Agronegócio

Área da agropecuária cresce em Minas Gerais

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, ontem, os dados preliminares do 10º Censo Agropecuário. De acordo com as informações analisadas até 30 de junho, em Minas Gerais, foi registrado um avanço de 10% no número de unidades agropecuárias, quando comparado com os resultados do último Censo, que é de 2006. Em relação à aplicação de tecnologias no campo, o uso da irrigação cresceu 116%, mas o índice de adoção do sistema ainda é considerado baixo, abrangendo apenas 3% do total de estabelecimentos no Estado. Em 11 anos, houve um aumento de 60,49% no número de estabelecimentos que utilizam agrotóxicos. O coordenador técnico estadual do Censo Agropecuário, Humberto Silva Augusto, ressaltou que os dados divulgados ontem estão sujeitos a modificações, uma vez que esta é uma apresentação preliminar. Os dados fechados devem ser divulgados em 2019. A coleta de dados para a composição do Censo foi iniciada em 1º de outubro de 2017. A maior parte das coletas foi encerrada em fevereiro deste ano, mas ainda estão sendo feitos ajustes. O Censo Agropecuário de 2017, em Minas Gerais, identificou, até o dia 30 de junho, 607.448 estabelecimentos agropecuários, número 10% superior ao registrado no Censo Agropecuário de 2006. A área total ocupada pelas unidades produtivas é de 37,9 milhões de hectares, crescimento de 14% ou 4,8 milhões de hectares, em relação ao levantamento anterior. Do total de estabelecimentos identificados, cerca de 0,1% ou 634 unidades não participaram do levantamento, seja por falta de acesso dos agentes censitários ou por recusa. O IBGE ainda trabalha para ouvir estes estabelecimentos. Em 2017, a maior parte das terras pertencentes aos estabelecimentos rurais estava ocupada por pastagens plantadas, que representam 36,25% do total ou 13,73 milhões de hectares. As pastagens naturais respondem por 24,37% do espaço ou 9,2 milhões de hectares. A área total de pastagem representa 51% de todo o espaço. Destaque também para as áreas de matas naturais, com participação de 24,37%, e matas plantadas, 5,07%. A área de culturas temporárias somam 3,9 milhões de hectares, 10,54% do total. Já a área destinada às culturas permanentes é de 1,7 milhão de hectares, representando 4,62% do espaço total dos imóveis rurais. O índice é maior que o nacional, que ficou em 2,28%. Minas Gerais tem maior representatividade nas áreas voltadas para culturas permanentes em função, principalmente, do café. O Estado segue liderando a produção do grão. Ao todo, são 150.971 estabelecimentos dedicados à cafeicultura, respondendo por 49,05% do número nacional, que é de 307.781. A produção mineira, 25,336 milhões de toneladas, responde por 60,63% do volume nacional. A área cultivada com o grão é de 1,18 milhão de hectares, 57,96% do espaço brasileiro ocupado pela cultura. Escolaridade – O índice de escolaridade dos produtores rurais de Minas Gerais está acima da média nacional. Cerca de 64,22% dos produtores rurais do Estado possuem ensino fundamental ou menos, enquanto no Brasil a média é de 63,3%. No ensino médio, Minas Gerais apresentou um índice de escolaridade de 16,12% e, no Brasil, de 14,91%. Produtores que possuem ensino superior correspondem a 8,54% em Minas e, no País, a 5,84%. Enquanto no Brasil 23,05% dos produtores declaram não saber ler, em Minas o índice foi de 12,55%. A maior escolaridade é considerada fundamental para a utilização de tecnologias no campo. O acesso à internet também tem beneficiado o produtor rural. Em 11 anos, o acesso à rede cresceu 2.114% e está presente em 200.293 estabelecimentos. O índice de abrangência é de 33%. Idade – Outra constatação feita pelo IBGE é do aumento da idade dos produtores rurais. Em Minas Gerais, a maior parte dos produtores tem mais de 45 anos. Os jovens são a minoria. “De modo geral há um envelhecimento da população brasileira, não só no meio rural. A gente verifica também um potencial do uso de tecnologia e de manutenção dessas pessoas nas propriedades rurais. De acordo com o indicador, a média de idade está acima de 40 anos. Essas pessoas estudaram, se capacitaram e retomaram para o campo. Essa junção de pessoas mais capacitadas e com mais tecnologias podem traduzir em uma eficiência tecnológica e produtiva muito maior, criando condições de reter, no futuro, os filhos e promover a sucessão rural”, explicou a coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Aline Veloso. AUMENTA O USO DE AGROTÓXICOS Os dados preliminares divulgados pelo IBGE também mostraram que o número de propriedades que utilizam agrotóxicos aumentou nos últimos anos em Minas Gerais. De acordo com o IBGE, enquanto em 2006 cerca de 103,6 mil propriedades utilizavam os defensivos agrícolas, em 2017, o número passou para 166,3 mil, uma evolução de 60%. No País, o crescimento foi de 20,41%. Apesar do aumento no número de propriedades adotando o sistema para o controle de pragas e doenças, em Minas Gerais, 70% dos estabelecimentos rurais não utilizam o agrotóxico na produção. A representante da Faemg, Aline Veloso, explica que entre os motivos para o aumento do número de propriedades utilizando os defensivos está o maior número de cursos de capacitação que instruem sobre o uso do produto e ensinam a utilizá-lo de forma correta. Mantendo assim o controle de pragas e doenças e permitindo a continuidade da produção. “No nosso Estado, há uma maior capacitação e orientação para que o produtor utilize corretamente os defensivos agrícolas. Ele tem conhecimento para utilizar, escolher produtos adequados e aplicar as doses corretas e, assim, manter a produção, gerando renda e empregos. As capacitações também estimulam o uso de outras técnicas, como o controle biológico de pragas e o manejo integrado”. PRODUTIVIDADE EM ALTA NO SETOR LEITEIRO O maior acesso e utilização de tecnologias têm permitido avanços no campo. Entres os destaques do IBGE está a produção de leite, que passou de 5,72 bilhões de litros em 2006 para 8,88 bilhões em 2017, aumento de 55,24%. No mesmo período, o rebanho de bovinos caiu de 20,3 milhões de cabeças para 19,4 milhões de cabeças, variação negativa de cabeças de 4,4%. O rebanho mineiro responde por 29,52% do nacional, com destaque para a pecuária leiteira. Segundo observa o coordenador técnico estadual do Censo Agropecuário, Humberto Silva Augusto, “ainda precisam ser feitos ajustes no tamanho do rebanho bovino, que está divergente ao controle do número de animais vacinados no Estado contra a aftosa”. Mas, segundo ele, o que o IBGE percebeu no período estudado “foi um avanço significativo na produção de leite, que ocorreu com o emprego de tecnologias e ganho em produtividade. Enquanto o rebanho permaneceu estável”, explicou.

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