Surge a marca Café da Canastra

A região da Canastra, tradicionalmente conhecida pela produção e qualidade dos queijos, vai ganhar mais uma marca que valoriza a origem. Produtores da região lançam na terça-feira, 27 de junho, a marca Café da Canastra. A estratégia tem como objetivo promover a produção da região, diferenciar e se posicionar no mercado. Além disso, haverá um fortalecimento da união dos produtores e da identidade do território.
De acordo com o presidente da Associação dos Cafeicultores da Canastra (Acanastra), José Carlos Bacili, os cafés produzidos na região têm características próprias da região, mas sem uma identidade, a precificação não valoriza as características únicas. O lançamento da marca território Café da Canastra será em Piumhi.
“Nossa região não tinha identidade. Estamos no Centro-Oeste de Minas, uma área de transição entre o Sul e o Cerrado mineiro. Nosso café, quando posicionado no mercado, era do Sul ou Cerrado. A Canastra nunca foi vista como uma região diferenciada para café e isso nos incomodava”.
Hoje, a região da Canastra é responsável por uma produção de 750 mil sacas de 60 quilos de café ao ano. A atividade é desenvolvida em cerca de 1,1 mil propriedades, ocupando uma área de 33 mil hectares plantados.
O território que a marca abrangerá é formado por 10 municípios produtores de cafés especiais. São eles: Bambuí; Capitólio; Delfinópolis; Doresópolis; Medeiros; Pimenta; Piumhi; São João Batista do Glória; São Roque de Minas e Vargem Bonita.
Segundo Bacili, os cafeicultores da região já tinham a percepção de que o café da Canastra é diferente e especial. Por isso, foi feito um estudo amplo para a comprovação dos diferenciais e para validação técnica.
Em geral, os cafés da região apresentam aroma e sabor de mel, frutas amarelas, tropicais e cítricas. A bebida tem notas de chocolate ao leite com nuances de castanha, limão-cravo e laranja. Possui ainda alta doçura com notas de açúcar mascavo e cana-de-açúcar em equilíbrio com a acidez.
“Começamos todo o trabalho em 2016, formamos a associação e fizemos a validação técnica para comprovar as características únicas. Hoje, comprovamos que é um café diferente e, isso, vai agregar valor ao produto. Nosso objetivo é ter um posicionamento no mercado, mostrando as características do café da região. Por isso, criamos a marca”.

Com a comprovação técnica e levantamento das características gerais da região da Canastra, o que confere aos grãos de café qualidades exclusivas, a Acanastra – que hoje possui 35 associados – já ingressou no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). O objetivo é conquistar a Identificação Geográfica (IG) na categoria de Denominação de Origem (DO). A estimativa é que a aprovação ocorra até o final do ano.
Os trabalhos para a divulgação da marca já serão iniciados. A ideia é despertar o interesse dos consumidores, apresentar a produção e os diferenciais.
Assim que o IG for conquistado, produtores que atenderem aos protocolos necessários – que será gerido pela Acanastra – poderão comercializar o produto com a marca regional.
A analista técnica do Sebrae Minas na microrregião de Passos, Karina Santos Rocha, explica que a criação de uma marca territorial para o café, aliada à conquista da Identificação Geográfica – que deve ser concedida ainda em 2023 – podem promover diversos benefícios para os produtores envolvidos e que atenderem aos requisitos para o uso do selo.
“A criação da marca regional e a conquista da IG trarão inúmeros benefícios para os produtores. Um dos principais é a valorização. Com a Indicação de Procedência do Queijo da Canastra, por exemplo, houve uma valorização dos preços em cerca de 200%. Isso é importante para os investimentos dos produtores em melhorias e aumento da produção”.

Karina explica ainda que a ideia é que o trabalho de caracterização não fique limitado ao queijo e ao café. Produtores da região da Canastra querem diferenciar outras iguarias como os doces, vinhos, mel, entre outros. As iniciativas também são importantes para fomentar o turismo na região, que já é forte.
“O objetivo da marca territorial é criar um guarda-chuva Canastra, com vários produtos certificados na região. A ideia é avançar para o mel, vinho, doce. Que estes produtos sejam reconhecidos e tenham a valorização do destino. Hoje, os consumidores estão cada vez mais preocupados com a origem, querem saber de onde vem, a qualidade, a sustentabilidade, se tem boas práticas, querem saber a procedência”, disse.
Com o lançamento da marca Café da Canastra, a região se torna a sétima em todo o Estado beneficiada com o trabalho do Sebrae Minas em relação ao desenvolvimento local em torno da cafeicultura.
As demais regiões contempladas são o Cerrado Mineiro, as Matas de Minas, Mantiqueira de Minas, Chapada de Minas e a Região Vulcânica. As três primeiras citadas já conquistaram a Indicação Geográfica (IG).
Ouça a rádio de Minas