Agronegócio

Produção de arroz é estimulada em Minas Gerais

Com demanda elevada e potencial para produção, o cultivo do grão é mais uma alternativa para diversificar a renda dos produtores de Minas
Produção de arroz é estimulada em Minas Gerais
UDs já estão implantadas e meta é alcançar propriedades rurais de 15 municípios em três regiões de Minas | Crédito: Divulgação/Epamig

No dia em que se comemora o Dia Internacional do Arroz, Minas Gerais vem investindo em pesquisa para ampliar a produção do grão. Com demanda em alta, preços atrativos e espaço para a produção crescer, produtores de Minas Gerais têm se interessado pelo plantio de arroz. Diante da demanda, a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig) iniciou um projeto para estimular o plantio do grão. No projeto, também serão selecionadas as melhores cultivares conforme a demanda dos produtores. 

O estímulo ao cultivo do arroz é importante para diversificar a renda dos produtores. O Estado já foi o terceiro maior produtor do grão do País, porém, com a concorrência da soja, a produção caiu. Hoje são produzidas, em média, 10,3 mil toneladas de arroz em uma área de 3,2 mil hectares no Estado, que ocupa a 18º posição entre os maiores produtores do País. 

Apesar da produção pequena, há grande potencial para ampliar o volume. Além de clima e solos favoráveis, os preços do arroz estão em patamares rentáveis. Outra vantagem é que, em Minas, é possível plantar o arroz de sequeiro, o chamado arroz de terras altas, e que não necessita de irrigação.  

Estímulo à produção de arroz em Minas

Com o potencial e demanda vinda dos produtores para investir no arroz, a Epamig está implantado 38 Unidades Demonstrativas (UDs). Nelas, serão plantadas cultivares comerciais e linhagens de arroz de terras altas. As unidades estão sendo implantadas em propriedades rurais localizadas em 15 municípios.

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Conforme a pesquisadora da Epamig Janine Guedes, com as pesquisas que serão desenvolvidas nas UDs, o objetivo é fomentar o cultivo do arroz de terras altas em Minas e, assim, gerar novas alternativas de renda para produtores rurais mineiros.

“Minas Gerais já foi um grande produtor de arroz, mas, hoje, a produção é desenvolvida por pequenos produtores, basicamente para a subsistência. Mas a gente tem potencial para aumentar a produção e de forma sustentável”.

Ela explica que, no Brasil, a produção do arroz pode ser irrigada ou de sequeiro, que é o de terras altas. “Hoje, 80% do arroz vem do Sul do País, onde o cultivo é 100% irrigado. O cultivo do irrigado emite muitos gases que provocam o efeito estufa. Esse sistema também pode poluir os rios e, então, não é muito sustentável. Por isso, é difícil conseguir abrir novas áreas de arroz irrigado. Mas o de terras altas vem como alternativa para suprir a demanda do Brasil, que sempre foi autossuficiente, mas começou a importar arroz nos últimos dois anos, três anos”.

Para estimular o plantio do arroz de terras altas, a Epamig está realizando o trabalho em conjunto com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e com o Programa “Melhor Arroz” da Universidade Federal de Lavras (UFLA).

Com a parceria, pesquisadores e estudantes acompanharão a produtividade, adaptabilidade, desenvolvimento e rentabilidade das cultivares plantadas no Sul de Minas, Vale do Jequitinhonha e Campo das Vertentes.

Unidades Demonstrativas

Conforme Janine Guedes, no total, estão sendo testadas 10 cultivares comerciais de arroz de terras altas. Elas foram semeadas em 30 propriedades rurais. Neste caso, será possível selecionar as melhores cultivares para cada propriedade e sistema de plantio utilizado. O arroz produzido pode ser comercializado. 

Já em outras oito propriedades serão implantadas UDs para testes de 18 linhagens do Programa de Melhoramento Genético de Arroz de Terras Altas, que poderão, futuramente, ser lançadas no mercado como cultivares. Assim, nessas unidades serão avaliados também altura, floração, “acamamento” e possíveis doenças. A produção será voltada somente para pesquisa. 

Como explica a pesquisadora, o plantio nas unidades foi iniciado agora em outubro e será acompanhado até fevereiro de 2024, quando ocorrerá a colheita de amostras a serem levadas para avaliações na UFLA. 

“Com os trabalhos, vamos conseguir selecionar as melhores cultivares por regiões e propriedades. Todo o sistema de plantio e manejo adotado nas UDs é o que o produtor já utilizava nos demais cultivos, assim, conseguimos selecionar conforme a real demanda deles. É mais uma forma de estimular o plantio”, acrescenta Janine. 

Diversificação e renda

Semeadura do grão já ocorreu em algumas UDs e é alternativa de renda | Crédito: Divulgação/Epamig

As expectativas são positivas. Além de estimular a adoção do cultivo do arroz como diversificação da produção, o grão pode ser mais uma fonte de renda, favorecendo, assim, o desenvolvimento no campo. A pesquisadora reitera que há várias oportunidades para os produtores. 

“Além do consumo próprio, eles podem vender o arroz nas feiras locais, fornecer para escolas e prefeituras. Em muitas localidades, as prefeituras têm verbas para a aquisição do arroz juntamente ao produtor, mas, pela falta, têm comprado em supermercados. Pode ser mais uma alternativa de renda para as famílias”, finalizou. 

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