País declara emergência zoosanitária

O Brasil declarou emergência zoosanitária por 180 dias em todo o território nacional devido à detecção de vírus da gripe aviária H5N1 em aves silvestres, segundo portaria do Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa) publicada ontem.
O país detectou até agora cinco casos confirmados de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAPP) de subtipo H5N1. No último sábado (20), o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP), unidade de referência da Organização Mundial da Saúde Animal (Omsa), confirmou mais dois casos em aves silvestres.
O estado de Espírito Santo contabilizou mais um caso em ave silvestre, agora da espécie Thalasseus Maximus (nome popular trinta-réis-real). O animal foi encontrado na zona rural do município de Nova Venécia. Como a ocorrência foi em área não litorânea, a ação de vigilância será ampliada também para os municípios vizinhos de São Gabriel da Palha e Águia Branca.
Já o outro caso, também em ave silvestre, foi detectado no estado do Rio de Janeiro, em São João da Barra, que é em área litorânea. Trata-se de ave da espécie Thalasseus acuflavidus (nome popular trinta-réis-de-bando).
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O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf/ES) e a Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento do Rio de Janeiro (Seappa/RJ) já estão adotando os procedimentos técnicos relacionados a essas novas ocorrências, em complementação às ações de comunicação e de vigilância que vinham sendo realizadas desde a detecção dos primeiros casos no Espírito Santo, no último dia 15 de maio.
O Mapa reforçou que é importante lembrar que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves e nem de ovos. As infecções humanas pelo vírus da Influenza Aviária podem ser adquiridas, principalmente, por meio do contato direto com aves infectadas (vivas ou mortas). A orientação é que a população evite contato com aves doentes ou mortas e acione o serviço veterinário local ou realize a notificação por meio do e-Sisbravet.
Saúde humana
Já o Ministério da Saúde informou também no sábado (20) que as amostras dos 33 casos suspeitos de Influenza Aviária em humanos no Espírito Santo deram negativas para o vírus H5N1. Outros dois novos casos suspeitos estão sendo investigados. As amostras foram analisadas pelo laboratório da Fiocruz.
O homem de 61 anos, funcionário de um parque municipal de Vitória onde foi encontrada uma das aves com resultado positivo para IAAP, já foi liberado do isolamento. Em casos de contatos com aves infectadas ou sintomas gripais, o cidadão deve informar imediatamente ao serviço de saúde para que sejam adotados os protocolos de monitoramento e análise laboratorial. (Mapa e Reuters)
Brasil não é a favor da vacinação
O Brasil não é a favor da vacinação como forma de controlar a gripe aviária porque uma campanha de imunização inevitavelmente levará a barreiras comerciais, disse um diretor do Ministério da Agricultura ontem.
Maior exportador mundial de aves, o Brasil confirmou cinco casos de influenza aviária altamente patogênica (HPAI), comumente chamada de gripe aviária, em aves selvagens, incluindo um em São João da Barra, no Rio de Janeiro, mas não em granjas comerciais.
“Atualmente, o Brasil está livre de HPAI. Se nosso status epidemiológico mudar e eventualmente decidirmos vacinar, temos um forte sentimento de que seremos submetidos a algumas barreiras comerciais”, disse Eduardo Cunha, representante do país em reunião da Organização Mundial da Saúde Animal (Omsa) em Paris e diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Quase US$ 10 bilhões em exportações de frango estarão em risco se a gripe aviária infectar granjas comerciais no Brasil, que assumiu um papel crescente no abastecimento mundial de aves e ovos, uma vez que os importadores proíbem a carne de frango e peru de países com o vírus circulando em suas granjas.
A gravidade do atual surto de gripe aviária no mundo levou alguns governos a considerar a vacinação de aves, mas outros, como os Estados Unidos, permanecem relutantes, principalmente por causa das restrições comerciais que isso acarreta.
O Brasil exporta aves e derivados para mais de 130 países, o que tornaria as negociações com esses importadores para aceitar seus produtos vacinados “um grande desafio”, afirmou Cunha. (Reuters)
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