Em Minas, preço do leite recua 10,25% em outubro

Em outubro, os preços do leite, em Minas Gerais, recuaram pelo quinto mês consecutivo. No mês, o valor recebido pelo litro de leite entregue em setembro foi de R$ 2,09, em média, no Estado. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor registrou uma queda expressiva de 10,25% frente a setembro. Entre os fatores que estão impactando no preço estão as importações recordes, o início do período de safra e o consumo ainda enfraquecido.
Conforme a analista de Agronegócios do Sistema Faemg/Senar, Mariana Simões, com as quedas consecutivas, a situação financeira do pecuarista é crítica. Muitos têm abandonado a atividade e outros estão reduzindo os investimentos.
“Em Minas, a situação de queda dos preços vem acontecendo nos últimos meses. A gente está com um cenário de excesso de oferta, as importações estão em alta. Somente em outubro foram 1,8 milhão de litros importados, resultado que supera em 25% o volume importado em setembro”.
Assim como em Minas, os preços do leite na média Brasil também seguiram em queda. Conforme dados do Cepea, o preço médio mensal do leite cru captado por laticínios registrou a quinta queda consecutiva. A baixa foi de 9,08%, indo para R$ 2,05 por litro na “Média Brasil” líquida. Em um ano, o recuo é de expressivos 31,54%, em termos reais.
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Conforme o relatório da pesquisadora do Cepea, Natália Grigol, o movimento baixista, que se iniciou em maio, continua sendo explicado pelo aumento da disponibilidade interna de lácteos, devido ao avanço da captação nacional, às importações de lácteos ainda elevadas e ao consumo interno muito sensível ao preço.
“Com isso, a pressão dos canais de distribuição nas negociações com os laticínios têm mantido em queda os preços dos derivados lácteos, e esse movimento vem sendo repassado ao produtor”, explicou Natália.
Com queda do preço do leite em Minas, situação dos produtores é desfavorável
Diante do cenário de baixa nos valores recebidos pelo leite, a situação dos produtores é considerada desfavorável. Conforme a analista de Agronegócios do Sistema Faemg, Mariana Simões, as quedas consecutivas têm desmotivado muito os produtores, que estão acumulando prejuízos.
“É uma situação muito preocupante. Somente em Minas Gerais são 216 mil produtores e muitas famílias dependem da renda e da atividade para a sobrevivência. É um problema muito grave porque há uma desvalorização muito grande do produto nacional”.
Custo volta a subir
Conforme os dados do Centro de Inteligência do Leite (CILeite), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Gado de Leite (Embrapa Gado de Leite), em outubro, o custo de produção de leite, em Minas Gerais, cresceu 0,3%, repetindo a variação ocorrida no mês anterior.
A variação de custos no ano de 2023 manteve-se negativa, 3,9%, bem como a acumulada nos últimos doze meses, 5,8%. Mas, conforme a Embrapa, a queda vem diminuindo gradativamente desde meados do ano.
“No ano, a queda dos custos é menor que a registrada nos preços do leite. Isso tem comprometido a permanência dos produtores na atividade. Também há uma redução nos investimentos”.
A situação dos pecuaristas de leite tem sido ainda mais agravada pelas ondas de calor. As altas temperaturas comprometem o conforto animal, prejudicando, assim, a produtividade.
“O calor é um problema quando se pensa no bem-estar animal. O estresse térmico gera mais problemas metabólicos e queda de produção. O desafio maior é ter estrutura para os animais que garantam o conforto térmico para manter a produtividade. O produtor tem que investir para evitar as perdas, sendo assim, um grande desafio. O ano de 2023 tem sido muito desafiador para o pecuarista de leite”, disse Mariana.
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