Cafeicultura regenerativa é tendência
A produção de café em Minas Gerais está sempre inovando. Os cafeicultores, atentos às exigências do mercado e em busca de melhores resultados, estão investindo em uma produção mais eficiente e sustentável tanto social como ambientalmente. No Estado, os cafeicultores mantêm ativos os investimentos em melhorias e uma das tendências atuais é a cafeicultura regenerativa.
A agricultura regenerativa é uma nova forma de olhar a agricultura buscando melhorar o equilíbrio, reestruturando o solo e melhorando a biodiversidade presente.
Dentre as ações adotadas estão algumas bastante importantes, como evitar ao máximo revolver o solo e manter a cobertura vegetal com plantas que além de proteger de erosão e do calor também ajudam a atrair inimigos naturais para reduzir a incidência de pragas e doenças.
A prática busca a preservação, proteção e recuperação. O uso da cobertura vegetal entre as linhas dos cafeeiros, por exemplo, além de proteger do sol e da chuva, retém a umidade e também contribui para o equilíbrio, reduzindo a necessidade do uso de químicos para a fertilização e combate a pragas e doenças.
“O produtor é resiliente. Mesmo com diversos desafios, ele inova em busca de uma cafeicultura mais sustentável. A tendência que estamos observado é na cafeicultura regenerativa. O mercado do café está cobrando e o produtor se adaptando a essa nova forma de demanda”, disse a analista de agronegócio do Sistema Faemg/Senar, Ana Carolina Gomes.

Ainda segundo Ana Carolina, pelo programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), os produtores, de forma individual, são orientados em relação às proativas sustentáveis, incluindo a produção regenerativa.
“Já temos produtores que adotam as práticas regenerativas. Dentre elas destacamos o uso de bioinsumos, o manejo integrado de pragas, entre outros”.
Para atestar a sustentabilidade na produção de café, a Seapa e as vinculadas, certificam as unidades, que são auditadas constantemente. A ação acontece pelo Programa Certifica Minas Café.
Segundo o assessor Técnico Especial sobre Café da Seapa, Julian Silva Carvalho, o Certifica Minas estimula a adoção de boas práticas na produção de café. Os produtores devem seguir critérios de sustentabilidade socioeconômica e ambiental. também são trabalhadas melhorias na produtividade e na qualidade do grão.
“O mercado cobra pelas práticas de ESG – sigla em inglês ESG que representa a sustentabilidade ambiental, social e de governança. No Estado, trabalhamos a certificação do café, preconizando a sustentabilidade. Os produtores certificados são favorecidos, uma vez que as grandes torrefadoras mundiais pagam um diferencial pela sustentabilidade verificada”, explicou Carvalho.
Brasil é segundo mercado consumidor
O café é a segunda bebida mais consumida no mundo, atrás apenas da água. Em 2022, o Brasil, que é o maior produtor e exportador do grão, se manteve como segundo maior consumidor, atrás apenas dos Estados Unidos.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), no ano passado, foram consumidas 21,3 milhões de sacas no País, queda de 1,01% em relação ao período anterior. No período, as vendas da indústria de café foram estimadas em R$ 23,5 bilhões, um aumento de 54,6% se comparado a 2021.
A alta é justificada pela valorização de preço da matéria-prima em mais de 120%, o que impactou fortemente no custo da indústria e ocasionou em repasse ao varejo de parte deste aumento.
Em relação ao consumo nacional, o volume representou 41,8% da safra de 2022, que foi de 50,9 milhões de sacas. A analista de agronegócio da Faemg, Ana Carolina Gomes, explica que a inflação elevada e o aumento do preço do café interferem no consumo.
“O consumo retraiu muito pouco e é resultado da menor disponibilidade do grão e aumento do preço. As pessoas reduziram o volume consumido, mas não pararam de tomar café”, disse.
Mesmo com a queda, segundo a Abic, o Brasil manteve a posição de segundo maior consumidor de café do mundo. A diferença para o primeiro lugar, ocupado pelos Estados Unidos, é de 4,7 milhões de sacas.
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