Lucro da Usiminas no 1º semestre recuou 51%
Mesmo impactada pela variação cambial, por efeitos não recorrentes e pela greve dos caminhoneiros, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) apurou lucro líquido de R$ 138 milhões no primeiro semestre deste ano. O resultado, porém, foi 51% inferior ao lucro do mesmo intervalo de 2017 (R$ 284 milhões). A siderúrgica confirmou que fará um reajuste de 10% no preço do aço ao longo do terceiro trimestre e continua estudando possibilidades para seu braço de mineração, a Mineração Usiminas (Musa). “Fechamos o semestre com lucro e este resultado foi impactado pela desvalorização cambial, que só no segundo trimestre teve um efeito de R$ 150 milhões no lucro. Então, o resultado é bom, na medida em que estamos melhorando os números ano a ano, de forma consistente, apesar do cenário de catástrofe da economia nacional no período”, afirmou o presidente da Usiminas, Sergio Leite, em entrevista ao DIÁRIO DO COMÉRCIO. Outro impacto não recorrente no semestre, lembrou Leite, foi de autuações do estado do Rio Grande do Sul em função de apropriações de créditos presumidos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), com provisionamento no valor de R$ 62,4 milhões. Segundo o presidente da siderúrgica, descontado somente estes dois efeitos o lucro do semestre saltaria para a casa dos R$ 350 milhões, o que seria um resultado consistente. Leite afirmou, ainda, que os reflexos da greve dos caminhoneiros, na última semana de maio, não foram sentidos na produção, mas sim no faturamento do segundo trimestre e na entrega de mercadorias a clientes, o que colaborou para aumentar os estoques de aço nas unidades da companhia em 80 mil toneladas ao final de junho. “O impacto foi que não conseguimos escoar produtos. Foram cerca de 100 mil toneladas de aço não escoadas e entregues para clientes, o que afeta o faturamento. Conseguimos reduzir este estoque em junho, mas encerramos o segundo trimestre com estoques de aço acrescidos de 80 mil toneladas. Então, o reflexo da greve foi no despacho de produtos e no faturamento. Vamos recuperar isso agora no terceiro trimestre”, disse o chief executive officer (CEO) da Usiminas. Para a companhia, a paralisação nas estradas também mostrou a necessidade de ampliar as opções de logística para escoamento de produção e chegada de insumos. “Tem o frete de abastecimento e o de escoamento. O de abastecimento somos nós quem pagamos e, sobre o de escoamento, estamos trabalhando para otimizar nossos modais de logística, com maior participação de ferrovias, e também estamos estudando opções de cabotagem no escoamento dos materiais”, revelou Leite, fazendo duras críticas ao tabelamento do frete pelo governo federal, como resposta às reivindicações dos caminhoneiros. Reajuste – “Tabela de fretes mínimos é um absurdo. A indústria já está posicionada sobre isso e o cidadão brasileiro também está sendo impactado. Vamos repassar aos clientes esse reajuste no frete”, pontuou. Segundo Leite, o reajuste da ordem de 10% no preço do aço pela companhia havia sido anunciado para maio, mas exatamente em função da greve dos caminhoneiros, a siderúrgica adiou o aumento, que será aplicado, no mesmo patamar (10%), para todos os produtos neste trimestre. Produção e vendas – A produção de aço bruto pela companhia ficou em 1,5 milhão de toneladas no primeiro semestre, praticamente em linha com a do mesmo período de 2017. Já as vendas totais do produto cresceram 8%, em volume, de janeiro a junho deste ano, chegando a 2 milhões de toneladas. A receita líquida da siderúrgica chegou a R$ 6,4 bilhões no semestre, 31% maior do que nos mesmos meses de 2017 (R$ 4,9 bilhões). O mercado externo ganhou participação no faturamento líquido, passando de 12% nos seis meses inicias de 2017 para 18% no mesmo período de 2018. “Em termos de volume, vendemos até menos para o exterior, mas, em termos de preço, atingimos um patamar melhor porque o preço do aço subiu no mercado mundial e o impacto disso é em real. Foram dois aspectos que fizeram a participação do mercado externo aumentar: os preços e o câmbio favorável às exportações”, explicou Leite. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia fechou o primeiro semestre em R$ 1,1 bilhão, o que aproxima a siderúrgica do patamar de Ebitda de R$ 600 milhões nos dois últimos trimestres, conforme Leite, uma conquista galgada desde o segundo trimestre de 2016, quando a companhia focou na geração e melhora dos resultados financeiros.
DESTINO DA MUSA AINDA É INDEFINIDO
Na Mineração Usiminas, que tem suas reservas de minério friável previstas para se esgotarem em 2025, a Usiminas já está fazendo os estudos para desenvolver o Projeto Compactos, que inclui investimentos em unidades para processar um outro tipo de minério presente no ativo. Entretanto, segundo o presidente da siderúrgica, Sergio Leite, nenhuma decisão sobre o projeto será tomada agora, já que faltam praticamente sete anos para as reservas do minério friável se exaurirem. “Temos uma reserva de minério friável que deve se esgotar de 2024 para 2025. Para continuar, temos que fazer um investimento para usar outro tipo de minério que requer uma operação diferente do friável, que é o minério compacto. Esse projeto está transcorrendo normalmente. Os estudos estão em andamento”, explicou. Segundo Leite, do momento da tomada de decisão até o projeto entrar em operação são aproximadamente dois anos, o que coloca ainda de quatro a cinco anos de sobra até o esgotamento dos friáveis. “Não precisamos tomar nenhuma decisão agora”, confirmou o presidente da Usiminas, descartando ainda, que a empresa de mineração tenha recebido propostas de possíveis compradores e que notícias contrárias “são meras especulações”. Leite lembrou que o ativo minerário foi adquirido pela siderúrgica em 2008, quando a capacidade era de 4 milhões de toneladas de minério ao ano. Após uma série de melhorias operacionais, a capacidade aumentou para 8 milhões de toneladas por ano. Depois, com o Projeto Friáveis, que entrou em operação em 2012, a capacidade já foi para 12 milhões de toneladas anuais, que é a atual. A Musa entregou para o conglomerado uma produção de 2,6 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro semestre, um crescimento de 97%, quase o dobro, em relação ao mesmo período de 2017. As vendas, incluindo os negócios com sua controladora, com terceiros e no exterior, aumentaram 151% na mesma comparação.
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