Agronegócio

NetZero construirá mais duas plantas para produzir biochar em Minas

Empresa que transforma palha do café em bioinsumo vai investir R$ 40 milhões em Machado e São João do Manhuaçu
NetZero construirá mais duas plantas para produzir biochar em Minas
No mercado desde abril do ano passado em Lajinha, no Leste de Minas, empresa tem parceria com cerca de 400 cafeicultores | Crédito: Divulgação/NetZero

A NetZero, empresa que transforma palha do café em bioinsumo, está pronta para abrir mais duas unidades fabris no Estado. Com investimentos de R$ 20 milhões em cada planta, ela precisa de contratos e a garantia de fornecimentos de palha de café por parte dos produtores para operar. Por isso, está convidando os empresários do café a fazerem parceria e atuarem de forma sustentável.

No mercado desde abril do ano passado na cidade de Lajinha, no Leste do Estado, em parceria com cerca de 400 produtores, a empresa recolhe a palha de café dos produtores associados e a transforma em biochar. Ou seja, um condicionador de solo que atua como uma espécie de “esponja de carbono”, com inúmeros benefícios agrícolas e ambientais.

Em troca, o cafeicultor recebe gratuitamente parte do biochar que é feito a partir de suas cascas e compra o restante próximo ao preço de custo. De acordo com Pedro Figueiredo, cofundador da NetZero, na produção específica de café, o uso do biochar pode reduzir em até 1/3 a aplicação dos fertilizantes químicos no solo e, assim, aumentar a produtividade média das culturas em geral.

O produtor Fábio Almeida, da Fazenda Almeida, no município de Martins Soares, na região Leste do Estado, quase divisa com o Espírito Santo, está fazendo uso do insumo há três meses. Por lá, 60 toneladas de biochar já foram aplicadas – a metade dos 115 hectares de lavoura que ele possui em sociedade com o irmão Fernando Almeida. O que faz da Fazenda Almeida a propriedade com o maior uso de biochar do País atualmente.

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Ele conta que, após os 90 dias, já notou a diferença na plantação e possui boas perspectivas para o resultado final. “Os pés estão com um crescimento maior e as folhas também. Nossa expectativa é que floresça mais e dê mais frutos nesta colheita”, diz Almeida. Na fazenda do agricultor cerca de 3,5 mil sacas de café são produzidas em média por colheita.

Fazenda Almeida | Crédito: Divulgação/NetZero

NetZero convida produtores para parceria

Além de Lajinha, uma segunda unidade está em obras no estado vizinho, na cidade de Brejetuba (ES). Com 60% da construção pronta, a unidade está prevista para começar a operar em maio deste ano. Em Minas, a unidade em Machado, no Sul de Minas, terá parceria com o trader de café Eisa – Empresa Interagrícola S/A, subsidiária da multinacional Ecom no Brasil e, para o início das obras, que ficam prontas em seis meses, só estão faltando os contratos com os produtores. “Já temos o terreno, as licenças e está tudo pronto para iniciarmos a construção, mas precisamos da garantia de um mínimo de produtores para construirmos a planta”, ressalta Figueiredo. 

Como motivação, de acordo com o cofundador da NetZero, a Eisa se comprometeu a pagar um prêmio para quem fizer a parceria e utilizar o biochar nas plantações. Ele explica que para construir a unidade são necessários contratos que garantam de 10 mil a 12 mil toneladas de palha (casca) de café. E que, para cada uma tonelada de palha alimentada no reator da empresa, são produzidos 250 quilos de biochar.

Na mesma situação está a unidade de São João do Manhuaçu, na Zona da Mata. “Lá também estamos aguardando os contratos com produtores atingirem o nível ideal para começarmos a construção da fábrica e iniciarmos nossa produção”, informa. O projeto da empresa, de fundação francesa, é audacioso e pretende atingir 700 plantas em todo o País até 2039. Figueiredo explica que a casca do café é apenas uma das matérias-primas utilizadas para a produção do biochar. “Muitos resíduos orgânicos ao passar pelo processo de pirólise resultam no biochar como: bagaço da cana, casca do coco, casca do cacau, casca do arroz e casca do açaí”, exemplifica.

Biochar | Crédito: Divulgação/NetZero

Benefícios do biochar são grandes para a agricultura

Os benefícios do uso do biochar na agricultura têm sido destacado em estudos e relatórios recentes como uma tecnologia eficiente para remoção de carbono e melhoria da sustentabilidade agrícola. Entre as vantagens estão: redução da necessidade de fertilizantes químicos; melhoria da fertilidade do solo; sequestro de carbono; aumento da produtividade e estabilidade a longo prazo do solo, com potencial para armazenar carbono por muitos anos, tornando uma ferramenta valiosa na gestão sustentável do carbono no solo.

“Com o biochar contribuímos nos níveis social, ambiental e econômico. Social ao dar ao pequeno produtor a possibilidade de acesso às novas tecnologias, ambiental porque contribuímos com o clima ao reduzir as emissões de carbono; e econômica, já que é uma produção economicamente sustentável”, diz Figueiredo.

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