Negócios

Preços e demanda favorecem a Vale

Rio de Janeiro – A escassez no mercado global de minério de ferro de alta qualidade, como o produzido pela Vale, garante à mineradora um ambiente de estabilidade para um desempenho adequado em qualquer condição nos próximos trimestres, disse ontem o diretor-presidente da companhia, Fabio Schvartsman. Segundo ele, os preços do minério de ferro seguem firmes, em linha com as expectativas da empresa, mesmo diante de notícias de guerra comercial, fazendo referência às disputas globais travadas entre as gigantes economias norte-americana e chinesa. “Com relação aos impactos da guerra comercial, é importante enfatizar que a gente crê que não existe qualquer impacto relevante sobre a Vale derivado disso no horizonte previsível”, afirmou Schvartsman, em teleconferência com analistas de mercado que acompanham a maior produtora e exportadora global de minério de ferro. “Existe uma sobreoferta de outros minérios e existe uma escassez dos minérios produzidos pela Vale, que garantem para a Vale um desempenho adequado em qualquer condição. Então precisaria de fato um cataclisma para que isso mudasse.” O executivo ponderou que “declarações de obstáculos ao comércio internacional” têm trazido oscilações importantes para muitos minérios, mas não para o minério de ferro, que é o carro-chefe da Vale, devido à demanda pela commodity com maior teor de ferro e menos impurezas, principalmente na China, maior importador global. Para ele, essa situação reafirma a confiança de que, “em cenários normais, temos uma probabilidade muito grande de que os preços fiquem razoavelmente ancorados onde eles estão”. No segundo trimestre, o prêmio de qualidade no preço de finos de minério de ferro realizado da Vale atingiu um recorde de US$ 7,1 por tonelada no período, compensando uma queda de US$ 9 por tonelada no valor do minério de ferro no período. Estoques – A empresa seguirá aumentando levemente os estoques de minério de ferro no exterior, ao longo do segundo semestre, com alta de 4 milhões a 5 milhões de toneladas, mas já aponta para uma certa estabilidade em 2019, explicaram executivos. A ideia é permitir que os estoques fiquem mais próximos de seus clientes. Os chamados “Brazilian Blend Fines”, uma mistura de minérios da Vale que garantem maior teor de ferro, com baixos níveis de impurezas (como alumina e fósforo), serão em 2019 o produto de maior volume da companhia, segundo o diretor-executivo de Minerais Ferrosos e Carvão, Peter Poppinga. A Vale relatou na noite de quarta-feira lucro líquido de R$ 306 milhões no segundo trimestre, mas o resultado poderia ter superado R$ 7 bilhões, não fosse o efeito contábil das flutuações cambiais, em um período que a empresa qualificou como “extraordinário” para seus negócios. Analistas de mercado consideraram o resultado da empresa positivo. “Vemos a Vale agora como uma empresa mais previsível que antes, menos suscetível às oscilações do mercado e mais bem preparada para seguir seu caminho rumo à perpetuidade”, disse o BB Investimentos em relatório a clientes. A Vale anunciou ainda um programa de recompra de US$ 1 bilhão, além do dividendo mínimo de US$ 2,05 bilhões para o primeiro semestre de 2018. “Vemos isso como o começo do que deve ser o maior ciclo de dividendos da história da Vale”, disse a corretora XP Investimentos. Prêmios – Schvartsman pontuou que a expectativa é que o prêmio permaneça crescente, devido ao aumento da produção da mina S11D, em Canaã dos Carajás, no Pará, de alta qualidade. A respeito do S11D, Poppinga ressaltou que é preciso “desmistificar um medo que o pessoal tem no mercado de que haverá uma sobreoferta de Carajás”. Poppinga explicou que a empresa está completamente sobrevendida em Carajás, inclusive de volumes ainda não produzidos, e que a produção está ainda sendo destinada a segmentos que não são tradicionais no mercado transoceânico, como o Leste Europeu. Além disso, destacou que o minério do S11D também está sendo utilizado na fabricação de pelotas e para envio à Índia. A Vale reduziu sua dívida líquida para US$ 11,519 bilhões em 30 de junho, queda de US$ 3,382 bilhões com relação a 31 de março. Samarco – Sobre a joint venture Samarco, o executivo disse que um plano de negócios sobre a mineradora está sendo finalizado, o que poderá dar maior clareza sobre o futuro da companhia, que está há quase três anos sem produzir após o rompimento de uma de suas barragens em 2015. No entanto, ele ponderou que o retorno da empresa depende de licenciamentos ambientais, cujos prazos não são controlados por companhias. A Samarco pertence à Vale e a anglo-australiana BHP Billiton.

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