Economia

Produção industrial recua 3% em Minas

Queda em abril foi a primeira registrada no Estado pelo IBGE no ano
Produção industrial recua 3% em Minas
Foto: REUTERS/Washington Alves

A produção industrial de Minas Gerais diminuiu 3,0% em abril de 2023 em relação ao mês anterior, registrando o primeiro resultado negativo do ano. A redução foi maior que a nacional quando a produção industrial caiu 0,6% frente a março. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado de Minas Gerais foi a segunda influência negativa sobre o índice nacional. Dos quinze locais pesquisados, dez tiveram redução da produção em abril, tendo Amazonas (-14,2%) e Pernambuco (-5,5%) registrado os maiores recuos, enquanto Rio Grande do Sul (2,2%) teve o maior aumento neste mês. 

De acordo com a economista do IBGE, Alessandra Coelho de Oliveira, os motivos gerais permanecem influenciando negativamente a produção industrial. “Desemprego, escassez de matéria-prima, redução de demanda, encarecimento dos insumos, juros altos e o cenário de incertezas ainda afetam estes resultados”, analisa.

Ela destaca também que o desempenho da indústria de produtos químicos e de veículos automotores foram os responsáveis pelo primeiro resultado negativo de 2023 da indústria mineira.

João Gabriel Pio, economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), explica que a redução da produção de fertilizantes na indústria química e a menor demanda de ônibus e caminhões trouxeram esse efeito negativo. “O setor de caminhões e ônibus tinha crescido fortemente no fim do ano passado em razão de mudanças na legislação de emissões. Dessa forma, as transportadoras anteciparam seus pedidos às fábricas e isso proporcionou uma queda agora”, analisa. 

Entretanto, os dados mostram que no acumulado do ano, ou seja, de janeiro a abril, Minas teve alta de 6,5%, enquanto o resultado nacional foi de retração (-1,0%). Já com relação ao mesmo mês do ano anterior (2022),  Minas Gerais também apresentou aumento da produção industrial de 2,2%, enquanto o Brasil obteve redução de 2,7%. 

Dentre as quatorze atividades divulgadas para Minas Gerais, oito apresentaram crescimento na produção industrial em relação ao mesmo mês do ano anterior. As maiores variações ocorreram em “Máquinas e equipamentos” (13,4%), “Celulose, papel e produtos do papel” (11,1%), “Produtos de borracha e de material plástico” (10,6%) e “Indústrias extrativas” (9,4%).

No sentido oposto, destacaram-se “Produtos do fumo” (-17,0%), “Produtos químicos” (-15,7%) e Bebidas (-13,4%). As atividades com principal influência no resultado positivo do Estado neste indicador são “Indústrias extrativas” e “Coque”, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis”.

Com isso, Minas apresentou a segunda maior influência positiva sobre o indicador geral

acumulado e sobre o índice relativo ao mesmo mês do ano anterior. “Mesmo com a queda de 3% do mês de abril, o Estado manteve o crescimento impulsionado, especialmente pelo setor extrativo. E, no caso da comparação com março do ano anterior, também pelo setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis”, ressalta a economista do IBGE.

No acumulado dos últimos dozes meses, a indústria nacional recuou na margem (-0,2%) e Minas Gerais teve aumento de 1,3%. 

Expectativas

O economista da Fiemg destaca que há uma evolução dos principais setores da indústria de transformação mineira desde o período pré-pandemia. “Alguns como o de alimentos; veículos; metalurgia; máquinas e equipamentos; petróleo e biocombustíveis registram, atualmente, níveis de produção acima do verificado em 2019”, pontua.

Pio acrescenta que as expectativas para 2023 são de crescimento moderado para a indústria mineira, com alternância de quedas e crescimentos menos expressivos da produção. “Por um lado, a taxa básica de juros em patamar elevado deve continuar afetando negativamente os investimentos e o consumo de produtos dependentes do ciclo de crédito. Por outro lado, o mercado de trabalho ainda aquecido e a continuidade da recuperação da renda das famílias poderão dar fôlego à atividade, especialmente no que se refere aos bens de consumo não duráveis”, conclui João Gabriel Pio.

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