Agronegócio

Morada Nova de Minas se destaca na produção de tilápias

Região tem boas características como qualidade da água e inverno curto e não tão frio
Morada Nova de Minas se destaca na produção de tilápias
Na cidade, são produzidas de 1,5 mil a 2 mil toneladas/mês de tilápias e há mercado crescente | Crédito: Divulgação/PeixeBR

Com clima favorável, abundância e qualidade da água, Morada Nova de Minas, na região Central de Minas Gerais, se destaca na produção nacional de tilápias. No município, são produzidas de 1,5 mil a 2 mil toneladas de tilápias por mês. Assim, Morada Nova é a maior produtora de Minas e a segunda maior do País. As estimativas em relação à produção são positivas. Com um consumo em crescimento, a produção, nos últimos anos, vem apresentando alta em torno de 5%.

A produção de tilápias na cidade é importante para o Estado. Segundo a Peixe BR, Minas Gerais se tornou, no ano passado, o terceiro estado que mais produz tilápias no País, com 51.700 toneladas.

O diretor da Cooperativa dos Piscicultores do Alto e Médio São Francisco (Coopeixe), José Carlos Marques, que é a maior cooperativa de Morada Nova, explica que a produção no município é favorecida pelas características da região.

“A produção na cidade gira em torno de 1.500 a 2.000 toneladas por mês, sendo, assim, o maior o município de Minas e segundo do Brasil. A produção se desenvolve bem pela qualidade alta da água, pela oxigenação e quantidade de água. Além disso, o clima quente e o inverno curto e não muito frio são fatores positivos e ideais para que os peixes se desenvolvam bem. Com isso, o aumento da produção é em torno de 5% ao ano”.

Frigoríficos

Outro ponto favorável é que a cidade concentra um bom volume de frigoríficos, desde os da agricultura familiar aos maiores. “Morada Nova de Minas tem sete frigoríficos e está construindo mais. A cidade vive da produção de peixes. Então, a prefeitura está planejando criar um parque industrial somente para a área de piscicultura, com frigoríficos e graxarias”.

Conforme Marques, a demanda pela tilápia produzida em Morada Nova de Minas é alta e tudo que é produzido é vendido com facilidade.

“A cada ano, a atividade cresce. A alta só não é maior devido à incerteza que afeta a decisão do produtor em relação ao comportamento do mercado. Vimos o consumo de carnes bovina caindo e o consumo da carne suína está começando a se recuperar. Apesar de nos últimos dois anos a gente não ter enfrentado dificuldades na venda da tilápia, existe sempre o receio. Hoje, o tanto que produzimos é vendido”.

Produção de tilápias seguirá em alta

A tendência para 2024 é de crescimento da produção, que deve ficar na média dos últimos anos, cerca de 5%. “Temos visto investimentos na região. Alguns produtores estão aumentando o alojamento, outros fazendo expansões. A procura pela tilápia é grande, inclusive, vinda de outros estados. Então, isso incentiva o aumento dos alojamento”, explicou.

A produção de Morada Nova de Minas é vendida localmente e também para outros estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, entre outros.

“O consumidor está conhecendo mais a tilápia. Agora, a tilápia caiu no gosto não só do mineiro, mas do brasileiro e difundiu-se no mercado internacional. Há um grande consumo no México e nos Estados Unidos e estamos pensando nestes mercados. Ainda não exportamos, mas estamos nos preparando para isso”.

Retorno financeiro

Com a demanda alta, os preços praticados no mercado são suficientes para gerar margem de lucro significativa na atividade. Conforme Marques, o produtor bem organizado consegue uma lucratividade interessante. Principalmente, porque em meados deste ano, os custos de produção – que estavam bastante elevados – retraíram.

“Tivemos momentos de custos muito altos impulsionados pela ração, que é composta por milho, soja e farinha de peixe. Desde setembro, as rações têm registrado baixas, o que tem ajudado o custo”.

Ainda segundo Marques, o produto consegue uma margem de lucro de 13% a 20%, dependendo do desenvolvimento da atividade. “Apesar das oscilações, já tive margens ruins de preços, mas nunca registrei prejuízos com a produção de tilápias”.

Apesar do bom momento vivido pela atividade, o potencial de expansão vem sendo freado pelas dificuldades relacionadas às licenças ambientais em Minas Gerais. Conforme Marques, o processo é burocrático e lento.

“A regularização ambiental em Minas Gerais trava, é muito difícil. Temos mais facilidade em regularizar em nível federal, mas no Estado, não avança. Realmente, é um gargalo que atrapalha muito”.

Produtor otimista

Também produtor de tilápias em Morada Nova de Minas, Oclídio José da Silva está otimista com a produção, apesar dos desafios. Há cerca de cinco anos na atividade, a produção de tilápias de Silva gira em torno de 60 toneladas ao mês. Com o mercado aquecido, as estimativas são de aumento da produção.

“A minha produção é crescente. Começamos com 10 toneladas de tilápias ao mês e seguimos com investimentos. Então, hoje, a gente está com 60 toneladas. A projeção para 2024 é chegar em 110 toneladas, ou seja, vamos, praticamente dobrar”.

Para ampliar o volume, Silva investiu na estrutura de tanques e no número de funcionários. Entre os desafios enfrentados na atividade, conforme Silva, estão as variações de preços dos grãos, que compõem a ração, e a falta de seguro para a atividade. O fornecimento de energia também é um gargalo que impacta na atração de grandes frigoríficos para a região.

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