Japão importa café sustentável de MG produzido com biochar

A trading japonesa Marubeni vai importar o café sustentável produzido com biochar na região de Lajinha, na Zona da Mata mineira. A parceria firmada entre a trading japonesa, a NetZero, green tech francesa que usa os resíduos agrícolas para produzir o biochar, e a Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé) exportará 880 sacas de café, o que equivale a 52,8 toneladas.
Os dois contêineres serão enviados já em setembro. O grão é considerado altamente sustentável, já que os produtores associados à Coocafé, cooperativa parceira da NetZero, utilizam o biochar na produção. O biochar é um insumo agrícola que melhora de forma significativa e duradoura o rendimento das colheitas e reduz o uso de fertilizantes tradicionais em até 33%, além de ajudar no sequestro de carbono atmosférico no solo.
Reconhecendo a produção de café sustentável com biochar no Brasil, a Marubeni pagou um preço diferenciado, beneficiando 70 produtores da região de Lajinha. A porcentagem a mais não foi revelada pelo CEO da NetZero no Brasil, Pedro de Figueiredo, mas ele afirma que chega a “quase dois dígitos a mais no valor praticado no mercado”, afirmou.
De acordo com ele, “a possibilidade virou realidade”. O que eles previram que aconteceria, realmente, aconteceu e já há mais uma empresa interessada em premiar os produtores com valores mais altos para a compra de café sustentável. “O aumento de preço pago pelo café com biochar é o maior sinal de que poderíamos receber do mercado”, afirma Figueiredo.
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Em Lajinha, onde fica uma das fábricas de biochar da NetZero no Brasil, há uma parceria com a Coocafé, cooperativa que reúne mais de 10 mil cafeicultores, em que eles fornecem milhares de toneladas de resíduos não utilizados provenientes do processo de envelhecimento do café, e a NetZero transforma-os em biochar. Estes mesmos agricultores utilizam o biochar nos seus campos para melhorar a produtividade das culturas e reduzir o uso de fertilizantes.
O diretor-presidente da Coocafé, Fernando Cerqueira, também comemora a parceria inédita e defende que a venda para o Japão a preços maiores representa uma importante conquista para a região: “Todo mundo ganha. Vamos embarcar um produto de qualidade, sustentável, para uma companhia idônea, grande, reconhecida por sua importância em um mercado tão exigente”, afirmou.
Biochar retém nutrientes e reduz uso de fertilizantes
Condicionador de solo produzido a partir do carbono contido nos resíduos agrícolas, o biochar atua como uma “esponja” que retém água e nutrientes de forma duradoura no nível da raiz da planta. Isso permite que, com uma única aplicação, a produtividade aumente nos cafezais e, ao mesmo tempo, reduza o uso de fertilizantes que contribuem significativamente com a pegada de carbono do café.
Além de reduzir as emissões, o biochar é uma tecnologia de remoção de carbono reconhecida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), fixando o carbono atmosférico nos solos por milênios. O biochar também desempenha um papel importante no aumento da resistência das plantas durante as secas e outros eventos climáticos extremos e pode ser adotado em outras culturas como a do açúcar, do cacau e do açaí.
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