Economia

Dólar fecha perto de R$ 4,26 com efeito coronavírus

Dólar fecha perto de R$ 4,26 com efeito coronavírus
Receio do mercado é que as medidas para conter a propagação do vírus afetem a economia chinesa - Crédito: China Daily via REUTERS

São Paulo – O dólar fechou na máxima histórica ontem, perto de R$ 4,26, depois de ter superado R$ 4,27 no pico do dia em meio a uma onda de aversão a risco nos mercados financeiros globais por temores referentes ao coronavírus surgido na China.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou ontem que a epidemia de coronavírus na China agora constitui uma emergência de saúde pública de interesse internacional, em meio a evidências crescentes do vírus se espalhando por cerca de 18 países.

A China segue como o país mais afetado. O receio do mercado é que a paralisação de diversos serviços no gigante asiático para conter a propagação do vírus provoque uma desaceleração na atividade chinesa a ponto de afetar toda a economia global.

O real até se manteve nesta sessão entre as moedas de pior desempenho, mas, diferentemente de vários pregões neste mês, operou em maior sintonia com seus pares emergentes, conforme os receios do vírus têm minado o apetite por ativos mais arriscados neste primeiro mês do ano.

Janeiro, aliás, tem sido de forte pressão no câmbio. Faltando um dia para o fim do mês, o real se desvaloriza em termos nominais 5,78% ante o dólar, a passos largos para registrar o pior desempenho para qualquer mês desde agosto passado e o mais fraco para meses de janeiro desde 2010.

Analistas argumentam que a fraqueza do câmbio neste mês decorre de uma série de fatores, entre os quais expectativa maior de queda dos juros, números piores de conta corrente e sinais de retomada mais lenta que a esperada na atividade econômica.

A “cereja do bolo” tem sido o exterior mais arisco nas últimas semanas, devido ao receio de que o coronavírus afete uma economia chinesa já em seu menor ritmo de crescimento em cerca de três décadas. A China é o principal parceiro comercial do Brasil e voraz consumidor de matérias-primas, grupo com importante peso na balança comercial brasileira.

“O coronavírus realmente está preocupando pelo canal das commodities, já que existe o medo de que a economia da China desacelere”, diz Roberto Serra, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos. “As commodities estão caindo, os termos de troca estão piorando, e temos vindo de semanas de dados ruins da balança comercial. Nada está ajudando (o real)”, completou.

O dólar à vista encerrou a sessão em alta de 0,95%, a R$ 4,2589 na venda. É o maior valor nominal da história, deixando para trás o recorde anterior de 4,2586 na venda do dia 27 de novembro de 2019.

Na máxima do dia, a moeda foi a R$ 4,2733 na venda, perto do pico intradiário de R$ 4,2785 na venda alcançado em 26 de novembro do ano passado.

Na B3, o dólar futuro de maior liquidez tinha ganho de 0,46%, a R$ 4,2505.

Exterior – No exterior, várias divisas emergentes pares do real sofriam forte desvalorização, com rand sul-africano, won sul-coreano e peso colombiano caindo entre 0,8% e 0,9%.

Apesar da força do dólar e dos patamares recordes, analistas ainda se dividem sobre a necessidade de intervenção do Banco Central no mercado de câmbio.

Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora, disse que o atual patamar do dólar está “longe” de refletir os fundamentos macroeconômicos internos e que, por isso, se faz necessária uma atuação do BC. “O mais justo seria um dólar entre R$ 3,95 e R$ 4,05, ou seja, estamos muito fora desse patamar. Acho que vale o BC dar uma acalmada no mercado”, afirmou.

Na véspera, o BC anunciou que retomaria na segunda-feira (3) as rolagens de contratos de swap cambial tradicional de contratos vincendos no próximo mês de abril. (Reuters)

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