Trump diz que comércio com Brasil é injusto

Atlanta/Ottawa/Washington – O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, criticou ontem as relações comerciais entre o Brasil e seu país. Em entrevista coletiva sobre o novo acordo comercial entre os EUA, o Canadá e o México (o novo Nafta), firmado no último domingo (30), Trump afirmou que o comércio Brasil-EUA é injusto e que o Brasil trata “injustamente” companhias norte-americanas.
Ao responder a uma pergunta sobre as relações comerciais entre a Índia e os Estados Unidos, Trump disse que o país asiático cobra “tarifas absurdas”, muito altas, e que nenhum governo anterior “falou disso”.
Ao tratar do tema tarifas, o presidente americano citou o Brasil como exemplo de negociação difícil e injusta: “O Brasil é outro caso. É uma beleza. Eles cobram de nós o que querem e, se você perguntar a algumas empresas, elas irão dizer que o Brasil está entre os mais duros do mundo, talvez o mais duro”.
E completou: “E nós nunca chamamos o Brasil para dizer: ‘olha, vocês estão tratando nossas empresas injustamente, tratando nosso país injustamente’”.
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Na coletiva, o presidente Trump tocou várias vezes na questão do tratamento recebido pelos Estados Unidos nas relações comerciais, que considerou injustas e desfavoráveis para o país. “Somos perdedores em todos os acordos que temos. Se você olhar para quase qualquer país, vai ver que nós temos um déficit comercial. Nós perdemos com todos”, afirmou.
Os Estados Unidos são o segundo maior mercado exportador do Brasil, perdendo somente para a China. Os principais itens exportados para os Estados Unidos são óleo bruto de petróleo, aviões e produtos manufaturados de ferro e de aço.
De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, no ano passado, o superávit do Brasil para com os Estados Unidos foi de US$ 2,06 bilhões. O país exportou para os Estados Unidos US$ 26,872 bilhões e importou de lá um total de US$ 24,846 bilhões.
No ano passado, a economia norte-americana recebeu 12,3% do total exportado pelo Brasil. No caso da China, o percentual foi de 21,8%.
Novo Nafta – Os Estados Unidos e o Canadá fecharam um acordo de último minuto no domingo para salvar o Nafta como um pacto trilateral com o México, resgatando uma zona de livre comércio entre três países de US$ 1,2 trilhão, que estava prestes a entrar em colapso após quase 25 anos.
Em uma grande vitória para a sua agenda de reorganizar uma era de livre comércio global que muitos associam à assinatura do Nafta em 1994, o presidente norte-americano, Donald Trump, obrigou o Canadá e o México a aceitarem um comércio mais restritivo com seu principal parceiro de exportação.
O principal objetivo de Trump ao retrabalhar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) era reduzir os déficits comerciais dos EUA, meta que ele também busca com a China, impondo centenas de bilhões de dólares em tarifas sobre produtos importados do gigante asiático.
Embora o novo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês) evite tarifas, ele dificultará que montadoras globais construam carros a preço reduzido no México e tem o objetivo de criar mais empregos nos Estados Unidos.
Desde que as negociações começaram, há mais de um ano, ficou claro que o Canadá e o México teriam que fazer concessões diante das ameaças de Trump de destruir o Nafta, e o alívio era palpável em ambos os países, no domingo, de que o acordo tenha ficado amplamente intacto e não tenha fraturado as cadeias de oferta entre acordos bilaterais mais fracos.
“É um bom dia para o Canadá”, disse o primeiro-ministro, Justin Trudeau, a repórteres, após reunião do gabinete para discutir o acordo.
Em comunicado conjunto, Canadá e EUA disseram que ele “resultará em mercados mais livres, comércio mais justo e crescimento econômico robusto em nossa região”.
Negociadores trabalharam freneticamente antes de um prazo imposto pelos EUA para resolver as diferenças, com ambos os lados fazendo concessões para selar o acordo. Os EUA e o México já haviam chegado a um acerto bilateral em agosto. (ABr/Reuters)
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