Agronegócio

Agricultura regenerativa passa a integrar o Programa Certifica Minas

A iniciativa, lançada durante a Semana Internacional do Café (SIC), tem o objetivo de reconhecer e atestar o emprego de práticas de sustentabilidade
Agricultura regenerativa passa a integrar o Programa Certifica Minas
Foto: Michelle Valverde / Diário do Comércio

Minas Gerais, mais uma vez, assume a liderança na busca pela sustentabilidade da produção agropecuária ao integrar a agricultura regenerativa no programa estadual de certificação de produtos, o Certifica Minas. A iniciativa, lançada durante a Semana Internacional do Café (SIC), tem o objetivo de reconhecer e atestar o emprego de práticas voltadas para restauração de solos, além de estimular que mais agricultores do Estado adotem sistemas de produção que visem a sustentabilidade, focando no cuidado aprimorado com o solo e demais recursos naturais e com a biodiversidade.

Conforme o superintendente de Inovação e Economia Agropecuária na Secretaria de Estado de Agricultura (Seapa), Feliciano Nogueira de Oliveira, o novo escopo da certificação busca garantir que o produtor entregue à sociedade um produto com rastreabilidade, qualidade e monitoramento de todo o sistema de produção.

“Em busca da sustentabilidade da produção agropecuária, Minas Gerais toma a iniciativa de dentro do seu programa de certificação de produtos agropecuários e agroindustriais, que é o Certifica Minas, inserir um novo trabalho, o escopo da agricultura regenerativa. Estamos estimulando os agricultores de Minas Gerais para um trabalho de certificação do seu sistema de produção em uma perspectiva de maior sustentabilidade”, explica.

Produto terá rastreabilidade e qualidade

A agricultura regenerativa inclui desde o maior cuidado com os recursos naturais, principalmente com o solo, até a biodiversidade, fazendo com que o produtor entregue à sociedade um produto final com rastreabilidade e qualidade. Desta forma, o consumidor vai se sentir confortável em adquirir um produto vindo de uma agricultura sustentável.

Ainda conforme Nogueira, o trabalho de certificação na agricultura regenerativa, assim como nos demais escopos do Certifica Minas, será conduzido pela assistência técnica – a cargo da Emater-MG e do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Sistema Faemg/Senar – e terá a certificação final concedida pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

“Essa combinação vem à esteira de todo o programa que já vinha do Certifica Minas, com a nova vertente da agricultura regenerativa. Estamos avançando em uma pauta positiva da sustentabilidade no sistema de produção agropecuário de Minas Gerais”, ressalta Nogueira.

Setor cafeeiro puxa demanda pelas certificações

A expectativa é que, inicialmente, a grande demanda para a certificação em agricultura regenerativa venha da cultura do café, mas a tendência é que mais culturas adotem o sistema produtivo e busquem pela certificação. “Vamos iniciar esse trabalho com a cultura do café. Isso, pela grande expressividade que o grão tem na pauta de exportação do agronegócio mineiro e pelas sinalizações de restrição do mercado internacional do ponto de vista da sustentabilidade ambiental”.

Setor cafeeiro
Foto: Roosevelt Cassio / Reuters

Em Minas Gerais, várias propriedades já adotaram a agricultura regenerativa. No caso do café, já há, inclusive, fazendas certificadas por entidades internacionais, como a Regenagri e Rainforest Alliance. Por isso, a coordenadora do escopo da Agricultura Regenerativa, Paula Braga Batista, explica que os primeiros certificados devem ser entregues em meados de 2026. O lançamento da certificação para a agricultura regenerativa vem atender, principalmente, a demanda do setor cafeeiro.

“O lançamento do novo escopo, durante a Semana Internacional do Café, é uma resposta para o setor cafeeiro, que, na edição de 2024 solicitou pela certificação. Apesar de ser uma demanda do café, preparamos o programa para atender qualquer tipo de produto, porque é uma certificação de sistema de produção”, detalha.

Conforme Paula, a certificação terá uma abordagem mais ampla. “Para a certificação da agricultura regenerativa serão avaliadas, por exemplo, práticas que o produtor adota pensando em cuidar do solo, em manter a biodiversidade, em preservar os recursos naturais, como a água, e promover práticas que cuidem do solo, cuidem da vida. Isso significa que a certificação poderá ser aplicada a diversos produtos, não se restringindo ao café”.

Primeiras certificações devem acontecer em meados de 2026

Plantação de Café. Certifica Minas
Foto: André Cruz / Imprensa MG

Por ser uma iniciativa do governo de Minas Gerais, a certificação é exclusiva para produtores de Minas Gerais. O produtor interessado deverá fazer um requerimento junto ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e será necessária a apresentação de documentos como a posse da terra e identidade, além de informações sobre a cultura e as práticas já adotadas.

“Uma inovação dentro do programa Certifica Minas, é a exigência de um ‘plano de manejo regenerativo’. Neste documento, o produtor detalhará as práticas regenerativas que já adota ou pretende adotar, como o percentual de cobertura do solo ou a redução no uso de fertilizantes e agroquímicos, por exemplo. Todo o material será analisado e a propriedade passará por auditoria para conferir as práticas”.

Ainda conforme Paula, a expectativa é receber as primeiras solicitações no início de 2026, entre janeiro e fevereiro. Logo em abril, devem acontecer as visitas e, caso aprovado, os primeiros certificados devem ser concedidos ainda no primeiro semestre de 2026.

Por ser um programa do governo, a certificação tem custos muito mais acessíveis frente às internacionais. “Um ponto importante é a acessibilidade. Dentro do Certifica Minas qualquer escopo, inclusive o regenerativo, o agricultor familiar cadastrado não paga taxa nenhuma para fazer parte do programa. Para os demais, o custo será bem abaixo do mercado”, conclui.

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