Faturamento das exportações do agronegócio retrai 9,7%

A queda dos preços das commodities no mercado internacional está impactando os resultados das exportações do agronegócio de Minas Gerais. De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), de janeiro a julho, os embarques movimentaram US$ 8,16 bilhões, redução de 9,7% frente a igual intervalo de 2022. No mesmo período, foi verificada alta de 9,4% no volume exportado, que chegou a 9 milhões de toneladas.
Conforme os dados da Seapa, o valor médio da toneladas encerrou os primeiros sete meses do ano em US$ 901,37 ante o valor de US$ 1.091,50 registrado em igual intervalo de 2022. Significando, assim, uma queda de 17,41%.
Com o resultado, o agronegócio respondeu por quase 36% das exportações totais realizadas por Minas Gerais nos sete primeiros meses de 2023.
De acordo com a assessora técnica da Seapa, Manoela Teixeira de Oliveira, a queda nos preços médios ocorre devido ao mercado internacional.
O menor crescimento da China, aliado ao aumento da inflação e dos juros na Europa e Estados Unidos têm impactado nos valores das commodities.
“As principais commodities encerraram os sete primeiros meses de 2023 com declínio nos resultados, basicamente, todos seguem a mesma linha. O resultado vem sendo influenciado pela desvalorização dos preços das commodities no mercado internacional. Os preços abaixo dos praticados no ano anterior, reduziram o faturamento”, explicou Manoela.
Os principais destinos dos produtos mineiros foram a China, que movimentou US$ 2,9 bilhões, seguida pelos Estados Unidos (US$ 677,3 milhões), Alemanha (US$ 481,5 milhões), Itália (US$ 330,4 milhões) e Japão (US$ 318,5 milhões).
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Principais produtos das exportações
Entre os produtos mais exportados, o café segue com resultados negativos. De janeiro a julho, foi verificada queda tanto em volume quanto em faturamento e também no preço médio da tonelada. Apesar disso, o café foi responsável por 36% das vendas externas do agronegócio no Estado.
Ao todo, foram exportadas 769,8 mil toneladas de café, o que significa uma retração de 21,4% frente ao ano passado. Em faturamento, a redução foi de 25,4%, com US$ 2,93 bilhões.
A queda de demanda por café no mercado mundial tem interferido na cotação do grão. Devido a isso, o preço médio da tonelada exportada ficou 5,08% menor, com o volume avaliado em US$ 3.816,52 ante os US$ 4.020,89 verificados entre janeiro e julho de 2022.
O café produzido em Minas Gerais é embarcado para 87 países, abastecendo, principalmente, os mercados dos Estados Unidos, Alemanha, Itália e Japão.
“Esperamos recuperar os resultados no segundo semestre, quando, normalmente, o desempenho é melhor com o fim da colheita da safra. Talvez, não seja possível superar os resultados de 2022, mas, a expectativa é encerrar com valores bem próximos”, explicou.
No complexo soja, as exportações já movimentaram US$ 2,6 bilhões, portanto, uma diminuição de 2,5%. Ao contrário do faturamento, o volume destinado ao mercado externo cresceu 11,8% e encerrou o período com 4,9 milhões de toneladas exportadas.
O preço da tonelada do complexo soja caiu 12,8% frente há um ano, sendo negociado, em média, a US$ 530,74.
Exportações de carnes
Ao longo dos sete primeiros meses de 2023, o setor de carnes faturou US$ 743,6 milhões com o embarque de 225,6 mil toneladas. Em receita, a queda ficou em 24,8% e em volume, em 7,1%.
No período, Minas Gerais exportou 106,7 mil toneladas de carne bovina, 14,9% a menos. A queda no volume prejudicou o faturamento, que retraiu 33% e encerrou o intervalo em US$ 505 milhões.
As demais carnes encerraram o período com resultados melhores. A exportação de carne de frango chegou a movimentar US$ 206 milhões, superando, assim, em 0,9% o resultado anterior. Em volume, 103 mil toneladas, o aumento foi de 1%.
Na carne suína foram movimentados US$ 25,8 milhões, com 11,6 mil toneladas embarcadas, aumento de 15,8% em valor e de 4,8% no volume.
Resultados positivos
Entre os resultados positivos, destaque para os embarques de produtos florestais. Ao todo, foram US$ 677,4 milhões movimentados, uma alta de 45% frente aos sete primeiros meses de 2022. Quanto ao volume, foram 1 milhão de toneladas, 22,6% a mais. Entre os produtos estão celulose, madeira, papel, borracha natural e gomas naturais.
De acordo com a assessora técnica da Seapa, Manoela Teixeira de Oliveira, o resultado expressivo se deve à crescente demanda por parte da China.
“Desde o início do ano, a China tem importado mais. A alta é puxada, principalmente, pela mudança de comportamento em relação ao consumo de produtos higiênicos. A celulose supre a demanda dos novos hábitos de cuidados com saúde e é utilizada na produção de fraldas, lenços umedecidos, papel higiênico, entre outros”.
De acordo com os dados da Seapa, o complexo sucroalcooleiro também apresentou resultados favoráveis. As exportações movimentaram US$ 826 milhões, alta de 36,2%. Ao todo, foram 1,7 milhão de toneladas exportadas, 10,8% a mais.
“Os estoques mundiais de açúcar, principalmente, na Índia, estão baixos. Com uma produção maior, Minas Gerais e o Brasil têm aproveitado a janela de oportunidade para exportar mais”, disse.
Ouça a rádio de Minas