Incidente ufológico em Brasília
“Tudo nessa história de disco voador resvala o fantástico.” (Antônio Luiz da Costa, professor) Leitor que se confessa “fissurado” no chamado fenômeno Ovni cobra-me relato sobre um extraordinário episódio narrado em palestra que fiz no Congresso Brasileiro de Ufologia, ano passado, em Belo Horizonte. O “incidente” envolveu, logo nos começos de Brasília, dois homens públicos de projeção nacional. Ambos parlamentares. Ambos escritores. Ambos já falecidos. Inicio a narrativa citando-lhes os nomes: Paulo Pinheiro Chagas e Plínio Salgado. Este último, presidente do PRP (Partido de Representação Popular), desfrutava de notoriedade como chefe da ação integralista, uma versão tupiniquim do movimento fascista italiano de Benito Mussolini. Sua obra mais apreciada como escritor focaliza a vida de Jesus Cristo. Pinheiro Chagas foi, provavelmente, o mais culto e talentoso tribuno parlamentar de sua época. De sua vasta produção literária faz parte o livro “Teófilo Otoni, o Ministro do Povo”, por muitos apontado como a melhor biografia já produzida de um personagem de nossa história. Estive ligado a Paulo, até os derradeiros momentos de sua peregrinação pela pátria terrena, por poderosos laços de amizade. Ele e senhora, a também saudosa Zembla, tia de minha esposa Addi, foram meus padrinhos de casamento. Foi dele, Paulo Pinheiro Chagas, que ouvi, por mais de uma vez, com requintados detalhes, o relato de uma incrível experiência ufológica. Brasília vivia, em 1960, a efervescência de seus primeiros encantadores instantes de vida como centro das decisões políticas nacionais. O presidente da República era o inolvidável Juscelino Kubitschek de Oliveira. Paulo Pinheiro Chagas desempenhava as funções de líder do governo na Câmara dos Deputados. Num final de tarde, acompanhado do amigo deputado Crispim Jacques Bias Fortes, Pinheiro Chagas deixou a sede do Legislativo com o destino do Palácio do Planalto. O carro conduzia os parlamentares e o motorista. Eis que, de repente, a uma distância que possibilitou aos ocupantes do veículo em movimento visão bastante nítida da cena, surgiu um objeto aéreo fazendo desnorteantes evoluções. O artefato possuía o formato celebrizado na maioria dos avistamentos notificados nos anos 50: um pires com uma redoma. A imagem captada, como sempre ocorre em circunstâncias do gênero, deixou forte impacto nas testemunhas. Ali mesmo no carro, Paulo e companheiros tomaram uma deliberação: manter a ocorrência sob reserva, de modo a evitar repercussões de cunho político. A ferrenha oposição a JK não perdia chance para alvejar as decisões, atos e projetos governamentais. Provavelmente, partiria para uma tentativa de ridicularizar políticos tão próximos ao grande presidente, caso a história do contato de terceiro grau vazasse. As cautelas adotadas no sentido de se evitar a divulgação não impediram, todavia, que o fato merecesse pequeno registro, sem maiores detalhes, numa coluna de jornal brasiliense. As coisas estavam colocadas nesse pé, quando Paulo Pinheiro Chagas recebeu uma ligação telefônica de Plínio Salgado. O líder da bancada integralista, vinculada a oposição, pediu-lhe uma conversa em caráter confidencial. Como o momento político se revelasse um tanto quanto conturbado, Paulo deu ciência a Juscelino do encontro proposto, na expectativa de que a conversa sigilosa com Plínio pudesse girar em torno de alguma questão política momentosa. Mas o papo, para espanto do líder do governo, tomou rumo totalmente diferente. Plínio Salgado tivera ciência, pelo jornal, do caso do Ovni. E não podia deixar de passar para seu companheiro de parlamento, como ele escritor, uma revelação espantosa. Contou, então, com visível emoção, os surpreendentes desdobramentos do incidente ufológico em causa. Naquela tarde, um “disco-voador” com configuração idêntica ao do avistamento de Pinheiro Chagas e Bias Fortes apareceu, inesperadamente, a curta distância do local onde Plínio Salgado se encontrava, no jardim da residência. O deputado sentiu-se imobilizado, depois de atingido por um feixe de luz desfechado do aparelho. Só algum tempo passado, com o objeto já fora do alcance visual, é que conseguiu recuperar os movimentos. O relato, como os investigadores do fenômeno Ovni podem atestar, guarda semelhança com outras ocorrências ufológicas e favorece a dedução de que Plínio Salgado, naquele momento, talvez houvesse sido alvo de uma abdução. Pra encerrar a conversa: em Belo Horizonte, no bairro da Serra, anos mais tarde, Paulo Pinheiro Chagas testemunhou um outro avistamento de Ovni. * Jornalista ([email protected])
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