Municípios precisam de mais preparo para atrair investimentos

Protagonismo e desburocratização são essenciais para municípios atrair investimentos. O perfil e as características econômicas de cada cidade obrigam gestores a elaborar métodos e estratégias próprias para conseguirem atrair investimentos. E nem sempre é fácil. Quem orienta são especialistas do Sebrae Minas e da InvestMinas ouvidos pelo Diário do Comércio. De acordo com o gerente de Relações Institucionais e Assuntos Municipais da InvestMinas, Carlos Romualdo, as cidades precisam se preparar, mapear e entender suas forças e suas fraquezas e se fazerem de fato protagonistas dos investimentos. Romualdo ressalta que são 853 municípios concorrendo entre si somente em Minas, mas “entendendo o que uma empresa quer, sabendo porque ela iria para aquele território, fica mais fácil montar conosco da InvestMinas e do Sebrae uma proposta atrativa para esta empresa”, ressaltou. Ele explica que as empresas escolhem o território de acordo com características que atendam melhor a elas e estar atento a isso é essencial para cases de sucesso”, ponderou.
Extrema, Pouso Alegre, Montes Claros, Uberaba e Governador Valadares são exemplos de cidades que já lidam de forma exemplar com a questão de atração de investimentos, de acordo com Romualdo. Entretanto, há muitos municípios ainda engatinhando no quesito. “São mais de 800 municípios, e muitos já fazem o seu dever de casa e estão bem adiantados nesta questão. Outros, entretanto, estão começando a cuidar da atração de investimentos agora, ou ainda engatinham. A InvestMinas possui uma equipe de 60 pessoas para todos, é preciso protagonismo por parte das prefeituras”, comenta.
Tão importante quanto ser protagonista é a desburocratização e o preparo das cidades. O gerente da unidade de Desenvolvimento Territorial e Serviços Financeiros do Sebrae Minas, Rogério Corgosinho, frisa que o Sebrae tem metodologia para atração de investimentos e pode trabalhar junto com as cidades. “O foco do Sebrae nesta temática é capacitar as prefeituras para quando a oportunidade de uma média ou grande empresa surgir, a administração pública possa estar preparada, com sua lei de incentivo fiscal e econômica adequada, com uma equipe da prefeitura capacitada para que possa atender o empresário”, comentou.
Além da desburocratização, Carlos Romualdo, da InvestMinas, recomenda a preparação das prefeituras. “Depois que o município se organiza e desburocratiza a abertura das empresas é preciso dar o próximo passo. Mapear os setores, as áreas, trabalhar incentivos e ter uma legislação adequada de atração de investimentos”, disse.
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A falta de capacitação e o despreparo administrativo também foi comentado como uma fragilidade importante pelo analista técnico do Sebrae Minas, Leonardo Medina. De acordo com ele, estudos prévios realizados pelo Sebrae apontam pontos frágeis como o investimento em um único setor e o despreparo da administração com as relações externas. “Não dá para o diretor de expansão de uma empresa ligar para a prefeitura e cair no telefone da recepcionista ou da portaria que não sabem nada sobre o tema ou não sabem nem para quem transferir”, pontuou.
Para ele, se uma prefeitura quer ser competitiva, precisa ser profissional. “Você precisa ter uma equipe preparada para falar desse assunto no seu território. Atração de investimentos, movimentos de desenvolvimento econômico são temas transversais e não são pauta apenas da secretaria de desenvolvimento econômico. É pauta para o meio ambiente, já que vai envolver obras, é pauta da educação, já que a empresa vai querer saber se a região tem mão de obra para o negócio dela”, orientou.
Municípios adotam medidas para atrair investimentos
O prefeito de Candeias, na região Centro-Oeste do Estado, Rodrigo Lamounier (Progressistas), tem cumprido as recomendações. Ele conta que em seus dois mandatos conseguiu o emprego-pleno da cidade. “A gente construiu uma área industrial e atraiu muitas indústrias, acabando com o desemprego. Eu mesmo corro atrás dos empresários, mostro nosso potencial. Porque se a gente não corre atrás, a gente não consegue”, comenta.
De acordo com Lamounier, a Prefeitura de Candeias também implementou o serviço de transporte para trazer trabalhadores das cidades vizinhas, como atrativo para a mão de obra se fixar nas empresas.
Já o prefeito de São Gonçalo do Abaeté, na região Noroeste de Minas, Fabiano Lucas (PV), afirma que por ser um município que depende da economia agrária, tem focado em melhorias para a área rural. “Estamos melhorando estradas e dando condições para que os produtores possam vir para o nosso município e gerar emprego e renda. Nós já assinamos aquela lei do Estado da livre concorrência, estamos trabalhando muito junto ao Sebrae, na questão dos empreendedores, para poder facilitar e temos uma ação efetiva junto a Emater. Também temos parceria dos empresários com custeio e abastecimento das máquinas”, explica.
Microempresas são negligenciadas
Corgosinho destacou ainda que, muitas vezes, as prefeituras não dão atenção devida aos pequenos negócios. “Mas, tudo é atração de investimentos, desde o pequeno empreendimento até o maior e, às vezes, a gente negligencia o pequeno empreendedor”, pontuou.
De acordo com o gerente, 80% ou mais de uma atividade econômica de qualquer cidade, principalmente as pequenas (até 50 mil habitantes), vem dos pequenos negócios. “Com o processo de automatização do Sebrae, o empreendedor consegue abrir a sua empresa de forma automática e mais rápida, nos piores casos, gasta-se de dois a três meses”, explicou.
O analista técnico do Sebrae Minas, Leonardo Medina, também considera as microempresas como foco importante. “Nós temos um tesouro na mão para trabalhar que são os pequenos negócios, com a automatização, esses pequenos negócios vão florescer e a prefeitura também vai ganhar”, pontuou.
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