Agronegócio

Agronegócio deve fechar 2025 com alta de 9,6%, mas crescimento desacelera em 2026

CNA projeta avanço expressivo do setor este ano, mas alerta para desafios em 2026, como custos elevados, instabilidade externa, crédito caro e insegurança jurídica
Agronegócio deve fechar 2025 com alta de 9,6%, mas crescimento desacelera em 2026
Foto: Reprodução/Adobe Stock

Por mais um ano, o agronegócio brasileiro foi um pilar fundamental para a economia do País. Em 2025, o setor impulsionou o Produto Interno Bruto (PIB) nacional e desempenhou papel crucial na contenção da inflação dos alimentos. No entanto, para 2026, desafios como endividamento elevado, custos altos e mercado externo instável exigirão atenção e políticas estruturantes para garantir o crescimento. A expectativa é que o agronegócio encerre o ano com alta de 9,6% no PIB, percentual que deve cair para 1% em 2026.

Na manhã desta terça-feira (9), durante a divulgação do Balanço 2025 e Perspectivas 2026 da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o presidente da entidade, João Martins, classificou 2025 como um ano bom para o agronegócio.

“Estamos terminando mais um ano considerado normal na nossa avaliação, porque conseguimos fazer algo considerado impossível. Mesmo com restrição de crédito e problemas climáticos, batemos recorde de produção. Por isso, para nós, foi um ano bom”, avaliou.

Ainda conforme Martins, o produtor rural segue consciente da responsabilidade de ampliar a produção agropecuária para atender a demanda mundial crescente por alimentos. Por isso, a CNA seguirá trabalhando em prol do setor.

“O Brasil é um país sui generis na produção agropecuária, porque temos terra, clima e produtores que realmente desafiam a natureza. O que o mundo precisa saber é que o Brasil está consciente de ser um grande produtor de alimentos. A CNA trabalha há muitos anos para dar suporte aos produtores rurais, para que, cada dia mais, sejam eficientes no que fazem: produzir alimentos a preços competitivos e de qualidade. Esperamos que 2026 seja um ano bom para a agricultura”, completou.

PIB do agronegócio crescerá menos em 2026

Ao longo de 2025, conforme o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio — que envolve as cadeias de insumo, produção primária, agroindústria e agrosserviços — deve encerrar o ano com crescimento em torno de 9,6%, sendo um pilar fundamental para a expansão do PIB nacional, cuja projeção é de 2,25%.

Já para 2026, as estimativas econômicas apontam para um crescimento mais modesto, de 1,8% no PIB nacional e de 1% no PIB do agronegócio.

“Em 2025, o crescimento do PIB nacional teve uma contribuição muito grande do PIB do agronegócio. Mas os fatores que, em 2025, ajudaram a ter uma produção maior de alimentos estarão mais comedidos, entre eles, o clima. Tivemos uma apreciação do real frente ao dólar, muito mais pelos problemas dos Estados Unidos do que pelo fortalecimento da nossa moeda. Há ainda o grande problema atual, que é a taxa Selic em 15%. Em 2026, a Selic deve cair para 12,5%, mas continuará alta”, explicou Lucchi.

Como desafios, Lucchi também cita a insegurança jurídica no agronegócio, com demarcação de terras indígenas e invasões de propriedades aumentando, além da elevação do custo de produção — os fertilizantes, por exemplo, subiram quase 20%.

Há ainda a preocupação pelo fato de 2026 ser um ano eleitoral, o que pode dificultar cortes de gastos governamentais e aumentar o risco de inflação, prejudicando o consumo e a redução da taxa Selic.

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