Economia

Fazenda anuncia semana que vem novas medidas para compensar desoneração

Proposta de reoneração gradual será encaminhada ao Congresso Nacional
Fazenda anuncia semana que vem novas medidas para compensar desoneração
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Brasília- O Ministério da Fazenda vai apresentar na semana que vem um novo conjunto de medidas para compensar a desoneração da folha de pagamento das empresas. Uma proposta de reoneração gradual será encaminhada ao Congresso Nacional como alternativa à derrubada do veto à prorrogação do benefício integral até 2027.

Em café da manhã com jornalistas que cobrem a pasta nesta sexta-feira (22), o ministro Fernando Haddad (Fazenda) evitou antecipar o teor das ações, mas garantiu que o governo não prevê aumento de impostos.

“Nós vamos seguir a Constituição”, afirmou Haddad, mencionando na sequência um dispositivo constitucional que manda o Executivo revisar os chamados gastos tributários, nome técnico para uma série de incentivos fiscais concedidos pelo governo.

“Quando o gasto tributário não se justifica socialmente, qual é o sentido de mantê-lo? Para mim, essas ineficiências do sistema tributário têm que ser enfrentadas. Tem algumas que a reforma tributária jogou uma pá de cal, só que os efeitos vão se prolongar até 2032. Não temos até 2032 para resolver o problema do Brasil. Então, nós estamos tomando medidas de curto prazo, de médio prazo e de longo prazo”, afirmou.

Na quinta-feira (14), o Congresso derrubou o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao projeto que prorroga a desoneração da folha de pagamento até dezembro de 2027.

O benefício vale para 17 setores da economia, foi criado no governo Dilma Rousseff (PT), em 2011, e teve sucessivas prorrogações. A medida permite o pagamento de alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários para a Previdência.

Entre os setores beneficiados está o de comunicação, no qual se insere o Grupo Folha, empresa que edita a Folha de S.Paulo. Também são contemplados os segmentos de calçados, call center, confecção e vestuário, construção civil, empresas de construção e obras de infraestrutura, entre outros.

A Fazenda tem um entendimento jurídico de que a medida é inconstitucional, pois a reforma da Previdência aprovada em 2019 proíbe, na visão da pasta, a extensão desse tipo de incentivo.

Haddad chegou a declarar que o governo recorreria à Justiça para contestar a lei, mas, nesta sexta, ele disse que o Executivo vai propor a alternativa legal antes de buscar o “remédio judicial”.

A equipe econômica deve propor uma reoneração gradual para alguns dos 17 setores, como antecipou a Folha de S.Paulo no fim de novembro.

Como a medida implica renúncia fiscal, o governo precisará apresentar outras ações arrecadatórias como compensação.

O ministro disse que o anúncio será feito semana que vem porque é preciso aguardar antes a publicação de algumas das iniciativas aprovadas pelo Legislativo nos últimos dias. “Até porque a pessoa fala, ‘mas o Haddad aprovou tudo, ele vai começar de novo?’, não é?”, brincou.

Haddad afirmou também que a Fazenda adotará medidas administrativas em janeiro para compensar o impacto menor da mudança no Juro sobre Capital Próprio (JCP) aprovada pelo Congresso.

A estimativa inicial era arrecadar R$ 10,5 bilhões com a extinção desse instrumento, usado pelas empresas como forma de remunerar seus acionistas recolhendo menos tributos, mas a proposta que recebeu aval dos parlamentares tem alcance bem mais limitado.

“JCP vai ter uma medida compensatória em janeiro”, disse o ministro, que defendeu a manutenção do déficit zero em 2024.

“O que estamos fazendo é continuar perseguindo a meta de equilíbrio fiscal, que é o que nós faremos no ano que vem à luz dos acontecimentos. Vamos avaliar a situação e vamos buscar essa meta, porque ela é importante para o país”, disse. (Idiana Tomazelli)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas