Agronegócio

Custos superam preço de venda do suíno vivo

CT é de cerca de R$ 8,00 e preço de venda está em R$ 7,00; em 2018, Custo Total era R$ 4
Custos superam preço de venda do suíno vivo
Com margens reduzidas e até negativas, setor reduziu investimentos; milho e farelo pressionam | Crédito: Wenderson Araujo / Trilux

O aumento dos custos de produção na suinocultura causam preocupação no setor uma vez que o preço de venda do suíno vivo não acompanha a alta. Em Minas Gerais, em média, o custo total do quilo do suíno está girando em torno de R$ 8 enquanto o preço de venda é de R$ 7. As estimativas iniciais para 2023 são cautelosas e não há, no curto prazo, expectativa de custos menores. Com as margens reduzidas e até mesmo negativas, o setor reduziu investimentos e desacelerou o ritmo de crescimento da produção. 

O diretor da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Fernando Araújo, explica que, em média, o Custo Operacional Efetivo (COE) do suíno varia de R$ 7,20 a R$ 7,40 e Custo Total (CT) chega a R$ 8,00.

Segundo ele, para se ter ideia da evolução dos custos, em 2018, o CT ficou próximo a R$ 4 por quilo. 

“O custo elevado é um fato muito preocupante para cadeia. Há mais de um ano que os custos estão pressionados, principalmente, pelo milho e farelo de soja que compõem praticamente 70% do custo de produção do suíno. Qualquer movimento de alta nos dois produtos é exponencial nos custos do suíno. Antes, o custo girava em torno R$ 4, em 2018. Então, hoje, a gente está com o custo de R$ 8 por quilo, mas não tem o mesmo dinamismo no preço da carne suína pela questão da concorrência e do menor poder aquisitivo da população”. 

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Até o momento, não há expectativas de queda dos custos. “A primeira safra de milho, que será colhida agora, representa apenas 20% da produção total. Então, não vejo muita chance dos custos reduzirem antes da segunda safra, que é a grande produtora de milho. Por isso, até junho vai ficar pressionado”.

Com a cadeia trabalhando há cerca de dois anos com margens muito apertadas e até mesmo negativas, está ocorrendo uma redução no ritmo de aumento da produção. 

“Aliado ao custo, temos uma oferta de suínos grande e, com o passar do tempo, a gente está visualizando que a produção tende a se estabilizar. O crescimento exponencial visto em anos anteriores já cessou e a produção caminha para uma estabilidade, mas o volume ainda está acima dos patamares históricos. Vai ser preciso equilibrar a produção com  preços que remunerem mas que também caibam no bolso do consumidor”.

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados da Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, de janeiro a setembro, foram abatidos, em Minas Gerais, 5,07 milhões de cabeças de suínos, volume que ficou 4,5% maior que o registrado em igual 2021. No fechamento de 2021, o abate de suínos totalizou 6,55 milhões de cabeças, superando em 9,2% o volume abatido em 2020, que foi de 6 milhões de suínos.

Em relação aos preços, em janeiro, o valor médio praticado em Minas Gerais, pelo quilo do suíno vivo, é de R$ 7, inferior aos custos. Um incremento nos preços pagos pelo produto depende de uma reação do mercado, que em janeiro, tradicionalmente, apresenta menor demanda. 

Outro desafio enfrentado e que impacta na formação dos preços é a oferta maior das demais proteínas no mercado, principalmente, a carne de frango, que tem preços mais acessíveis para o consumidor.  

“Estamos pressionados pelo custo em uma ponta e de, certa forma, pressionado pelo preço do suíno porque estamos em um ambiente de concorrência entre empresas do setor e de outras cadeias principalmente do frango”.

Para os próximos meses é esperado um consumo maior que o de janeiro, resultado do término do período de férias, que deixa os centros consumidores esvaziados. “Temos uma expectativa de melhora dos preços pagos pelo suíno, mas o quadro é crônico e o momento é desafiador para o suinocultor”, explicou.

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