Agronegócio

Dia do Leite: produção em Minas Gerais pode crescer até 3% em 2025

Minas Gerais é o maior produtor nacional, respondendo por 27% do volume do País; maior parque fabril de lácteos também está no Estado, de acordo com Silemg
Dia do Leite: produção em Minas Gerais pode crescer até 3% em 2025
Foto: Adobe Stock

No dia 1º de junho é comemorado o Dia Mundial do Leite. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) com o objetivo de incentivar o consumo de lácteos pela população mundial. Em Minas Gerais, a cadeia do leite tem grande relevância na economia. O Estado é o maior produtor nacional, respondendo por cerca de 27% da produção. Em 2024, o volume de leite captado formalmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi de 6,3 bilhões de litros, alta de 7,5% frente a 2024. Para este ano, é esperado um incremento médio de 2% a 3% no volume.

Conforme o diretor administrativo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), João Lúcio Barreto Carneiro, o leite e os derivados têm papel fundamental na alimentação, sendo importantes fontes de proteína, minerais e cálcio. Assim, os produtos têm sido cada vez mais procurados pelos consumidores que buscam uma vida mais saudável.

“As pessoas estão em busca de uma vida mais saudável e de uma alimentação mais balanceada e o leite se encaixa muito bem nisso. O leite é um alimento muito completo, perfeito. Então, eu acho que, cada vez mais, o consumo de leite e derivados tende a aumentar. A produção industrial é bastante diversificada e tem opções para todos os tipos de consumidores. Além disso, são produtos que podem estar no café da manhã, em vários pratos, no lanche das escolas, enfim, no dia a dia da população”.

Para atender à demanda do mercado consumidor, Carneiro destaca que as indústrias mineiras, mesmo diante dos desafios – como os juros elevados e consumo retraído pelo aumento da inflação e endividamento do consumidor -, seguem investindo em meios de manter a produção competitiva e alinhada à demanda do consumidor. O Silemg conta com 165 indústrias filiadas, que são responsáveis por mais de 80% da captação de leite no Estado.

“Os laticínios estão sempre se reinventando, fazendo novos produtos, adaptando os tamanhos conforme o consumidor deseja, mudando embalagens. Além disso, investem em meios de se manterem competitivos no mercado, o que é importante para ter uma margem de lucro”.

Segundo Carneiro, em Minas Gerais, Estado que concentra o maior parque fabril de lácteos do País, atualmente, as indústrias estão mantendo apenas os investimentos necessários, em função da conjuntura econômica: “A indústria segue investindo somente no que é necessário, mas poderia investir muito mais. Porém, a insegurança é muito grande. As taxas de juros – hoje a Selic está em quase 15% – estão muito elevadas, o que inviabiliza o crescimento das companhias e os investimentos.”

Além do desafio das taxas de juros, o setor lácteo enfrenta outros gargalos como a falta de mão de obra e a concorrência com o leite em pó importado. Há ainda o aumento dos preços do leite no campo, o que tem ampliado os valores dos produtos no mercado final e impactado, de forma negativa, no consumo.

“O setor de lácteos é muito dinâmico, o cenário altera muito devido a vulnerabilidade, principalmente, pelo leite ser uma commodity. Este ano, os preços do leite pagos aos produtores estão mais altos e, consequentemente, houve aumento no mercado final. Então, começamos a registrar uma retração de consumo. É um ponto que preocupa muito o setor, que tem trabalhado com margens muito apertadas”, reforça.

Carneiro destaca que a produção de leite no Estado tende a crescer, em média, de 2% a 3% em 2025. O impulso virá da melhor remuneração do produtor, o que acaba refletindo na melhorias dos tratos junto ao rebanho e, consequentemente, no maior volume de leite captado. Além disso, a safra de grãos maior tende a tornar o preço da soja e do milho mais competitivos. Os produtos são os principais insumos da ração animal.

“A safra de grãos maior vai ajudar a manter o custo da ração a preços mais baixos, o que favorece o poder de compra do produtor de leite”, projeta o representante da Silemg.

Segmento pecuário gera 1,2 milhão de empregos

A pecuária leiteira é desenvolvida em quase todos os 853 municípios mineiros, sendo uma importante fonte de renda para milhares de pessoas, principalmente para os agricultores familiares.

O coordenador de bovinocultura da Emater-MG, Manoel Lúcio Pontes, destaca que cerca 60% desta produção provém da agricultura familiar. Aliás, os agricultores familiares representam 80% dos produtores do Estado. “A atividade de bovinocultura de leite em Minas Gerais gera 1,2 milhão de empregos diretos e movimenta mais de R$ 21 bilhões em receita. Então, é importante para o Estado, para a arrecadação do PIB e para o agronegócio mineiro. É uma atividade que segura os produtores no campo”, complementa.

Embora seja uma atividade extremamente prevalente no Estado e de grande importância econômica, sofre muito com oscilações de preços. “O Brasil não é um grande exportador de leite. A maior parte do que é produzido é consumida internamente. E existem dois principais fatores que mais influenciam a formação dos preços: primeiro é o poder aquisitivo do consumidor, quando ele está melhor, o preço do leite pago ao produtor acompanha e fica mais alto também. O segundo fator é o mercado externo. Quando o preço interno do leite está alto, fica mais propensa a entrada de leite de fora, especialmente de países que são grandes exportadores e que produzem com menor custo, como Argentina e Uruguai. Isso força a queda do preço aqui dentro”, explica o coordenador. (Emater-MG)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas