Agronegócio

Chineses visitam Minas de olho em novos negócios no setor agropecuário

Chineses visitam Minas de olho em novos negócios no setor agropecuário

Uma comitiva chinesa formada por representantes do setor agropecuário da província de Shandong foi recebida pela secretária de Agricultura, Ana Valentini, na quarta-feira (27). O objetivo da visita foi conhecer a produção dos principais produtos exportados por Minas Gerais ao país, a exemplo da soja, açúcar e carnes.

Além disso, os chineses solicitaram informações sobre o trabalho de defesa sanitária animal e vegetal realizado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), pesquisas desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e ações coordenadas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), instituições vinculadas à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

Nos últimos dez anos, a China saiu do sétimo para o primeiro lugar no ranking de países importadores de produtos do agronegócio mineiro. Dos US$ 7,9 bilhões exportados em 2018, US$ 1,95 bilhão – o que representa 24% da participação de mercado – foram para o país asiático. No acumulado deste ano, de janeiro a outubro, as exportações já registram US$ 1,57 bilhão.

No comparativo de 2018 com 2019, houve incremento nas exportações de carne bovina (18%), frango (74%), açúcar (166%) e couro bovino (71%) para a China. Segundo o subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Seapa, João Ricardo Albanez, a meta agora é incluir o café nesta lista. “Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, respondemos por 52% da produção nacional, e ficaríamos muito felizes se vocês substituíssem o chá pela nossa bebida”, sugeriu.

Albanez também apresentou outros destaques mineiros na produção nacional, como a batata (1º lugar), alho (1º), leite (1º), feijão (2º), cana-de-açúcar (2º) e a laranja (3°). Mesmo não compondo a cesta das maiores produções do estado (6° lugar), a soja é o principal item exportado para a China.

Assim como Minas Gerais, Shandong possui uma produção agropecuária expressiva. A província ocupa 6% do território chinês, totalizando uma área de 159 mil quilômetros quadrados, e a população estimada é de 100 milhões de habitantes, distribuídos em 16 municípios. Responde por 24% das exportações do agronegócio do país, sendo os principais produtos as carnes de coelho e frango, amendoim, frutas e verduras.

Um dos gargalos, apontou Tang Jian Jun, secretário de Agricultura de Shandong, é o elevado custo de produção. “A produção da nossa carne de frango é 30% mais cara do que a do Brasil. Nos falta matéria-prima para a fabricação de ração, como o milho e outros cereais”, exemplificou.

Defesa sanitária Outra preocupação compartilhada pelos integrantes da comitiva foi com relação ao surto de peste suína africana na China, que surgiu em agosto de 2018 e obrigou criadores a abaterem mais de 1 milhão de animais. Em volume, representa mais do que o triplo que o Brasil produz por ano.

O diretor-técnico do IMA, Bruno Rocha, apresentou as ações de defesa sanitária do Estado, ligadas à prevenção, controle e erradicação de doenças em animais e vegetais. De acordo com ele, Minas Gerais possui reconhecimento nacional pelo efetivo controle sanitário que possui. O estado é considerado livre das principais doenças que acometem o mundo, especialmente em relação aos animais de produção. “O Brasil é um país livre da peste suína desde 1984”, garantiu o diretor-técnico.

Oportunidades – A recente habilitação pela China de novos frigoríficos para exportação de carne suína brasileira animou os produtores mineiros. Mesmo Minas estando fora da lista, a gerente da Associação de Suinocultura de Minas Gerais (Asemg), Bianca Costa, aposta no aumento das vendas. “Como os estados do Sul estão exportando, deixam de vender para Minas e isso melhora o preço para o produtor. Hoje, o custo de produção do quilo de suíno vivo está na faixa de R$ 3,50 e o preço de venda, em média, R$ 6”, comemora.

O presidente da Federação Mineira de Apicultura (Femap), Cézar Ramos, ressaltou a importância da reunião e disse que “a China é um mercado promissor para os produtos apícolas”. “As exportações têm crescido, há interesse dos produtores mineiros em exportar e dos empresários chineses em comprar, especialmente a própolis verde. Porém, temos enfrentado barreiras comerciais impostas pelo governo chinês, que, acredito eu, passam a ter grande possibilidade de serem revistas depois deste encontro”, aposta.

O secretário de Agricultura Tan Jian Jun compartilhou que os hábitos de consumo dos chineses estão mudando, e que acredita que a demanda por café e queijo vai aumentar nos próximos anos.  “Ficamos muito impressionados com tudo o que nos foi apresentado. Nossa intenção é nos aproximarmos mais dos mineiros, por meio de intercâmbios para compartilhamento de informações técnico-científicas e da intensificação do comércio entre Shandong e Minas Gerais”. (Com informações da Agência Minas)

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