperou nem 10% das lojas que foram fechadas”, disse.
Para o segundo semestre de 2019, a previsão é abrir entre 500 e 600 lojas no Estado, o que somaria mais de 1.000 lojas inauguradas no ano.
“É um dado positivo e, se alcançado, será o segundo ano de crescimento do número de lojas do varejo, mas, o ritmo está abaixo do obtido em 2018. Esse ano, vai abrir um pouco menos porque a economia tem apresentado uma dificuldade muito grande de engrenar um ritmo mais forte de crescimento. Exemplo disso é que a previsão de crescimento da economia em 2019 é inferior a 1% e no ano passado cresceu 1,1%”.
Bentes explica ainda que com a economia travada, o consumo das famílias também tende a ser menor.
Próximo ano – Já para 2020, as estimativas são mais favoráveis. De acordo com Bentes, todo o cenário para 2020 está baseado na aprovação de reformas, principalmente, a tributária. Ele explica que o governo tem adotado medidas para baratear as operações do setor produtivo como um todo, através das reformas e da MP da Liberdade econômica.
“Para se ter uma ideia, no Brasil, uma empresa média gasta cerca de 1.900 horas por ano só para cuidar de problemas tributários. O Brasil lidera o ranking, sendo a Bolívia o segundo país com cerca de 1.000 horas. Na verdade, as medidas tradicionais de recuperação da economia estão barradas pelos nossos problemas crônicos que são a burocracia e no custo Brasil. O governo tem tentado destravar a economia com ajuste fiscal e redução dos juros. Isso tende a fazer com que o varejo comece 2020 com condições melhores que 2019, dessa forma, podemos ter uma surpresa positiva no ano que vem”.
Confiança do consumidor melhora
São Paulo – A confiança do consumidor brasileiro melhorou em setembro e alcançou o maior patamar desde março, com o começo da liberação de saques do FGTS, mostraram dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgados ontem.
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 0,5 ponto, para 89,7 pontos, o maior nível desde março (91,0 pontos). Apesar de “tímido”, o resultado do mês sucede alta de 1,1 ponto no mês anterior, “produzindo uma discreta tendência ascendente no terceiro trimestre”, disse a FGV em nota.
“A alta da confiança do consumidor em setembro foi influenciada pelo maior ímpeto em relação às compras nos próximos meses, tendência que parece estar diretamente relacionada ao início da liberação de recursos do FGTS”, afirmou a coordenadora da sondagem, Viviane Seda Bittencourt.
Ela apontou, contudo, que, a despeito da melhora, o resultado mostra “certa fragilidade” com relação à continuidade dessa recuperação, considerando a queda nos demais indicadores que integram o ICC e a volatilidade apresentada pelo indicador de compras nos últimos meses.
Em setembro, a satisfação em relação ao momento atual piorou enquanto as expectativas em relação aos próximos meses melhoraram, diferentemente do que aconteceu nos dois meses anteriores.
O Índice de Situação Atual (ISA) recuou 1,3 ponto, para 77,4 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) avançou 1,5 ponto, para 98,7 pontos, se mantendo em patamar abaixo do nível neutro de 100 pontos pelo sexto mês consecutivo.
Nas avaliações dos consumidores sobre a situação atual, o indicador que mede o grau de satisfação com a economia caiu 0,5 ponto, para 82,3 pontos, após três altas consecutivas.
Inflação – A expectativa de inflação dos consumidores brasileiros para os próximos 12 meses ficou estável em setembro, em 5,1%, o menor nível desde agosto de 2007 (5%). Na média dos primeiros nove meses do ano, as expectativas ficaram em 5,2%, o menor nível para o mesmo período desde o início da série, em 2006. As informações forma divulgadas pela FGV.
“Além do comportamento benigno do IPCA nos últimos meses, a ausência de choques significativos durante as primeiras semanas de setembro contribuiu para a estabilidade da expectativa de inflação dos consumidores. Destacamos o nível da mediana dos consumidores com renda familiar mensal acima de R$ 9,6 mil, que agora se encontra em 4%, no patamar mínimo da série histórica e abaixo da meta oficial de inflação para este ano, de 4,25%”, afirma a economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV.
Analisando a frequência da inflação prevista por faixas de respostas, a parcela dos consumidores que projetam valores dentro dos limites superior e inferior da meta de inflação para 2019 (entre 2,75% e 5,75%) aumentou, de 57,8% em agosto para 60,1% em setembro, a maior dos últimos seis meses. Enquanto isso, a proporção de consumidores projetando valores acima da meta de inflação para 2019 diminuiu 3,0 pontos percentuais (p.p.), para 53,6%, a menor nos últimos seis meses.
Na análise por faixas de renda, a maior queda em setembro nas expectativas medianas para a inflação nos 12 meses seguintes ocorreu entre as famílias com renda familiar mensal entre R$ 4,8 mil e R$ 9,6 mil, cuja expectativa mediana diminuiu 0,2 p.p., para 4,7%, retornando ao mesmo nível registrado em fevereiro desse ano. Para os consumidores de renda entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil, houve alta no valor na mesma magnitude, para 5,8%, mantendo-se estável em médias móveis trimestrais (5,7%). (Com informações da Reuters)
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