Planta de hidrogênio verde da Unifei inicia operação em Itajubá

Com capacidade para abastecer 20 veículos por dia, a unidade de produção de hidrogênio verde (H2V) da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), no Sul de Minas Gerais, inaugurada nesta semana, é teste para produção em larga escala do combustível renovável e último passo para tornar o H2V competitivo, afirma o reitor da Unifei, Edson Bortoni.
A Unifei conversa com empresas do setor automotivo, siderúrgico e até da aviação, tendo em vista o Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês), em busca de convênios para testes com combustível renovável. O centro de produção contou com tecnologia totalmente nacional, produzida na fábrica da Neuman & Esser em Belo Horizonte.
Ao todo, foram investidos cerca de € 5 milhões (R$ 31,4 milhões) em todo o Centro de Hidrogênio Verde (CH2V) da universidade, em que está a unidade de produção de H2V. Os recursos são do Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha, aplicado pela Agência Alemã para Cooperação Internacional (GIZ), por meio do projeto H2Brasil, da Cooperação Brasil-Alemanha para Desenvolvimento Sustentável.
Assim como um ambiente regulatório específico no País para o hidrogênio verde é apontado como uma necessidade para atração de investimentos, a produção em larga escala também é outro passo importante para tornar o H2V competitivo perante outros combustíveis.
O ganho de escala passa pela adaptação do mercado ao insumo, destaca o reitor da Unifei. “Com certeza, é o último passo antes da larga escala. Mas quero dizer também o seguinte: todo mundo sabe que funciona, ótimo, mas a adoção do hidrogênio requer modificação nos equipamentos”, pontua.

É essa adoção pelo mercado que a universidade objetiva com a produção de hidrogênio verde. Uma contribuição para as empresas atravessarem a transição energética e ter produtos mais sustentáveis, explica Bortoni.
“O objetivo é auxiliar as empresas a aderirem ao hidrogênio, participarem da transição energética, aumentar o número de parceiros que queiram descarbonizar seus processos. Ajudar a indústria mineira a usar o hidrogênio, a indústria brasileira a se tornar, cada vez mais, competitiva no mercado nacional e internacional”, declarou.
O reitor da universidade revela também que há conversas da instituição com empresas do setor de mobilidade leve e pesada e agronegócio, já que a produção do hidrogênio verde possibilita a produção de amônia, insumo base para fertilizantes agrícolas.
Unidade de hidrogênio verde fabricada em Minas
Edson Bortoni aponta que os custos com equipamentos e energia elétrica ainda são altos para a produção de hidrogênio verde, mas que a realidade já começou a mudar com a queda dos preços no mercado internacional, além do potencial energético brasileiro. “O Brasil tem um potencial grande, por exemplo, em usinas eólicas offshore. É um custo baixo e impulsiona ainda mais o hidrogênio. Pelo lado da oferta, a tendência é diminuir muito o preço”, disse.
A Neuman & Esser, fabricante alemã de geradores de hidrogênio verde, com fábrica em Belo Horizonte, participou de toda a implementação da planta de hidrogênio verde do CH2V da Unifei. O presidente da empresa, Marcelo Veneroso, afirma que o projeto oferece segurança para empresas poderem introduzir o combustível renovável nos seus processos produtivos.
“Uma siderúrgica que quer utilizar hidrogênio para fazer redução do aço, pode fazer simulação no laboratório da Unifei. Quer testar caminhão a hidrogênio no Brasil, pode ir lá testar. Quer fazer uma troca, injeção de gás hidrogênio no gás natural, pode fazer lá”, explica.
Além disso, tanto Veneroso quanto Bortoni destacam que outro propósito da planta de hidrogênio verde é ser uma ferramenta para treinamento de mão de obra qualificada, com formação de técnicos com entendimento do que é o combustível e uma planta de produção.
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