Festas de fim de ano elevam demanda e preço dos suínos

A suinocultura mineira, em 2023, conseguiu trabalhar com margens mais favoráveis, o que não acontecia desde 2020. A queda dos custos, principalmente com milho e farelo de soja, e uma boa demanda de mercado foram essenciais para a melhora do desempenho. O quilo do suíno vivo, em Minas Gerais, está cotado a R$ 7,30, valor considerado suficiente para cobrir custos e gerar rentabilidade ao suinocultor. Devido às festas de fim de ano, quando ocorre um aumento de pelo menos 20% da demanda pela carne de suíno, os preços seguem firmes.
De acordo com o veterinário e consultor de Mercado da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), Alvimar Jalles, o mercado para a carne suína foi mais favorável em 2023. A mudança foi importante já que, desde 2020, o setor enfrentava custos elevados e comprometimento da margem.
“Em 2023, o mercado de suínos foi o melhor desde 2020. No ano, os produtores registraram margens positivas, o que ocorreu, principalmente, pela redução de custos com o milho e o farelo de soja”, apon tou.
Ainda segundo Jalles, outro fator favorável foi o crescimento do consumo, tanto interno como externo. Conforme os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Minas exportou, de janeiro a outubro, 17,8 milhões de toneladas de carne suína, 5,7% a mais frente ao ano passado.
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“O consumo interno continuou crescendo e as exportações brasileiras se mantiveram em patamares acima de 1 milhão de toneladas anual”, reiterou o representante da Asemg.
Demanda das festas de fim de ano sustenta preços de suínos em níveis rentáveis
A demanda pela carne suína segue aquecida, principalmente, em função das festas de fim de ano. Conforme Jalles, somente neste período, há um consumo, pelo menos, 20% maior que nos demais meses. A movimentação é importante para garantir margem aos produtores.
“Sempre há aumento de consumo no final do ano. Então, sempre há expectativa de melhora nos preços do suíno para o produtor. No período, a demanda chega a ser cerca de 20% superior. Nesta semana, os preços estão passando de R$ 7 por quilo do suíno vivo para R$ 7,30. É um preço que remunera o produtor”, explicou.
Expectativas para 2024 são cautelosas
Para 2024, o cenário ainda é incerto para a atividade. Se por um lado a oferta interna seguirá enxuta, por outro, há incertezas quanto às exportações e aos custos. Jalles explica que a China, maior comprador do produto, tem reduzido as compras deste tipo de proteína no mundo, o que pode impactar de forma negativa os embarque brasileiros. Além disso, o México suspendeu as importações de carne suína brasileira.
“2024 é o ano da dúvida. Teremos um mercado interno mais enxuto em função da velocidade do crescimento da suinocultura, que será modesto. Mas, há duas dúvidas no horizonte, como a demanda externa e os preços de grãos devido aos riscos climáticos”.
Ainda segundo Jalles, em 2023 houve uma redução importante nos preços dos grãos, porém, devido aos riscos climáticos, os preços voltaram a subir. “Tivemos um ano melhor porque os custos caíram, mas do patamar mínimo atingido em 2023, já é registrada uma alta de 36%. Há um risco climático para 2024, ano de El Niño. Então, o mercado de milho e de farelo de soja já está precificando este risco”, disse.
Consumo de carne suína em Minas Gerais é o maior do País
Com qualidade superior, uma grande variedade de cortes e integrante da culinária mineira, a carne suína tem uma grande demanda em Minas Gerais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Minas Gerais tem o maior consumo per capita do produto no País. No ano passado, o consumo per capita no Estado chegou a 27,1 quilos por habitante, frente aos 20,5 quilos per capita no Brasil.
“Esse consumo maior no Estado se deve à tradição da culinária mineira e também à qualidade da carne suína, que está cada vez melhor e mais acessível aos consumidores. O consumo per capita do produto, realmente, é o que mais cresce entre as carnes no Brasil. A alta no consumo da carne suína acontece, sem interrupções, desde 2013”.
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