País pode ter marca histórica com o trigo

São Paulo – Tradicional importador líquido de trigo, o Brasil ampliou fortemente suas exportações do cereal em dezembro e mais volumes estão programados para janeiro e fevereiro, com a colheita de uma safra recorde e um câmbio favorável impulsionando os negócios, de acordo com dados oficiais e analistas.
Chuvas em momentos importantes para a safra brasileira, contudo, reduziram a qualidade de parte do cereal colhido, ampliando o excedente exportável do produto que não pode ser utilizado localmente para a fabricação de farinha para panificação, mas que encontra demanda no exterior em países da África e da Ásia.
Os embarques de trigo do Brasil para o exterior dobraram pela média diária até a terceira semana de dezembro ante o mesmo mês de 2020, para mais de 20 mil toneladas ao dia, e já superam 300 mil toneladas no acumulado do mês, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O Brasil tradicionalmente exporta bons volumes em dezembro, após a colheita de trigo no Rio Grande do Sul, mas uma safra recorde gaúcha é promessa de maiores exportações, e há quem fale em embarques do País em máximas históricas no ano comercial do trigo 2021/22 (agosto/setembro).
“Já chegamos a 2,5 milhões de toneladas comprometidas para exportação, recorde nacional de todos os tempos”, disse o analista Luiz Pacheco, da consultoria T&F.
O recorde histórico de exportação de trigo pelo Brasil, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi registrado na safra 2010/11, quando o País exportou 2,515 milhões de toneladas.
“Janeiro e fevereiro, o Brasil deve exportar mais, tem embarques programados…”, acrescentou Pacheco, lembrando que as exportações maiores demandarão ajustes nas importações brasileiras do cereal.
Até o início do mês, a Conab projetava exportações de 1,2 milhão de toneladas de trigo pelo Brasil em 2021/22 e 6,2 milhões de toneladas de importação, no mesmo período. A safra nacional está estimada em históricas 7,8 milhões de toneladas, ante 6,2 milhões na temporada anterior, enquanto o consumo brasileiro é de 12,5 milhões de toneladas ao ano.
“O Brasil está colhendo uma safra recorde, mas vai faltar trigo, vamos precisar aumentar a importação para 7,5 milhões de toneladas”, comentou o analista.
Importações maiores, por outro lado, poderiam beneficiar a Argentina, tradicional exportador aos brasileiros.
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