Agronegócio

Cotação do boi gordo registra uma queda de 7% no Estado

Mesmo com arroba caindo cerca de 7% e valendo R$ 250, redução não chega ao bolso do consumidor mineiro
Cotação do boi gordo registra uma queda de 7% no Estado
Haverá uma menor oferta de bezerros para a safra de 2025, o que, por sua vez, está promovendo a retomada do preço da arroba do boi gordo | Crédito: Divulgação

Os preços do boi gordo, em Minas Gerais, iniciaram o ano em queda. A retração é resultado do menor consumo, influenciado pelo poder de compras da população reduzido, e também pelo período de férias. Além disso, houve um aumento da oferta de animais de pasto que ficaram prontos para o abate. Ao longo de janeiro, os preços pagos pela arroba do boi gordo caíram cerca de 7% frente a dezembro. Na comparação com igual período do ano passado, a queda é ainda mais expressiva, de 23,3%.

De acordo com a analista de mercado da Scot Consultoria, Jessica Olivier explica que este início de ano tem sido bem complicado para a pecuária de corte. Com as chuvas mais regulares, houve uma recuperação das pastagens, favorecendo a alimentação e a oferta de bovinos prontos para o abate.

“Não só em Minas Gerais, mas, na maioria das praças é que neste início de ano há uma queda de consumo. Isso faz com que se tenha uma maior pressão da arroba do boi gordo. Colabora para esse cenário de queda de preço, o aumento da oferta de animais prontos. No início do ano temos  muito animal vindo de pastagem, e, com as chuvas essas pastagens estão muito boas. Os animais estão gordos e no ponto de abate, isso acaba gerando preços mais baixos”, explicou.

Em Minas Gerais, a arroba do boi gordo está cotada próxima a R$ 250, valor que ficou 7% frente a dezembro de 2022, quando o volume estava cotado a R$ 270. Frente a janeiro de 2021, quando a arroba estava avaliada a R$ 325,9, a queda é de 23,3%. 

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Ainda segundo Jéssica, a queda no preço internacional da carne bovina também influencia na cotação interna, reduzindo a margem das empresas que comercializam com o mercado interno. Isso afeta Minas pelo estado ter uma parcela importante da produção destinada ao mercado externo. 

Para se ter ideia, em 2022, Minas Gerais exportou 233,3 mil toneladas de carne bovina, volume 31,3% maior que em 2021. A comercialização  movimentou US$ 1,35 bilhão, superando em 55,1% o resultado de 2021. O Estado tem como principais países compradores a China (US$ 1,2 bilhão), os Emirados Árabes Unidos (US$ 66 milhões), Singapura (US$ 58 milhões) e Hong Kong (US$ 52 milhões).

“O preço da tonelada da  carne exportada está cada vez menor. Somente nas três primeiras semanas de janeiro, já vimos um recuo de 7,2% frente a igual período do ano passado, com a tonelada cotada a US$ 4.086. Tudo isso pressiona os valores. A indústria está com a margem bastante apertada em relação à exportação, então, oferece menos valor na compra do boi gordo”.

Outro fator que prejudica a formação dos preços no campo é o menor consumo, resultado da queda do poder de compras do consumidor e aumento dos preços da carne ao longo dos últimos anos.

“A gente tem visto, nos últimos dois ou três anos, um consumo pouco menor, girando de  25 quilos a 30 quilos por habitante ao ano. Antes da pandemia, o consumo per capita era de 35 quilos a 36 quilos. A redução é devido ao menor poder de compra das familias”.

Em relação aos custos, no período atual, onde a oferta de pastagem é maior, os mesmo, segundo Jessica, estão melhores para os pecuaristas. Mesmo assim, não é garantia de que ele terá uma margem positiva, uma vez que os preços estão em queda.

“Os animais terminados em pastagem, geralmente, tem custo mais barato, isso pode abrir espaço para uma margem melhor no início do ano. Mas, é importante ressaltar que os preços estão caindo. O preço a ser recebido também depende muito da questão da carcaça, se conformidade estiver legal, se tem a cobertura de gordura interessante acaba sendo valorizado”.

As expectativas para 2023 são incertas e uma recuperação dos preços ao produtor depende da alta do consumo. Apesar da redução dos preços estar acontecendo no campo desde o ano passado, a desvalorização ainda não chegou ao mercado final.

“Em 2020 e 2021, a margem dos setor foi muito prejudicada e abaixo do esperado. A pandemia provocou queda na demanda, principalmente, por parte dos restaurantes, bares e hotéis. Em 2022, com a retomada das atividades, o setor conseguiu recuperar as margens, mantendo os preços do varejo bastante firmes. O varejo tentou recuperar tudo em 2022.Mesmo com a arroba mais baixa, isso não foi repassado ao consumidor. Às vezes pode ocorrer algum repasse, mas, nada é certo ainda”. 

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