Agrishow movimenta R$ 11,2 bi em negócios

Ribeirão Preto – Com lançamentos represados após o hiato de dois anos devido à pandemia, a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação) bateu recorde e alcançou R$ 11,243 bilhões em negócios em seu retorno presencial, segundo anúncio feito na sexta-feira (29).
A 27ª edição da feira, realizada em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) desde a última segunda (25), também bateu recorde de público, com 193 mil visitantes, ante os 150 mil esperados pela organização. É o maior faturamento na história de uma feira agrícola no País.
Na última edição, em 2019, foram comercializados R$ 2,9 bilhões, em valores nominais, o que significa que em 2022 o aumento foi de 287% nas negociações. Com a correção pela inflação, o valor de 2019 chega a R$ 3,537 bilhões.
Com as ruas lotadas na área de 520 mil metros quadrados de exposição e congestionamento de veículos que chegava a três horas, a Agrishow contribuiu para que, somente em quatro feiras agrícolas neste ano, o total negociado alcance R$ 29,943 bilhões.
A Agrishow superou os R$ 10,6 bilhões anunciados pela organização da Tecnoshow Comigo, realizada no início de abril em Rio Verde (GO). Antes dela, o 34º Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), alcançou R$ 3,2 bilhões em negócios. Já na 22ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), foram outros R$ 4,9 bilhões.
“Esses números são gigantescos. Tivemos durante três anos uma total desorganização da cadeia de suprimentos de componentes de máquinas agrícolas. Isso por um lado elevou os custos, o que consequentemente eleva os preços. Temos total desorganização no tráfego marítimo, o que também altera preços. Na outra ponta, temos máquinas com muito mais tecnologia embarcada que anos atrás. Quanto mais componentes, mais aumenta o preço”, disse o presidente da Agrishow, Francisco Matturro, também secretário da Agricultura de São Paulo.
Os números, porém, poderiam ser ainda melhores, de acordo com Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), uma das realizadoras do evento.
“(Os valores anunciados) incluem máquinas agrícolas, irrigação e armazenagem, sem incluir insumos e outras atividades, como camionetes e aeronaves”, disse. Segundo ele, isso ocorre por questões de compliance de alguns setores.
Estevão disse que, em 2021, os setores faturaram R$ 88 bilhões e que o objetivo deste ano era crescer 5%, além da inflação. “Se der inflação de 10%, vai para R$ 100 bilhões no ano. Subimos 9% no primeiro trimestre, com viés de alta. A venda de máquinas é tão gigante quanto o agro brasileiro. Estamos num momento bastante promissor, com alta rentabilidade dos agricultores, o que faz com que tenha aumento na compra de máquinas”.
Ele disse ainda que o aumento de mais de 3 milhões de hectares na área plantada faz com que seja preciso comprar mais máquinas.
Questionado se o último Plano Safra causou algum impacto nas vendas, Estevão disse que não e que os recursos foram obtidos por outras fontes.
“O governo colocou R$ 11 bilhões (no ano passado) e, se falamos em faturar R$ 100 bilhões, é pequeno (…) Plano Safra não tem mais dinheiro desde novembro”, disse.
O Santander, por exemplo, disponibilizou inicialmente R$ 1 bilhão para crédito agrícola na Agrishow e levou para a feira em Ribeirão 250 gerentes.
Foi a Agrishow com mais bancos presentes na história, segundo o presidente-executivo da Abimaq, José Velloso. Além do Santander, participaram Banco do Brasil, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Sicred, Bradesco, Caixa e BTG Pactual, além de bancos de fabricantes de máquinas.
“Foi uma semana intensa, presidenciáveis visitaram a feira. Esteve aqui o presidente da República, pudemos passar a ele as necessidades que o setor agropecuário brasileiro necessita para o novo Plano Safra, que começa a partir de 1º de julho. Mostramos a necessidade de recursos”, disse o presidente da Abimaq, João Carlos Marchesan.
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