Exportações caem, mas balança comercial de Minas tem superávit

Ao longo dos primeiros nove meses de 2023, a balança comercial de Minas Gerais registrou superávit de US$ 17,8 bilhões. O resultado ficou 1,7% maior, gerando assim US$ 226 milhões a mais frente ao saldo registrado em igual intervalo de 2022. Apesar do saldo positivo, de janeiro a setembro, as exportações do Estado ficaram 4,7% menores. A queda observada nas exportações veio da redução do faturamento dos dois principais produtos negociados pelo Estado, que são o minério de ferro e o café.
Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), de janeiro a setembro, o comércio exterior mineiro movimentou US$ 29,4 bilhões com a exportação de produtos. Assim, a movimentação caiu 4,7% ou US$ 1,45 bilhão a menos que os US$ 30,9 bilhões registrados um ano antes.
Em relação à participação nos embarques nacionais, Minas respondeu por 11,8/4% nas vendas, ocupando o terceiro lugar no ranking nacional entre os estados.
Importações
Assim como nas exportações, de janeiro a setembro, Minas Gerais também importou menos. Conforme os dados do Mdic, as compras do Estado no exterior somaram US$ 11,6 bilhões neste exercício, ante os US$ 13,3 bilhões em igual período de 2022. A queda de 12,6%, representa, assim, US$ 1,68 bilhão a menos.
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Nos primeiros nove meses do ano, Minas ocupou o quinto lugar na lista dos estados mais importadores. Conforme o consultor de Negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, o saldo da balança comercial se manteve positivo devido à maior queda das importações.
“Mesmo com a queda das exportações, o superávit da balança foi conquistado em função da maior redução das importações. Enquanto as exportações caíram 4,7%, as importações reduziram ainda mais, 12,6%”, explicou.
Com o resultado, a corrente da balança comercial encerrou o período em US$ 41,1 bilhões, queda de 7,1% frente ao resultado dos mesmos meses de 2022, quando o valor chegou a US$ 44,3 bilhões.
Parceiros comerciais
A China seguiu como principal país importador dos produtos mineiros. O país asiático responde por 39% das exportações feitas pelo Estado. As compras da China movimentaram US$ 11,6 bilhões, valor que cresceu 2,2% frente aos nove primeiros meses do ano passado.
Em seguida ficaram os Estados Unidos, com participação de 8,9% e US$ 2,6 bilhões movimentados no intervalo. A Argentina respondeu por 5,4% das exportações feitas pelo Estado e a Holanda com 3,6%.
Principais produtos das exportações de Minas
A queda observada nas exportações mineiras se deve ao resultado negativo dos cinco principais produtos negociados pelo Estado, com destaque para o minério de ferro e o café, que juntos respondem por quase 45% das exportações de Minas.
Conforme os dados do Mdic, os resultados do minério de ferro, café, soja, ferro-gusa e ouro ficaram menores que os registrados no ano passado.
No caso do minério, que é o mais exportado, a queda foi de 5,9%, movimentando, assim, US$ 9,2 bilhões ou US$ 578 milhões a menor. O minério de ferro correspondeu a 31% do faturamento estadual com as exportações.
“A queda do minério de ferro ocorreu pela redução dos preços, uma vez que o volume destinado ao mercado externo cresceu. Este ano, já foram exportadas 115,6 milhões de toneladas, volume que supera as 111,4 milhões de toneladas registradas entre janeiro e setembro de 2022”, explicou o consultor de Negócios Internacionais da Fiemg, Alexandre Brit.
Ainda segundo Brito, a redução dos preços se deve aos estoques mundiais em alta, ao crescimento menor da economia chinesa e à indústria da construção mais lenta.
“No ano passado, o minério estava cotado em torno de US$ 97 a tonelada e, agora, está por volta de US$ 85. É um valor mais baixo e explica a situação de queda nos resultados das exportações de Minas”, disse Brito.
Nas exportações de café, a queda chegou a 23% ou US$ 1,12 bilhão a menos no faturamento com os embarques, que somaram US$ 3,89 bilhões. O grão responde por 13% das exportações de Minas Gerais.
Ao todo, foram embarcadas 1,25 milhão de toneladas do grão, volume que ficou 16% menor. “A queda é resultado do menor volume exportado e também da queda de preços do café”.
Demais produtos
Terceiro produto mais exportado, a soja também seguiu com queda. Conforme o Mdic, de janeiro a julho, os embarques da oleaginosa movimentaram US$ 2,9 bilhões, queda de 2,8% ou US$ 86 milhões a menos.
Conforme o ministério, os embarques de ferro-gusa, spiegel, ferro-esponja, grânulos e pó de ferro ou aço e ferro-ligas foram responsáveis pela movimentação de US$ 2,7 bilhões em exportações, resultado que também ficou menor, 8,03%, frente ao montante registrado no mesmo intervalo de 2022.
Assim como nos itens anteriores, os embarques de ouro, não monetário (excluindo minérios de ouro e seus concentrados), também caíram. A queda foi de 4,1% e a movimentação de US$ 1,22 bilhão.
Alguns produtos encerraram o período com aumento nas exportações, mas por terem uma participação menor na composição da balança comercial, não foram suficientes para compensar a queda do minério e café, principalmente. Entre os produtos com alta no faturamento estão o açúcar, com aumento de 33,6%; em seguida, veio a celulose, 42,3%; tubos e perfis, 59%; peças automotivas, 33,5%; veículos automotivos, 20,9%, entre outros.
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