Argentina licitará em 90 dias 2º trecho de gasoduto

Buenos Aires – A Argentina licitará, nos próximos 90 dias, a construção do segundo trecho do gasoduto de Vaca Muerta, que chegará à província de Santa Fé e possibilitará a exportação de gás para o vizinho Brasil, disse, nesta segunda-feira, o ministro da Economia do país, Sergio Massa.
A Argentina já está construindo a primeira etapa do gasoduto, que ligará a segunda maior reserva de gás não-convencional do mundo, Vaca Muerta, na província de Neuquén, com Buenos Aires. O objetivo é estendê-lo à província de Santa Fé.
“Temos a decisão nos próximos 90 dias de colocar em licitação a segunda parcela para garantir por um lado o abastecimento de Uruguaiana, mas por outro… explorar o desenvolvimento da infraestrutura para abastecer o Rio Grande do Sul”, disse Massa, em palestra junto com seu par do Brasil, Fernando Haddad.
“O desafio que temos que enfrentar juntos é que Vaca Muerta chegue ao Brasil para que os brasileiros tenham acesso ao volume de gás que precisam para o processo de desenvolvimento industrial e para que os argentinos tenham a oportunidade de exportar parte do que é nosso recurso, nossa riqueza do subsolo, que hoje está de alguma forma inexplorado ou subaproveitado por falta de infraestrutura”, acrescentou.
Governo brasileiro vai financiar gasoduto
Confira vídeo de Lula falando sobre financiamento do BNDES às relações comerciais do Brasil
A afirmação ocorre em meio à visita de Luiz Inácio Lula da Silva ao país argentino, onde o presidente afirmou, ao lado de seu par Alberto Fernández, que o governo brasileiro criará as condições para financiar o gasoduto, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Eu tenho certeza que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto, nos fertilizantes que a Argentina tem, no conhecimento científico e tecnológico da Argentina. E se há interesse dos empresários e do governo e nós temos um Banco de Desenvolvimento para isso, nós vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente puder fazer para ajudar no gasoduto argentino”, disse Lula.
Apesar da promessa, o presidente brasileiro deixa nas entrelinhas que o modelo de financiamento não está exatamente definido. Uma fonte ouvida pela Reuters revelou que o Brasil não deve voltar ao modelo anterior de financiar diretamente obras de infraestrutura em outros países, mas financiar a compra de bens de empresas brasileiras a serem usados nas obras.
O acesso ao gás argentino, no entanto, é de interesse direto do Brasil, que hoje depende em grande parte do gás boliviano. O campo de Vaca Muerta está entre os maiores campos gasíferos do mundo e poderia aliviar a dependência brasileira. (Reuters)
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