Economia

Vendas de cimento no Sudeste crescem menos em relação as outras regiões brasileiras

Acumulado dos primeiros nove meses de 2025 foi de 1,5% em relação ao mesmo período de 2024, com 23 milhões de toneladas
Vendas de cimento no Sudeste crescem menos em relação as outras regiões brasileiras
Foto: Reprodução Adobe Stock

As vendas de cimento no Sudeste brasileiro, no acumulado dos primeiros nove meses deste ano em relação a igual intervalo de 2024, subiram 1,5%, totalizando 23 milhões de toneladas. O avanço, entretanto, foi o menor entre todas as regiões do País.

O principal destaque no período ficou com o Nordeste, com expansão de 6,4% nas comercializações que alcançaram 10,6 milhões de toneladas, seguida pelo Sul, com 3,8% (8,4 milhões de toneladas), Norte, com 2,4% (2,4 milhões de toneladas) e Centro-Oeste, com 2% (5,8 milhões de toneladas). Nacionalmente, a demanda cresceu 3% (50,2 milhões de toneladas).

Ocorreu um cenário semelhante quando se observa as vendas de setembro de 2025 em comparação à mesma época do ano anterior. No mês, as vendas do produto no Sudeste avançaram 2,3%, para 2,8 milhões de toneladas, o segundo pior resultado entre as regiões.

Nesse recorte, o Nordeste também se destacou com avanço de 10% nas comercializações, para 1,3 milhão de toneladas, seguida pelo Sul, com 5,8% (991 mil toneladas), Centro-Oeste, com 3,5% (733 mil toneladas) e Norte, com 2,2% (285 mil toneladas). Em todo o País, o consumo de cimento cresceu 4,6% (6,1 milhões de toneladas).

Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic). O economista da entidade, Flávio Guimarães, afirma que o desempenho do Sudeste não surpreende. Conforme ele, a atividade econômica é quem está ditando o ritmo do setor e não há eventos que contribuam para a demanda na região ser maior que a atual.

Por outro lado, Guimarães menciona que, no Nordeste, por exemplo, o mercado imobiliário está mais aquecido sobre o restante do Brasil, em razão da expressiva influência do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e da atuação de grandes construtoras do Sudeste, que vêm executando projetos na região. O economista também cita que, no caso do Sul, várias estradas e rodovias estão sendo pavimentadas com concreto.

Setor tem sido resiliente, mas há pontos de atenção

De acordo com o economista do Snic, o consumo de cimento no Brasil tem sido impulsionado tanto pelo segmento de autoconstrução, influenciado pelos bons resultados do mercado de trabalho, quanto pelo mercado imobiliário. Entretanto, existem pontos de atenção para o setor, como os níveis de inadimplência, endividamento e taxa de juros.

Segundo ele, no segundo trimestre de 2025, os lançamentos imobiliários recuaram, incluindo os do Minha Casa, Minha Vida, gerando um alerta para o setor de que a Selic em elevado patamar começa a afetar o mercado imobiliário. Guimarães também ressalta que, no acumulado de janeiro a agosto deste ano, o número de unidades financiadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para construção diminuiu significativamente, indicando que os juros altos vêm impactando os financiamentos de imóveis.

“Um dos motivos para a resiliência da demanda por cimento são os lançamentos de meados de 2023 e do ano passado inteiro”, afirma. “O cimento é o único produto que é demandado do início ao fim de uma obra, desde a fundação até o acabamento”, destaca.

O economista sublinha que, neste trimestre, haverá mais dias úteis para venda, o que tende a aumentar o consumo de cimento e mitigar os efeitos negativos dos fatores mencionados. A previsão é de que as vendas do setor cresçam entre 2% e 3% em 2025.

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