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Bar do Orlando é ponto de encontro da cultura boêmia

O Bar do Orlando fica instalado no icônico bairro de Santa Tereza (região Leste), desde 1919 | Crédito: Bar do Orlando / Divulgação
Aos 103 anos, tradição se mantém no atendimento e nos típicos petiscos

Considerado o bar mais antigo de Belo Horizonte em atividade, o Bar do Orlando é passagem obrigatória para qualquer um que queira entender a cidade como a “Capital nacional dos bares”. Instalado no icônico bairro de Santa Tereza (região Leste), desde 1919, o estabelecimento resiste às “modinhas” e segue firme no propósito de atender com qualidade e simplicidade. E, por isso, o boteco raiz não poderia deixar de participar da série Mineiridade.

A história começou no início do século passado com a inauguração do Bar dos Pescadores. Às margens do rio Arrudas, em uma época em que ainda era possível pescar por lá, era um ponto de parada para a compra de anzóis e outros produtos e também para fritar os peixes, num misto de bar e mercearia.
Foi em 1980 que o estabelecimento foi comprado por Orlando Siqueira e mudou de nome. Hoje, à frente do negócio estão o filho, Orlandinho, e a nora, Maria Elisa.

Mas se a tradição se mantém no atendimento e nos típicos petiscos de boteco, a modernidade chegou à gestão. “Acreditamos na tradição, em um jeito acolhedor de receber nossos clientes. Queremos que eles se sintam em casa, tenham liberdade de mudar a mesa de lugar, fiquem no balcão, se quiserem. Do lado de dentro, porém, investimos em tecnologia, nos modernizamos. Nenhuma empresa se sustenta sem tecnologia. Essa foi uma lição que a pandemia deixou”, explica Maria Elisa Siqueira.

Durante o período mais crítico da Covid-19, entre 2020 e 2022, foram feitos investimentos nas redes sociais, atendimento via WhatsApp e em sistemas de gestão. Os pedidos on-line e retirados na porta do bar continuam sendo atendidos. Já as entregas em domicílio não chegaram a ser implantadas.
A parte de mercearia foi reduzida, servindo mais como decoração e atendendo à curiosidade dos visitantes.

Clientes de ontem e de hoje

A clientela do Bar do Orlando é bastante eclética. Às diferentes gerações de moradores do bairro e de outras partes da cidade, juntam-se os turistas interessados na tradição boêmia de Santa Tereza e, especialmente, no famoso Trio da Roça, composto por torresmo, batata e linguiça.

Orlando Siqueira comprou o estabelecimento em 1980 e mudou o nome para “Bar do Orlando” | Crédito: Bar do Orlando / Divulgação

“Aqui recebemos avós, pais e netos. Ouço das mães sobre os filhos: ‘Se está no Orlando, está em casa’. Isso é muito gratificante. E sempre recebemos pessoas de fora. Elas falam que quando pesquisam no Google, percebem que têm que vir aqui. As pessoas querem conhecer a tradição da cidade e o Orlando é muito representativo da cultura de boteco de Belo Horizonte”, avalia.

Os sete funcionários do bar dão conta das mesas distribuídas pela calçada e pela Praça. Em dias de jogos dos times mineiros, especialmente fora da cidade, o movimento aumenta consideravelmente. E quando a partida é na Arena Independência, no vizinho bairro do Horto, o pós-jogo é animado independentemente do resultado.

Para o futuro, a meta é seguir por mais 103 anos zelando pelos sabores mineiros e atendendo com a mesma simpatia. Em um sinal claro de crescimento do negócio, o casal que morou muito tempo nos fundos do bar, recentemente se mudou para dar espaços às mercadorias.

“Vamos seguir nos modernizando, mas sem perder a essência que nos trouxe até aqui. Não temos ilusões quanto às ‘modinhas’. Elas vêm e vão, mas não garantem a continuidade do negócio. O que o cliente sempre terá conosco é comida boa e acolhimento”, completa a empresária.

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