Agronegócio

Horticultura “rouba a cena” no Sul de Minas Gerais

Horticultura “rouba a cena” no Sul de Minas Gerais
#Agronegócio | Imagem: Pexels / Arte: Will Araújo

O Sul de Minas é um grande produtor de café e o cultivo da batata também já foi famoso na região. Mas, nos últimos anos, a atividade agrícola que vem crescendo significativamente nos municípios da região mais próxima da divisa com o estado de São Paulo é a horticultura. O segmento vem se expandindo tanto em área cultivada, como está ganhando importância também no Produto Interno Bruto (PIB) da região.

Dados do Sistema Safra da Emater-MG de 2020 mostram que, na Unidade Regional da empresa em Pouso Alegre, que abrange 44 municípios da região, o PIB da cafeicultura é de R$489 milhões (47,2 mil hectares em produção) e o PIB da horticultura/olerícolas (área cultivada de 13,8 mil hectares) é de R$1,2 bilhão. Ou seja, cerca de duas vezes e meia maior e numa área plantada cerca de 3,5 vezes menor.

O coordenador-técnico regional da Emater-MG, Raul Maria Cássia, diz que vários fatores têm impulsionado o desenvolvimento da horticultura no Sul de Minas. Um deles é a localização geográfica, próximo da Rodovia Fernão Dias, uma das mais importantes vias de escoamento da produção nacional.

“Estamos muito próximos de grandes centros urbanos como São Paulo, Campinas, São José dos Campos e Sorocaba, uma região com o maior PIB do Brasil”, argumenta Raul Cássia. O coordenador diz que o clima de altitude favorece muito a qualidade das frutas e verduras, em especial o pós-colheita, que fica com um período maior e permite o plantio de muitas espécies de olerícolas. “A região de altitude é uma verdadeira câmara fria natural”, diz.

Agricultura familiar O relevo mais montanhoso e a existência de muitas pequenas propriedades no Sul de Minas também têm favorecido a horticultura, em detrimento de outras culturas mais mecanizadas. “Na região, a reforma agrária ocorreu por herança. As terras das famílias foram sendo divididas entre os filhos. E a agricultura familiar foi ocupando as áreas mais montanhosas, de difícil mecanização”, explica o coordenador da Emater.

A necessidade de uma pequena área ter de sustentar mais pessoas é um estímulo para a implantação de culturas de ciclo mais rápido e que gerem uma maior renda por hectare, como é o caso do morango, que tem se tornado um dos carros-chefes da agricultura local.

“Cerca de 50% dos custos da produção do morango é de mão de obra, por isso a atividade em sua maior parte é familiar. E a cultura consegue sustentar uma família numa pequena área. Com a caixa de morango (4 bandejinhas) com preço médio por volta de R$12, a renda bruta da cultura, sem descontar os custos de produção, gira em torno de R$500 mil por hectare. Uma média de 50 mil quilos por hectare.

Já o café tem uma produtividade média de 35,6 sacas de 60 quilos por hectare (dados de 2020/ano de bienalidade positiva) e, com a cotação em torno de R$1,2 mil por saca, dá um retorno bruto de R$45,2 mil (sem tirar as despesas)”, calcula Raul Cássia. (Com Emater-MG)

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