A agropecuária é tecnologia
Desde a década de 1970, apesar dos avanços havidos, que a agropecuária brasileira está sendo movida por quatro grandes forças promotoras de mudanças nesse sistema: mercados, tecnologias, adoção de inovações em nível de campo, e crescimento contínuo das exportações num mundo presumivelmente globalizado para tecnologias, produtos e serviços. O dualismo abastecer e exportar, sem subestimar os desafios e oportunidades do mercado interno ainda a conquistar na sua macrodimensão e também obter divisas externas, com superávits históricos e recorrentes, forma uma base estratégica, pois a redução das exportações, por hipótese, poderá aviltar os preços internos pagos aos produtores rurais por excesso de produção, principalmente nesse país que coleciona ainda 13,5 milhões de pessoas desempregadas, o que afeta o consumo de alimentos e a renda familiar. O 10º Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a safra agrícola 2017/18 em 228,5 milhões de toneladas, e houve uma queda de 1,5 milhão de toneladas de grãos, sendo, mesmo assim, a segunda maior colheita numa série histórica. Essa perda, por fatores associados, não deverá ter repercussão substantiva nos preços agrícolas, mas o prejuízo é considerável para quem planta. Por hipótese, se fosse somente de soja as perdas seriam de 25 milhões de sacas de soja no valor de R$ 1,62 bilhão ou 25 milhões de sacas de milho no montante de R$ 625 milhões. Menos leite, carnes e ovos, que são proteínas nobres, e outros produtos usados na alimentação animal e humana. Por isso, e muito mais, que a agricultura é um sistema produtivo, sinérgico, e não apenas cadeias produtivas, que passa igualmente pelas agroindústrias e indústrias. Entretanto, embora não se deva focar pontos isolados, mas cenários, o governo brasileiro há décadas no que lhe compete como formulador de políticas públicas subestima, num país continental como o Brasil, a necessidade urgente de equacionar e investir nas logísticas de transportes e conciliar estrategicamente suas três vertentes básicas: rodoviário, ferroviário e hidroviário. Centenas de eventos já foram promovidos no território brasileiro e os resultados práticos são insignificantes ou simplesmente não existem na dimensão do agronegócio e suas perspectivas e desafios, mas igualmente indispensáveis para os ganhos econômicos no desempenho da indústria, do comércio e dos serviços. Além disso, milhões de produtores brasileiros estão às portas do plantio da safra agrícola 2018/19 e tomam as suas primeiras decisões de plantios e haja tecnologia acessível, crédito rural suficiente e oportuno, assistência técnica, e que as chuvas cheguem na hora certa e se distribuam ao longo dos ciclos das culturas de grãos, cereais e oleaginosas. Estima-se que 90% das lavouras dependem diretamente das chuvas pelo fato de que se irriga, num contexto geral da agricultura, apenas 6,95 milhões de hectares (ANA). Assim, é preciso chover nem muito e nem pouco, o suficiente! Essa poderosa indústria de alimentos, a mais antiga do mundo, também é movida pela energia solar, a custo zero, uma das maravilhas da fotossíntese e da natureza, com seus bilhões de anos de mudanças e adaptações climáticas e geológicas. No primeiro semestre de 2018 as exportações do agronegócio brasileiro foram superavitárias em US$ 82,2 bilhões, uma verdadeira galinha dos ovos de ouro numa economia como a do Brasil, sendo que o superávit mineiro, no mesmo período, foi de US$ 3,39 bilhões (Seapa). * Engenheiro agrônomo
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