O que falta, o que conta

A questão da regulamentação da internet, a cada dia que passa mais urgente, continua em banho-maria, cozida pela oposição mais radical, que teima em associar a questão à liberdade de expressão. E foi assim que o assunto à baila na semana que passou, durante a sabatina em que o senador Flávio Dino teve sua indicação para ocupar cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) afinal confirmada. Por certo à falta de argumentos pertinentes, opositores, numa ação orquestrada, aproveitaram o momento para levantar mais uma vez bandeiras rotas, como sua perspectiva sobre liberdade de expressão e até de imprensa.
O arguido, sempre cuidadoso e lembrando que não falava mais como político, foi mais uma vez didático e exemplar nas suas colocações. Começando por lembrar que todas as atividades humanas, em todos os campos, são diretas ou indiretamente regulamentadas, indagando então porque apenas a internet, operada e controlada por gigantescas corporações internacionais, poderia ou deveria escapar à regra. E apontando como exemplo a ser copiado as providências em curso na Europa, justamente em países de democracia reconhecidamente funcional, destinadas a conter abusos e ameaças a um só tempo. Para ele, o exemplo a ser copiado e sem que ninguém possa associar os cuidados necessários a qualquer gesto que possa ameaçar a liberdade. E reclamou urgência, afirmando que com o uso da inteligência artificial eleições livres e democráticas estarão ameaçadas, o mesmo que dizer que o sistema político entendido como mais adequado poderá estar irremediavelmente ameaçado.
Não seria este exatamente o propósito dos extremistas de direita, que ainda recentemente comemoravam na Argentina mais uma vitória que para eles sinalizaria uma mudança global? Difícil, muito difícil, imaginar como e porque qualquer pessoa que tenha capacidade de raciocinar ainda possa pensar diferente ou deixar de enxergar que as condições que propiciaram a ascensão do nazismo na Alemanha se repetem e numa escala ainda mais ameaçadora. O mesmo que acontece quando tentam desviar o foco das atenções para questões que têm relevância, são apresentadas como centrais, mas de algum modo nos afastam do debate central que deveria ter como foco a recuperação da economia, com melhor aproveitamento dos potenciais do País, possibilitando a erradicação da miséria e dos desequilíbrios que ela enseja.
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