Estudantes propõem diversificação econômica de Santa Bárbara

Assim como qualquer outra atividade, a mineração está sujeita a crises que podem acarretar, por exemplo, desemprego. Além disso, os recursos minerais são finitos e o esgotamento das reservas podem impactar negativamente o futuro da população.

Levando tudo isso em conta, estudantes da Escola Estadual Afonso Pena estão propondo uma diversificação econômica de Santa Bárbara, por meio da valorização da rica história da cidade e do incentivo ao empreendedorismo.

Para isso, os alunos criaram um projeto de lei que propõe uma reformulação da grade educacional do município. O ”Incentivar para Diversificar” foi criado no âmbito do Programa Educação para a Cidadania, realizado pela Câmara Municipal de Santa Bárbara, envolvendo nove escolas municipais.

A iniciativa tinha como intuito possibilitar que os jovens conhecessem os processos legislativos, sendo responsáveis por criar PLs com soluções para os problemas da cidade.

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Conforme o presidente dos vereadores mirins da escola, Luiz Consoli, a proposta elaborada por ele e mais dez estudantes visa promover uma mudança de mentalidade dos jovens santa-barbarenses. O foco é mostrar que a mineração é importante, mas não é o único caminho a ser seguido.

Segundo o acadêmico, muitos jovens do município desejam trabalhar e crescer em uma mineradora, o que não é um problema, entretanto, é preciso considerar outras opções. 

Um dos obstáculos da “minério-dependência” é quando o jovem não deseja trabalhar no setor mineral e opta por deixar a cidade em busca de outras oportunidades, resultando em uma menor geração de empregos e giro econômico no município. Uma das soluções à evasão está no PL, justamente com as atividades educacionais voltadas para o estudo da cultura e tradição da região, bem como o estímulo a inovação e criatividade para que os alunos se interessem por empreender.

Criação de uma rota do mel  

O Incentivar para Diversificar também propõe um incentivo econômico para apicultores e meliponicultores, com o objetivo de idealizar uma rota do mel no município. Santa Bárbara é reconhecida como a “Cidade do Mel” por ter vários pequenos produtores e uma grande empresa fabricante do produto, sendo que é fabricado na região, a marca de mel mais vendida no Estado. 

Consoli destaca que essa característica produtora de Santa Bárbara pode ser um fator crucial para diversificar a economia, gerando novos postos de trabalho e renda à população. Em sua avaliação, mesclar a abundante fabricação do produto com uma rota do mel vai agregar a atividade turística local, ao contemplar ainda os monumentos históricos e as belezas naturais que a cidade possui.

Diálogo com moradores e poder público de Santa Bárbara para que o PL saia do papel

Os estudantes idealizadores do PL pretendem fazer com que o projeto se torne realidade e para isso produzem conteúdos para as redes sociais, buscando dialogar com os moradores de Santa Bárbara, bem como o poder público. O presidente dos vereadores mirins da Afonso Pena salienta que ainda não tiveram a oportunidade de conversar com o prefeito da cidade, no entanto, os alunos ainda mantêm conversas com representantes do Legislativo. 

“A nossa luta é para que, de fato, ele saia do papel. Tivemos recentemente o caso da AngloGold em Santa Bárbara, onde tivemos 650 demissões de uma hora para outra, e foi um momento em que a população sentiu na pele a necessidade da diversificação e começou a tomar ciência da problemática da concentração econômica nos recursos minerais. Então estamos gravando conteúdos e buscando dialogar para que, realmente, os projetos possam se concretizar”, disse. 

Semente plantada e longo processo pela frente

Na opinião do acadêmico, a diversificação da economia de Santa Bárbara não ocorrerá a curto prazo e, por isso, ele e seus colegas têm a intenção de continuar abordando esse tema. Para Consoli, o PL foi uma espécie da semente plantada que pode abrir portas para outras iniciativas, por exemplo, ações da prefeitura para atrair novas indústrias à cidade, capacitação profissional do santa-barbarense e incentivos a outros setores como o agronegócio e o turismo. 

Ainda conforme o estudante, quando se fala em diversificar a economia, parte das pessoas radicaliza a situação e demonizam as mineradoras, o que, em seu ponto de vista, não é uma atitude correta. Segundo ele, é preciso manter um diálogo com as empresas para que elas sejam aliadas do município e contribuam com projetos que beneficiem o futuro da população. 

“Além de manter contato com as mineradoras para que elas colaborem com a diversificação econômica, se trata de um dever das empresas que exploram um bem não renovável, uma riqueza da nossa terra, de deixarem algum legado ao município, pensando nas futuras gerações”, afirmou.