Produção de azeite na Serra da Mantiqueira será maior na safra 2024

Após enfrentar um clima adverso que afetou a safra 2023, a produção de azeite, em Minas Gerais, deve voltar a crescer em 2024. Até o momento, o clima na Serra da Mantiqueira vem sendo favorável para a produção das azeitonas. A colheita da safra será iniciada em fevereiro do próximo ano.
De acordo com o engenheiro agrônomo e pesquisador integrante do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Pedro Moura, em 2023, a produção de azeite na Serra da Mantiqueira chegou a 60 mil litros, uma quebra de 50% frente a safra 2022, que foi a recorde na região.
Na Mantiqueira, cerca de 60% da produção de azeite está localizada em Minas Gerais, 30% a 35% em São Paulo e o restante no Rio de Janeiro. Apesar dos desafios, a qualidade e o frescor do azeite são altos, o que é favorecido pelo curto tempo entre a colheita e a chegada ao mercado, que leva apenas cerca de um mês, ante mais de um ano dos azeites importados.
“A queda na produção, em 2023, ocorreu pela interferência do clima. A oliveira é originária da região do Mediterrâneo e encontrou na Serra da Mantiqueira condições climáticas de frio que favorecem a floração. Porém, a região tem outras características que acabam interferindo, como excesso de chuva na florada que pode atrapalhar a polinização. A produção aqui ainda é muito nova, tem 15 anos, então, ainda há desafios e oscilações na produção”.
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Safra de 2024
Na Serra da Mantiqueira, após a queda significativa da safra, para 2024 a expectativa é positiva e o volume de azeite deve superar 2023. Segundo Moura, o clima registrado na região favoreceu a florada e as oliveiras estão com muito mais frutos que no mesmo período do ano passado. As intensas ondas de calor registradas nas últimas semanas não afetaram o desenvolvimento.
“Neste ano, a florada foi boa. A gente tem observado que as oliveiras estão bem mais carregadas que no ano passado, então, esperamos que a safra seja bem melhor que em 2023. Ainda não é possível falar se o volume vai superar 2022, que é o recorde, mas a gente já consegue ver que, até o momento, a situação está bem melhor”.
Azeite e turismo na Serra da Mantiqueira
Por ser uma cultura nova, a produção do azeite, que tem um bom valor agregado, enfrenta desafios e custos muito elevados. Conforme Moura, nem sempre o produtor consegue ter uma rentabilidade boa. Por isso, a atividade, que ainda demanda muitos cuidados, deve ser implantada apenas com muito planejamento e avaliações da região, para saber da aptidão.
“É preciso um planejamento bem feito pelos custos altos e retorno a longo prazo. As oliveiras começam a produzir com quatro ou cinco anos, mas, por ser perene, a produção em maior volume acontece a partir de sete anos. Ainda assim, são enfrentados desafios relacionados ao clima. Por isso, nossa orientação é que a cultura seja implantada em pequenas áreas e que haja associação com outras atividades e culturas”.
Na região da Serra da Mantiqueira, os produtores estão investindo na diversificação. Aproveitando o turismo forte da região, muitos têm aberto as propriedades para visitas e passeios especiais, como ver o pôr do sol junto às oliveiras.
Diversificação
A diversificação dos produtos é uma alternativa adotada na região. Ao receber os visitantes, produtores aproveitam para apresentar e comercializar doces, cafés, vinhos e queijos da região. Alguns já trabalham com hospedagem, restaurantes, entre outros serviços.
“O fluxo de turistas na região é muito grande e muitas unidades produtivas do azeite já recebem visitas. Assim, além da experiência em conhecer a produção, os turistas podem comprar os azeites diretamente com os produtores. É uma iniciativa que tem dado certo e feito com que os produtores recebam visitas ao longo de todo o ano. Pela produção de azeite ainda ser pequena, muitos estão mantendo o produto nas fazendas, para vender diretamente aos turistas ao longo do ano”.
Na Serra da Mantiqueira, cerca de 200 produtores estão investindo na atividade. Minas Gerais concentra o maior número, respondendo, assim, por cerca de 60%. Ao todo, já são 90 marcas de azeites. A garrafa de 250 ml do produto é vendida a partir de R$ 60.
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