Tecnologia pode ajudar cadeirantes no mercado de trabalho
Um novo estudo internacional sobre usuários de cadeira de rodas, feito pela ComRes para a Toyota Mobility Foundation, destaca a necessidade de inovação no campo da tecnologia assistiva para permitir que pessoas com mobilidade limitada no Brasil e em todo o mundo tenham mais oportunidades de atingir o seu potencial no local de trabalho. O impacto pode ter enormes consequências para as estimadas 65 milhões de pessoas em todo o mundo que usam cadeira de rodas e para a economia global. A pesquisa, envolvendo usuários de cadeira de rodas em cinco países ao redor do mundo (Reino Unido, EUA, Japão, Índia e Brasil), descobriu que cerca de dois em cada cinco usuários de cadeira de rodas entrevistados no Brasil dizem que não conseguiram trabalhar devido ao seu dispositivo de mobilidade (37%). A Toyota Mobility Foundation, em parceria com Challenge Prize Centre, da fundação internacional Nesta, encomendou a pesquisa para compreender melhor as experiências diárias dos usuários de cadeira de rodas como parte do Desafio Mobilidade Ilimitada. A fundação lançou um desafio global de US$ 4 milhões em novembro de 2017, com o objetivo de mudar a vida das pessoas com paralisia dos membros inferiores. O desafio está buscando equipes ao redor do mundo para criar tecnologias capazes de mudar o jogo, para melhorar radicalmente a mobilidade e a independência de pessoas com paralisia nos membros inferiores. Três em cada dez usuários de cadeira de rodas entrevistados disseram que experimentaram frustração porque o design de seu atual dispositivo de mobilidade parecia desatualizado. Na pesquisa, nove entre dez usuários de cadeiras de rodas no Brasil disseram que tiveram consequências negativas como resultado do uso de uma cadeira de rodas ou dispositivo de mobilidade ao trabalhar ou procurar emprego (92%). Um terço dos entrevistados disse que sentiu que seu talento havia sido desperdiçado (33%); enquanto cerca de quatro em dez disseram que sentiram que tinham sido retidos em suas carreiras (38%); e um terceiro diz que eles receberam menos responsabilidade no trabalho (33%) como resultado do uso de uma cadeira de rodas ou dispositivo de mobilidade. Cerca de dois quintos dos usuários de cadeiras de rodas da pesquisa no Brasil disseram que usar uma cadeira de rodas ou um dispositivo de mobilidade limitou os empregos para os quais poderiam se candidatar (41%). Três em cada dez disseram que tiveram de se tornar independentes (29%), ante um quinto dos outros países (21%). Além disso, dois quintos afirmaram que tinham de trabalhar em casa (40%) como resultado de usar uma cadeira de rodas, enquanto esse índice é de um terço ao redor do mundo (31%). “Segundo a ONU, a deficiência é resultante da combinação de dois fatores: os impedimentos clínicos que estão nas pessoas e as barreiras que estão na sociedade. Essas barreiras permeiam nossa arquitetura, nossos meios de transporte, nossa comunicação, nossos procedimentos e, acima de tudo, nossa atitude. Ou seja, hoje entende-se que a deficiência, como condição social, pode ser minimizada conforme formos capazes de eliminar tais barreiras. Como fazer isso? A tecnologia é um dos grandes aliados desse processo”, afirmou o fundador do Instituto Rodrigo Mendes, Rodrigo Hübner Mendes. Objetivo – O Desafio Mobilidade Ilimitada tem como objetivo abordar esses problemas descobertos pela pesquisa, recompensando o desenvolvimento de dispositivos de mobilidade pessoal que incorporam sistemas inteligentes. A ação irá impulsionar e premiar o desenvolvimento de dispositivos de mobilidade pessoal incorporando sistemas inteligentes e soluções do futuro, que beneficiam usuários e a sociedade como um todo. Qualquer tipo de projeto pode ser trabalhado, de exoesqueletos a inteligência artificial e machine learning, de computação em nuvem a baterias mais eficientes. “Potencialmente, milhões de pessoas em todo o mundo são incapazes de trabalhar ou de ser tão produtivas devido aos seus atuais dispositivos de mobilidade. Há claras implicações sociais e econômicas que destacam a necessidade urgente de inovação no campo da tecnologia assistiva”, disse o Diretor de Programas para a Toyota Mobility Foundation, Ryan Klem. As inscrições para o Desafio Mobilidade Ilimitada vão até 15 de agosto de 2018. Cinco equipes finalistas receberão um subsídio de desenvolvimento de US$ 500 mil em janeiro de 2019, e o vencedor do prêmio final, de US$ 1 milhão, será anunciado em Tóquio, em 2020. A ComRes entrevistou on-line 575 usuários de cadeira de rodas no Reino Unido, EUA, Índia, Brasil e Japão entre 9 e 26 de março de 2018. A ComRes é membro do British Polling Council e segue suas regras.
Ouça a rádio de Minas