Negócios

Equatorial arremata Cepisa por R$ 95 milhões

São Paulo – A Equatorial Energia arrematou ontem a Cepisa, distribuidora de eletricidade da Eletrobras responsável pelo fornecimento no Piauí, ao apresentar a única proposta pela empresa, com pagamento de um bônus de outorga de R$ 95 milhões ao Tesouro e R$ 45,5 mil à estatal. Apesar da falta de competição no leilão realizado na sede da bolsa paulista B3, o resultado foi comemorado pelo governo federal e pela Eletrobras, uma vez que a Cepisa é fortemente deficitária, assim como outras cinco distribuidoras da estatal que atuam no Norte e Nordeste, que também devem ser vendidas. A realização da licitação, para a qual outros grupos haviam chegado a demonstrar interesse, também superou temores de decisões judiciais que pudessem paralisar o processo, em meio a uma forte oposição de sindicatos de trabalhadores e partidos de esquerda aos planos do governo e da Eletrobras para as privatizações. Na prática, o lance da Equatorial, que já controla distribuidoras no Maranhão e no Pará, ainda significará uma redução de 8,5% nas tarifas praticadas pela Cepisa, o que deverá entrar em vigor em 45 dias após a transferência do controle da elétrica. Pelo regulamento do leilão, venceria a disputa pela empresa quem oferecesse a maior combinação entre redução das tarifas e bônus de outorga. As regras também preveem que a Equatorial precisará fazer um aporte de cerca de R$ 720 milhões na Cepisa e assumir as dívidas da empresa. Dívida – De acordo com o edital preparado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o leilão, a Cepisa fechou 2016 com dívida de R$ 1,68 bilhão. Na ocasião, a distribuidora acumulava R$ 1,5 bilhão em prejuízos em um período de cinco anos. O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, disse que a privatização da Cepisa e das demais distribuidoras da Eletrobras no Norte e Nordeste acabará com uma situação de “apartheid energético”, uma vez que essas regiões deverão ver melhorias na qualidade com a entrada de empresas com mais capacidade de investir nas elétricas. Já o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, viu o resultado do leilão como “muito positivo”, principalmente porque os consumidores também deverão ser beneficiados com redução das tarifas e melhores serviços. Ele apontou ainda ter confiança na capacidade de a Equatorial entregar melhorias na Cepisa, após a empresa ter conseguido melhorar índices de qualidade nas distribuidoras que controla no Maranhão e Pará. A Cepisa e a Ceal, do Alagoas, eram consideradas como as mais atrativas para investidores entre as distribuidoras que serão colocadas à venda pela Eletrobras. Agora, as elétricas que atuam no Acre, Amazonas, Roraima e Rondônia têm leilão agendado para 30 de agosto, embora o sucesso na venda das empresas seja apontado por muitos como associado à aprovação de um projeto de lei em discussão no Senado, que resolve passivos delas junto a fundos do setor elétrico. Apenas a Ceal ainda não tem data para ser vendida, devido a uma decisão judicial do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), que proibiu a privatização da empresa após uma ação movida pelo governo alagoano.

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