Economia

Cesta básica ficou 2,2% mais cara na Capital em abril

Valor chegou a R$ 668,96; batata e tomate foram as maiores altas do mês, com elevações de 24,85% e 8,89%, respectivamente
Cesta básica ficou 2,2% mais cara na Capital em abril
O preço da batata registrou elevação de 24,85% em abril, conforme o levantamento do Dieese | Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

A cesta básica de Belo Horizonte fechou o mês de abril custando R$ 668,96, o que representa aumento de 2,2% na comparação com o mês anterior. Porém, o valor da cesta na capital mineira apresentou redução de 3,93% no acumulado dos primeiros quatro meses deste ano ante mesmo intervalo de 2022, a maior entre as 17 capitais analisadas. Também houve queda de 3,53% frente a abril do ano passado

Os dados são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do mês de abril realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O supervisor técnico do Escritório Regional do Dieese em Minas Gerais, Fernando Duarte, destacou que essa elevação no preço da cesta básica frente ao mês de março foi puxada pela alta de alguns produtos como a batata (24,85%) e o tomate (8,89%), além do leite integral e do feijão carioquinha, cujos preços apresentaram um crescimento significativo de 5,42% e 3,14%, respectivamente.

Além desses, os outros itens importantes na cesta básica também tiveram aumento nos preços médios: pão francês (1,01%), açúcar cristal (0,90%) e banana (0,17%).

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Por outro lado, foi observado um recuo nos valores de seis produtos: óleo de soja (-5,84%), café em pó (-2,84%), carne bovina de primeira (-1,20%), farinha de trigo (-0,58%), manteiga (-0,26%) e arroz agulhinha (-0,21%).

Duarte lembra que alguns produtos possuem um peso menor no valor da cesta básica, se comparado com outros. Como é o caso do óleo de soja, que, apesar do forte recuo, não gerou grande impacto no resultado final. “Mesmo tendo uma queda bastante significativa, o óleo de soja não contribui muito para essa cesta. Já no caso da batata e do tomate, são itens representativos e que contribuem muito na alta ou queda da cesta”, explicou.

O supervisor reforçou que esse movimento de aumento no custo da cesta básica foi observado em 14 das 17 capitais brasileiras analisadas pelo departamento. “A grande maioria das capitais apresentou alta e as únicas que não tiveram foram algumas do Norte e do Nordeste. Foi um mês ditado pela alta da cesta básica”, relatou.

O supervisor informou ainda que está havendo um forte crescimento do custo dos itens de alimentação nos últimos anos. Segundo ele, esse aumento nos itens básicos pode ser observado em pesquisas relacionadas ao custo de vida. “São produtos muito significativos nos gastos das famílias de modo geral”, completou.

Apesar disso, Duarte ressaltou que é possível observar uma queda no preço da cesta nos últimos 12 meses. No acumulado em 12 meses, houve queda em sete dos 13 produtos analisados: óleo de soja (-32,03%), tomate (-22,68%), batata (-15,16%), café em pó (-10,55%), açúcar cristal (-6,37%), carne bovina de primeira (-5,80%) e banana (-4,34%). Enquanto seis registraram elevações, com destaque para o leite integral (17,80%), feijão carioquinha (16,10%) e para a manteiga (14,34%).

Duarte explicou ainda que essas reduções ocorrem dentro de um contexto de preços excessivamente elevados, a ponto de alcançar seu maior patamar no mês de janeiro deste ano, quando a cesta básica na Capital chegou a custar R$ 707,93 em termos nominais.

Cesta básica x salário mínimo

O  levantamento do Dieese ainda revelou que o preço de uma cesta básica em Belo Horizonte compromete 55,55% da remuneração total de um trabalhador que recebe um salário mínimo, considerando o desconto de 7,5% da Previdência Social. Esse resultado é 1,2 ponto percentual (p.p.) acima do registrado em março (54,35%) e 6,3 p.p. abaixo do observado no mesmo mês do ano anterior (61,85%).

Também foi apontado que para uma pessoa que recebe um salário mínimo de R$ 1.302, conseguir adquirir uma cesta básica em abril deste ano seria necessário que ela trabalhasse durante 113 horas e 2 minutos. O tempo é superior ao que era necessário no mês anterior (110 horas e 36 minutos).

Porém, esse tempo de trabalho é menor se comparado com abril de 2022, quando o salário mínimo era de R$ 1.212,00. Naquele período, o trabalhador belo-horizontino precisava de 125 horas e 52 minutos de trabalho para poder adquirir uma cesta básica.

O supervisor do Dieese concluiu que a cesta está muito cara, a ponto de um trabalhador não poder adquirir duas cestas básicas com um salário mínimo. “Hoje um trabalhador que recebe um salário mínimo líquido, contando com o desconto do INSS, compromete mais de 55% de seu rendimento para adquirir uma cesta básica”, informou.

Ele lembrou que, a partir de fevereiro de 2009, o salário mínimo passou a ter capacidade de comprar mais de duas cestas básicas em Belo Horizonte. Porém, esse poder de compra foi interrompido durante os primeiros meses da pandemia, por volta de outubro de 2020. “A partir de novembro de 2020, esse valor cai para menos de duas cestas básicas; com exceção aos meses de maio, junho e julho de 2021 quando foi possível voltar a comprar duas cestas básicas”, relatou.

Portanto, na visão do especialista, o movimento atual, que surgiu durante a pandemia e perdura até hoje, pode ser considerado como um retrocesso, se comparado com o desempenho obtido em 2009.

Duarte também explicou que é difícil determinar uma tendência para o futuro, já que existe uma série de fatores combinados que podem interferir no preço da cesta básica, como a exportação de carne e o preço do dólar.

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